Quando vejo o Atlético voltar a disputar a Copa Libertadores, a imagem que me vem à cabeça é a do eterno presidente e mais vencedor da história do clube, Alexandre Kalil, chorando no gramado do Mineirão, dedicando o título ao seu pai, o grande presidente Elias Kalil. Não dá para falar em Galo na Libertadores sem nos lembrarmos daquela conquista épica, dos jogos ganhos de virada no Independência, que Kalil, sabiamente, usou como terreiro de um time quase imbatível. Naquele caldeirão, ele me relatou, viveu “os momentos mais felizes de sua vida no futebol”, e o Atlético não deverá abrir mão de jogar ali. Se no Mineirão cabem 60 mil pessoas, pouco importa, pois no Horto o Galo é mais forte, mais unido, mais time, com a torcida “fungando no cangote dos jogadores”. Que guarde o Mineirão para mais uma possível final. E foi no Independência que o Atlético ganhou também a Copa do Brasil, com aqueles 2 a 0 em cima do Cruzeiro, completando com 1 a 0 no jogo de volta, no Mineirão, gol de Diego Tardelli. Kalil sabia e soube usar o Independência como o 12º jogador. Um dirigente difícil de encontrar nos dias de hoje, que se transformou numa espécie de Messias, tamanha a legião que o segue e o admira.
Seis anos se passaram daquele dia 25 de julho de 2013.
Alexandre Kalil herdou do pai a firmeza, a franqueza e a qualidade nata de vencedor.
O time é outro, não tem um gênio chamado Ronaldinho Gaúcho, mas tem um bom conjunto e um técnico competente. Levir pode ser chato, ranzinza, mas tem identidade com o clube e a torcida e sabe montar uma boa equipe. Com o futebol nivelado por baixo, não vejo o Galo muito abaixo das outras equipes brasileiras. Tem um time em formação, Ricardo Oliveira começando o ano em grande fase e alguns bons valores contratados. E a Libertadores é uma competição diferente das demais. Claro que o talento sempre vai prevalecer, mas a garra, peculiar ao Atlético, é fundamental para avançar. Por enquanto, é apenas a fase em que disputará jogos contra duas equipes para chegar à fase de grupos. Em lá chegando, a história é outra.
Ter Atlético e Cruzeiro juntos em busca da taça é importante para o nosso estado e para nossa gente. Quem sabe, as duas equipes avançarão até uma possível final? Se o regulamento permitir, será muito legal. Eu não poderia fechar essa coluna sem ouvir o eterno presidente. Liguei para ele, que me disse o seguinte: “A Libertadores foi a única obsessão da minha vida. Nunca tive obsessão por nada. Foi uma coisa inexplicável. Eu senti que ganharia a competição quando entrava no vestiário e via os jogadores felizes, alegres, mas responsáveis, sabendo o que deveriam fazer em campo. Eu aprendi e sei o que é um vestiário campeão.”
Kalil é muito franco e honesto e, como um dos prefeitos mais bem avaliados do Brasil, governando principalmente para os pobres de Belo Horizonte, sabe a importância em ter Atlético e Cruzeiro na Libertadores juntos: “Para BH é como o carnaval, a festa junina e todos os eventos que trazem recursos e divulgação da nossa cidade.