Lisboa – Peguei um trem e vim a Lisboa fazer uma entrevista com Artur Moraes, ex-goleiro do Cruzeiro, Roma, Siena, Benfica e tantos outros clubes mundo afora. Agora, ele é vice-presidente do Futebol Clube Alverca, nos arredores da capital portuguesa, comprado por ele e pelo doutor Ricardo Vicintin, empresário da área de metalurgia em Belo Horizonte. O clube disputa a Terceira Divisão e se organiza para voltar à elite, da qual fez parte durante cinco anos. O projeto é ambicioso, pois, além de montar um time forte, eles também vão receber garotos que estouram idade nos clubes brasileiros e poderão ter o Alverca como base, para serem negociados com outros clubes europeus. “Temos um projeto para longo prazo e estamos empolgados com este começo. Pegamos o clube na rabeira, de Terceira Divisão, e conseguimos seis vitórias, três empates e uma derrota, que nos colocaram em 12º lugar. São 72 clubes. Caem 20 e sobem apenas dois.
Ídolo do Benfica, ele parou aos 38 anos, em setembro do ano passado. Em vez de estar tomando bons vinhos e desfrutando de tudo o que conquistou com o futebol, ele preferiu se manter ligado ao esporte bretão, agora, como dirigente. “A diferença é que eu, como jogador, tinha um staff que me fazia acontecer. Hoje, como dirigente, eu é que preciso fazer acontecer. Eu chegava ao clube, como atleta, trabalhava de 9h às 12h, por exemplo, e não me preocupava mais com nada. Agora, chego às 9h e não tenho hora para ir embora. Tenho uma visão geral e uma preocupação com tudo o que gira em torno do clube.” Artur sempre foi polido, educado e um cara do bem.
O Futebol Clube Alverca tem um CT com vestiários, quatro campos de grama sintética e uma estrutura muito boa para a garotada. São quase 600 jogadores, todos portugueses. A partir de 18 anos, tem alguns brasileiros. O estádio, com capacidade para 8 mil pagantes, é bem aconchegante. O anel é fechado, coisa que a maioria dos clubes da Terceira Divisão não tem. Uma estrutura invejável. Artur acredita que em cinco anos o clube já esteja na Primeira Divisão, e aí a coisa vai melhorar bastante em termos de patrocínio e marketing. O clube hoje é mantido por ele e pelo doutor Ricardo Vicintin, mas, à medida em que ganhar projeção e que o trabalho aparecer, será autossuficiente.
De uns tempos pra cá, os brasileiros entraram no mercado português. O Estoril, que pertence à Traffic. O Vila Franquense Sad, que é de um empresário brasileiro, e o próprio Futebol Clube Alverca. “Houve um boom com a conquista da Eurocopa pela Seleção Portuguesa. Aqui é bem mais perto do Brasil e a língua facilita. O futebol brasileiro já não consegue vender tanto para os grandes centros da Europa e a porta de entrada, hoje, é aqui em Portugal”, define ele. É muito bom ver ex-jogadores investindo no futebol europeu, abrindo portas para jogadores brasileiros.
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