Os estádios estão cheios nos grandes jogos, mas o nosso futebol agoniza e espera uma solução. Os técnicos, em sua grande maioria, estão ultrapassados, com esquemas de jogos arcaicos, bem distante do que o torcedor deseja. Dirigentes, irresponsáveis, contratando ex-jogadores em atividade, pagando salários de Europa, e os clubes sem revelar ninguém. Laterais-direitos e esquerdos são raridade. As divisões de base não conseguem lapidar. Centroavante e camisa 10, esqueçam. Não se fabrica mais, como no passado. O torcedor que tem idade entre 10 e 30 anos não viu e não verá mais os craques em campo, pois não temos nenhum por aqui.
E assim os clubes vão quebrando, por pagar salários absurdos a treinadores e jogadores, e o nosso futebol na lama. Apontem-me uma equipe que pratique o futebol bonito, de primeira linha. Talvez o Grêmio, por ser Renato, que é gaúcho, mas vive no Rio há décadas, um cara que gosta de jogar pra frente. Como foi um craque dos gramados, privilegia o gol, a arte, o drible, o toque, coisa que os técnicos gaúchos abominam.
Hoje, temos isso que aí está. O São Paulo, por exemplo, desesperado, contratou Alexandre Pato, que há anos não é mais jogador de futebol. Ganhou fortunas por onde passou, sem jamais ter contribuído de fato com o futebol. Na cidade do Porto, onde estive recentemente com a Seleção Brasileira, ouvi de uma pessoa muito ligada a Pato o seguinte relato: “O Pato não quer bola há muito tempo. E ele não consegue mais jogar em alto nível pelos problemas físicos que tem”. A fonte eu não revelo, mas dois companheiros ouviram junto comigo: Wellington Campos, que trabalha na Rádio Tupi, comigo, e Leonardo Baran. Ou seja, Pato vai custar uma boa fortuna ao São Paulo, por mês, para ficar perto da namorada, a filha de Sílvio Santos. E o torcedor, iludido, achando que o clube contratou aquele Pato do começo de carreira, que brilhou na Seleção Sub-17. São essas irresponsabilidades que quebram os clubes. E me admira ver que Cuca, um técnico experiente, inteligente e campeão, concordar com tal contratação.
Tenho visto torcedores do Atlético criticarem o presidente, Sérgio Sette Câmara, por não contratar esse tipo de jogador. Primeiro, ele não é irresponsável. Segundo, não há dinheiro. E por fim, quer deixar um Atlético mais enxuto e mais equilibrado financeiramente. Se vai ganhar um título ou não, é uma incógnita, mas não quer e não pode gastar o que não tem com contratações como a de Alexandre Pato. Os clubes precisam investir pesado nas divisões de base. É a única solução para voltarmos a produzir craques. O problema é que os dirigentes colocam gente incapacitada para gerir tais divisões e isso compromete todo o trabalho no time profissional. É preciso remunerar melhor o profissional da base do que o técnico do time de cima. Pagar R$ 500 mil, até R$ 1 milhão a um técnico do nosso futebol é um crime.