A saga do Deportivo Lara para chegar a BH terminou na noite de ontem, depois de dois adiamentos do jogo inicialmente marcado para o dia 13. Por causa da crise política e econômica na Venezuela, não há voos diretos para o Brasil. Após vencer o Lala por 3 a 2 em Puerto Ordaz, pelo Campeonato Venezuelano, o time pegou um voo para Caracas no domingo. No mesmo dia, aterrissou em Lima, capital do Peru, seguiu rumo a São Paulo e, posteriormente, BH.
No avião, a reportagem ficou em uma poltrona na classe econômica entre o técnico do Lara, Leonardo González, e o atacante Jairo Otero, irmão do ex-meia do Atlético, Rómulo Otero. O clima era de alegria. Os cruzeirenses mais conhecidos por eles são Fred e Rodriguinho. O comandante era só elogios ao técnico Mano Menezes: “Um profissional aberto, que ouve e conversa. Tem a admiração de todos”.
O zagueiro paraguaio Marcos Miers diz não ver problema por jogar no Lara, mesmo com a crise. “A Libertadores tem visibilidade. Se joga bem, tem chance em um grande clube, seja do Brasil ou da Europa”, disse. Sobre a Venezuela, minimiza a gravidade. “Estou com a minha família lá, não vejo tanta anormalidade como dizem.
O goleiro Salazar pensa diferente. Disse que a maioria dos familiares está no Peru e na Colômbia. “Como acha que ficamos quando as pessoas que amamos têm de sair? Não ficamos bem. Nos resta esperar um futuro melhor. Que aconteça logo.” Um dos jogadores pediu anonimato e afirmou torcer por Guaidó, autoproclamado presidente. “Ele já fez muito. Reuniu um grupo de países ao lado dele, tem apoio da ONU.
Jorge Yriarte, que lia Los pilares de la Tierra, é extrovertido. “Falo português, amigo”, disse, forçando um sotaque misto de espanhol com português de Portugal. Diz gostar de estudar: “´É importante para a vida toda. Jogamos futebol, mas não podemos esquecer que a vida termina em um campo”.
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