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Se o Tardelli voltou


postado em 02/02/2019 05:10

Informo ao amigo leitor que esta coluna foi escrita na sexta-feira à tarde, antes que Diego Tardelli anunciasse sua volta. Espero que a notícia tenha nos alcançado durante aquela cervejinha despretensiosa e merecida, depois do expediente, em nossa “hora feliz”, na esquina da firma. Espero que todos tenham sobrevivido a esse fato e, mais ainda, às 400 saideiras e infinitas rodadas de cachaça, que deveriam alcançar o número de gols de dom Diego com o manto sagrado. Que não tenha havido promessas de dar a volta no quarteirão pelado, porque, como se sabe, aqui se faz, aqui se paga – e não é bom para a carreira cruzar bêbado e nu a porta da firma, entre cambalhotas alucinadas e urros de atleticano ogro.

Se o Tardelli voltou, eu não apenas sextei. Sextei, estou sabadando e domingarei, com chances de segundar e até terçar em desmedida e perigosa alegria. Se o Tardelli voltou, é certo que enfiei um pé na jaca, e com o outro chutei o pau da barraca. Agora, trôpego, caminho rumo ao aeroporto, onde aguardarei em vigília a chegada deste que só não é maior do que Reinaldo, porque Reinaldo é maior do que Pelé.

Espero que o Kalil tenha tuitado a volta do Tardelli para seus eleitores mais chatos do mundo, que esse fato seja divulgado no telão em um grande show, “O Kalil tuitou”, que o operador dos avisos luminosos da BHTrans já tenha sido demitido por justa causa, afinal nada mais justo do que informar aos cidadãos: “Eu sei que você treme”. Que o Juca, ao saber da grana preta para a 57ª independência financeira de dom Diego, chame na chincha: “Sette Câmara, você enlouqueceu!”.

Se a essa altura o Tardelli já tiver voltado, voltou não apenas o matador. Mas um tipo em extinção, o ídolo, que por estas bandas é desperdiçado como um outro qualquer. Tardelli é Said, Jairo, Mário de Castro, Dario, Reinaldo, Éder, Luizinho, Cerezo, Marques, Vanderlei, Victor, Réver, Leonardo Silva. Embora tenha preço, e, ao que parece, vale os dois olhos da cara, orelha, boca e nariz, Tardelli não tem preço. Se for o caso, roubemos um banco! Ricardo Guimarães vai fingir que não viu.

Bem, na hipótese mais sinistra, pode ser que o Tardelli não tenha vindo. Quando, enfim, o leitor tem este texto em mãos, dom Diego já decidiu por outros planos, outras praias, outra camisa. Espero que a notícia não tenha pegado o incauto bebedor de cerveja em sua hora feliz, de um minuto para o outro uma hora infeliz. Se esse foi o caso, é possível que tenha abraçado o garçom e recorrido àquela do Reginaldo Rossi: “Saiba que o meu grande amor hoje vai se casar, mandou uma carta pra me avisar, deixou em pedaços o meu coração”.

Se de ontem para hoje o Tardelli não veio, pode ser que ainda venha, normal, essas negociações são mesmo complexas. Se não vier, trata-se de um mercenário. Jamais foi ídolo, é menor do que Leleu. A bem da verdade, um perna-de-pau. Está velho e acabado. Nunca foi bem na Seleção. Não jogou nada na China. Se Tardelli não vier, jamais compraremos uma agulha que seja na loja da sua esposa. Deixaremos de seguir a sua mãe no Twitter. Jogaremos fora a metade que resta daquela bandeira em que ele e o Marcos Rocha aparecem a exibir o 9 e o 2 de suas camisas. Dom Diego voltará a ser um só, dom Diego Armando Maradona.

Consulto pela última vez o noticiário antes de enviar este texto, ainda na sexta-feira: nada. Parto para a minha hora feliz. Seja o que Deus quiser.

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