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50 anos da legítima 'Selegalo'

Em 19 de dezembro de 1968, o Atlético representou a Seleção Brasileira contra a Iugoslávia, no Mineirão. Os alvinegros venceram por 3 a 2, de virada, sob o comando do técnico Yustrich, que acabou expulso


postado em 19/12/2018 05:04

"Todos nós estávamos muito orgulhosos. Foi praticamente meu único jogo pela Seleção (...) A torcida, que normalmente gritava Brasil, passou a gritar Galo" (foto: Arquivo/EM - 19/12/68)



Ao longo de seus 110 anos de fundação, as cores alvinegras acompanharam o Atlético em muitos jogos, excursões e títulos pelo Brasil e pelo mundo. Mas, numa ocasião mais do que especial, o Galo deixou de ser preto e branco e vestiu o simbólico verde-amarelo da Seleção Brasileira. Há exatos 50 anos, em 19 de dezembro de 1968, o time mineiro, comandado pelo histórico técnico Yustrich, usou as cores do escrete canarinho na vitória de virada sobre a antiga Iugoslávia por 3 a 2, no Mineirão, numa das partidas mais emblemáticas do clube.

Quando desembarcou no território brasileiro para jogar alguns amistosos, a seleção europeia vivia grande momento após o vice-campeonato da Eurocopa, em junho. A base daquela equipe que perdera para a anfitriã Itália em Roma, entretanto, havia sido bastante modificada pelo técnico Rajko Mitic para a viagem às terras tupiniquins. Dois dias antes de enfrentar o Atlético, os europeus haviam empatado com o time titular do Brasil – com Pelé em campo – por 3 a 3, no Maracanã.

O Atlético teve autorização da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para usar sua equipe com o uniforme do Brasil. O Galo contava com jogadores emblemáticos, como o goleiro Mussula, o zagueiro Grapete, os meia-atacantes Amauri Horta e Lola e os atacantes Tião e Ronaldo. O alvinegro passava por um período de ascensão no futebol brasileiro, que culminou na conquista do Campeonato Brasileiro de 1971.

“Eu me senti honrado com aquele jogo. Um time inteiro, um grupo, um departamento de futebol se preparando para o jogo. Senti orgulho em representar o Brasil, contra uma seleção tão forte. Nos preparamos bem para a partida. O nosso time da época era bem entrosado”, lembra Ronaldo, que naquele época tinha 22 anos e foi herói do jogo, com gol no segundo tempo.

Hoje vivendo em Pouso Alegre, Grapete destaca a qualidade do time alvinegro que o levou a vencer a Iugoslávia: “O Lola era o melhor do nosso time, jogando como armador. O Tião era nosso centroavante. E o Normandes, meu companheiro de zaga, fazia na época grandes jogos, mostrando comprometimento enorme. Outra peça importante foi o Vanderlei, que eu já conhecia antes. Foi eu que o indiquei para o Atlético. Nós jogamos juntos em Três Corações e depois ele foi levado à base do Galo para fazer um teste. E passou”. Mas nenhum jogador teve tanto destaque contra a Iugoslávia quanto Amauri Horta. Além de marcar um gol, o jogador revelado pelo América participou dos outros dois, de Vaguinho e Ronaldo. “Acho que minha nota naquele dia pode ser nove, né?”, brinca o ex-jogador, que hoje tem 76 anos. Ele lembra a importância daquela noite para os atleticanos: “O Mineirão estava lotado. E certamente foi uma alegria, no fim do ano, estava quase no Natal, uma coisa marcante. A Seleção Brasileira empatou e nós tivemos a felicidade de vencer, depois de estar perdendo”.

VIRADA E EXPULSÃO No Gigante da Pampulha, o tradicional time dos Bálcãs até saiu na frente no amistoso e depois ampliou, com gols de Musemic e Nenad Bjekovic, com poucos minutos de jogo. O clima de tristeza dos 37.592 pagantes que acompanharam o jogo no Gigante da Pampulha, entretanto, não durou muito. Aos 32min, ainda da etapa inicial, o ponta-direita Vaguinho diminuiu a desvantagem. Já nos acréscimos, o meio-campista Amauri Horta igualou o marcador. E no segundo tempo, o ponta-direita Ronaldo deu a vitória à Seleção Brasileira.

