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Clássico ofuscado pela dor

Em clima de consternação pela tragédia em Brumadinho, Cruzeiro e Atlético empatam por 1 a 1, no Mineirão. Treinadores cobram punição e ressaltam vontade de ajudar as vítimas


postado em 28/01/2019 05:11

Em solidariedade às pessoas atingidas pelo desastre, lateral atleticano Fábio Santos (C) não comemora após marcar o gol de empate do Galo(foto: Fernando Michel/Divulgação )
Em solidariedade às pessoas atingidas pelo desastre, lateral atleticano Fábio Santos (C) não comemora após marcar o gol de empate do Galo (foto: Fernando Michel/Divulgação )

 

 

 

 

 





Em clássico disputado sob luto pelas vítimas atingidas pelo rompimento de barragem de rejeito de minério da Vale em Brumadinho, Cruzeiro e Atlético ficaram no 1 a 1, ontem, no Mineirão, gols de pênaltis convertidos por Fred e Fábio Santos. O resultado acabou sendo justo pelo que as duas equipes apresentaram, em um dia em que a dor pela perda de vidas na cidade vizinha ofuscou o encontro entre os arquirrivais no Gigante da Pampulha.

Muitos torcedores, inclusive, aproveitaram o jogo para se manifestar. Houve quem levasse donativos, como um grupo de amigos de Pimenta (MG), que doou água mineral para ajudar os atingidos pelo desastre. “Precisamos ser solidários sempre. Viemos torcer pelo Cruzeiro, mas também ajudar a quem precisa”, disse Sávio Henrique, que entregou as doações no posto instalado na Esplanada Norte – também havia um na Esplanada Sul, mas o veículo que deveria recolher donativos dos atleticanos, que se concentraram no Mineirinho, não apareceu.

Dentro do estádio, os torcedores mostraram solidariedade, mas também revolta. Muitos levaram cartazes cobrando punição aos responsáveis pelo ocorrido em Brumadinho e providências para que a tragédia não se repita. “Quanto vale uma vida?” questionava um cruzeirense.

Pouco antes da partida, jogadores das duas equipes se reuniram, mesclados, no círculo central para um minuto de oração pelas vítimas – cujo número total ainda está sendo contabilizado. Integrantes de organizadas, porém, não deixaram de cantar e batucar, impedindo que a homenagem fosse em silêncio.

Nem mesmo os gols empolgaram tanto quanto seria normal em um clássico. Aos 15min do segundo tempo, Fred abriu o placar depois de o árbitro Wanderson Alves de Souza marcar pênalti em disputa com o zagueiro atleticano Igor Rabello. Na comemoração ao lado dos companheiros, fez a dança do hit “piscininha”.  Vinte e dois minutos depois, Fábio Santos optou por não festejar após mandar a bola no fundo da rede de Fábio, em cobrança de penalidade – em erro numa troca de passes com Leo, Dedé derrubou Chará na área, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. “Nosso maior prazer é fazer gol, ainda mais em clássico. Mas a gente sente a dor dos familiares, das pessoas envolvidas em Brumadinho. Por isso, optei (por não comemorar)”, disse o lateral alvinegro, revelando ter conversando antes com o atacante Ricardo Oliveira: “Conversando com o Ricardo, que é um cara esclarecido sobre essas coisas, totalmente do bem, ele pediu que a gente fizesse dessa maneira também. Meu apoio e toda força para o pessoal de Brumadinho”.

Os dois treinadores reconheceram que o clássico não foi semelhante a outros por conta do que os mineiros estão sentindo desde o desastre de sexta-feira. “O clima estava um pouco diferente, não se pode passar insensível por uma situação como esta”, afirmou o cruzeirense Mano Menezes. “Nossa primeira preocupação é com o descuido de quem tem de cuidar disso. Não é possível que tenhamos duas tragédias iguais em três anos e que não tomemos as providências para que as pessoas não percam a vida. É duro perder familiares nestas condições. E a gente pode tentar ajudar, estão em condições não só de tristeza, mas de terem perdido quase tudo ou tudo.”

O atleticano Levir Culpi também se dispôs a fazer o que for possível. “Sei que tem um monte de gente trabalhando em torno da recuperação de tudo, mas me coloco à disposição, e falo em nome do Atlético, para ajudar a angariar fundos, por exemplo. Outras coisas também, pois foi um negócio muito chato”, disse, admitindo ter perdido um pouco do entusiasmo com a partida de ontem por causa do sofrimento em Brumadinho. “Hoje em dia, as notícias correm muito rápido e dentro do ônibus vimos o caso de uma mulher que sobreviveu, saiu do meio de umas madeiras, uma cena forte. Que graça tem ir ao um jogo de futebol no meio de tudo isso? Diminuiu um pouco o entusiasmo e é plenamente justificável.”

SUBSTITUIÇÃO INUSITADA 

Aos 10min do segundo tempo, o árbitro Wanderson Alves de Souza paralisou a partida e pediu atendimento médico por causa de problema muscular. Ele seguiu em campo com ataduras nas duas coxas, marcou pênalti de Igor Rabello em Fred, mas, aos 18min, não aguentou mais e solicitou a substituição, dando lugar a Ronei Cândido Alves.

No fim da partida, o volante atleticano Adílson foi expulso, e as duas equipes terminaram o clássico com 10 em campo. Depois do jogo, o presidente alvinegro Sérgio Sette Câmara fez um pronunciamento de protesto contra a arbitragem e disse que a Federação Mineira de Futebol “está se borrando” para o Cruzeiro.




Cruzeiro 1X1 Atlético

 

Cruzeiro
Fábio; Edílson, Dedé, Leo e Egídio; Henrique, Lucas Silva, Robinho, Thiago Neves (Raniel 41 do 2º) e Rafinha  (Jadson 28 do 2º); Fred (Murilo 38 do 2º)
Técnico: Mano Menezes


Atlético

Victor; Patric, Maidana, Igor Rabello e Fábio Santos; Adilson, Elias, Luan, Cazares e Chará (Terans 39 do 2º); Ricardo Oliveira (Jair 50 do 2º)
Técnico: Levir Culpi


Terceira rodada do Campeonato Mineiro

Estádio: Mineirão
Gols: Fred 15 e Fábio Santos 37 do 2º
Árbitro: Wanderson Alves de Souza (Ronei Cândido Alves)
Assistentes: Ricardo Junio de Souza e Felipe Alan Costa de Oliveira
Cartão amarelo: Leo, Elias, Luan, Edílson, Igor Rabello, Patric e Fábio Santos
Cartão vermelho: Dedé e Adílson
Pagantes: 39.088 (43.354 presentes)
Renda: R$ 834.717
Próximos jogos  do Cruzeiro: Boa (F), Villa Nova (F) e Tupynambás (C)
Próximos jogos  do Atlético: URT (C), Guarani (C) e Caldense (F)

 

enquanto isso...
...Torcedor é baleado no Serrano


Munido de paus, pedras, barras de ferro e revólver, um grupo de cruzeirenses atacou atleticanos ontem de manhã, no Bairro Serrano, na região da Pampulha, antes do clássico. Um torcedor do Atlético foi atingido por um
tiro na perna esquerda e uma paulada na cabeça. Socorrido com rapidez,
ele foi levado para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, onde passou
por cirurgia para a retirada da bala. Ele ficará em observação até esta tarde.
A Polícia Militar chegou a apreender um carro com pedras, paus, barras de ferro e camisas de torcidas organizadas. Os suspeitos fugiram. O caso deve
ser enviado para o Ministério Público.

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