“Todo atleta tinha o sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira, a maior seleção do mundo. Todos nós estávamos muito orgulhosos. Foi praticamente meu único jogo pela Seleção. Nesse dia, a expectativa era muito boa. A torcida, que normalmente gritava Brasil, passou a gritar Galo”, recorda Ronaldo, que seria campeão nacional em 1971.

Ainda que não tenha imagens no Brasil do confronto, o ex-ponta-direita não se esquece do lance de seu único gol com a camisa da Seleção e que garantiu o resultado positivo: “O Vaguinho tabelou com o Lola e passou para o Amauri, que vinha por trás. O Amauri me passou a bola, eu entrei pela direita e bati forte. Foi um bonito gol”.

Foi nessa partida que Yustrich, técnico conhecido por ser linha-dura, roubou a cena ao ser expulso. “Anormalidades: aos 46’ do primeiro tempo, o técnico Yustrich invadiu o gramado para abraçar Amauri, e (quando) o juiz (o uruguaio Ramón Barreto) foi expulsá-lo recebeu uma peitada. Por isso, foi expulso até do túnel no segundo tempo”, lê-se no documento do acervo do Mineirão.

Amauri lembra como foi o episódio e se recorda de uma brincadeira entre os jogadores na época. “O Yustrich foi me dar um abraço. Como ele era um ‘monstro’, muito grande, me cobriu com os braços. E acabou expulso por entrar no gramado sem permissão. O Tião, brincando, disse em algumas rádios: ‘Em alguns, ele dá porrada. Em outros, dá beijo’”.

 

 

FICHA TÉCNICA
BRASIL (ATLÉTICO) 3 x 2 IUGOSLÁVIA

Brasil (Atlético): Mussula; Vander, Grapete, Normandes (Djalma Dias) e Décio Teixeira; Vanderlei Paiva e Amauri Horta; Ronaldo, Vaguinho, Lola e Tião (Caldeira)
Técnico: Yustrich
Iugoslávia: Ivan Curkovic; Pavlovic (Holzer), Paunovic, Dojcinovski e Aliksik; Nujkic (Aciomovic) e Musemic (Belin); Tesan, Bjekovic (Katic), Bukal e Spasovski.
Técnico: Rajko Mitic
Estádio: Mineirão
Gols: Musemic 6, Bjekovic 9, Vaguinho 32 e Amauri 46 do 1º; Ronaldo 9 do 2º
Árbitro: Ramón Barreto (URU)
Assistentes: Armando Marques (BRA) e Miguel Angel Comesaña (ARG)
Pagantes: 37.592
Renda: NCr$ 116.870


MEMÓRIA
Privilégio de poucos

Ao longo de sua história centenária, a Seleção Brasileira foi representada por outras três equipes. Em 7 de setembro de 1965, na inauguração do Mineirão, o Palmeiras, que tinha um dos maiores times da época, venceu o Uruguai por 3 a 0 atuando com a camisa verde-amarela. O jogo se tornou emblemático porque foi a única vez em que o técnico da Seleção foi um estrangeiro, o argentino Filpo Nuñez, comandante alviverde. No mesmo ano, em 16 de novembro, foi a vez de o Corinthians jogar com a camisa da Seleção, contra o Arsenal, em Londres – treinados por Oswaldo Brandão e José Teixeira, os brasileiros perderam por 2 a 0, no Estádio Highbury. O último clube que representou a Seleção foi o Internacional, em 1984, em caso distinto dos demais. Os gaúchos cederam seus 11 titulares para a Olimpíada de 1984, quando o Brasil terminou com a medalha de prata. Porém, a equipe tinha atletas de outros times, casos do atacante Gilmar Popoca, eleito o melhor da competição, que atuava pelo Flamengo, além de atletas de Corinthians, Santos, Ponte Preta e Aimoré-RS.

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