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Estado de Minas

Entrevista/Eduardo Silva

Especialista vê mescla de experiência e juventude como um dos pilares do sucesso celeste


postado em 24/11/2018 05:09

(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Mais equilíbrio que força

Aos 47 anos, com 23 de profissão, Eduardo Silva é o responsável pela preparação física dos jogadores do Cruzeiro. Papel muito importante quando se tem um grupo com vários jogadores acima dos 30 anos, como é o caso da Raposa, atual bicampeã da Copa do Brasil. Porém, faz questão de dividir os méritos com membros da comissão técnica e, principalmente, com os atletas. “Temos um grupo que compete muito”, diz ele, que se formou em 1995 pela Escola Superior de Educação Física e Desportos de Catanduva (SP), e especializou-se em fisiologia do exercício pela Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O mestrado em Ciência do Movimento Humano foi realizado na Universidade federal do Rio Grande do Sul (UFGRS). O preparador físico trabalhou ao lado de Mano Menezes pela primeira vez em 2010, no Corinthians. Embora não tenha acompanhado o treinador na Seleção Brasileira, Dudu, como é conhecido, esteve com Mano no Flamengo, no Shandong Luneng-CHI e nas duas passagens pelo Cruzeiro. Confira trechos da entrevista exclusiva ao Estado de Minas/Portal Superesportes.

Para a diretoria, a média de idade alta do grupo de jogadores não preocupa por causa da tecnologia aliada da preparação física. Qual a sua opinião?
O que a gente acredita é em mesclar experiência e juventude. Não tenha dúvidas, um atleta de 20 anos tem muito mais vigor do que um de 40. Quando a gente consegue ter atletas, e não simplesmente jogadores de futebol, óbvio que a gente potencializa isso com as ferramentas que temos e com a forma de trabalho. Mas, ao mesmo tempo, temos que entender que o que caracteriza o envelhecimento é a demora na recuperação. E se temos muitos jogos domingo e quarta-feira, um atleta mais velho tem mais dificuldade para se recuperar. Então, a gente tem que buscar um equilíbrio entre a experiência e a juventude.

Quais os cuidados da preparação física com os jogadores mais experientes, acima dos 30 anos, como Thiago Neves, Rafinha, Fred, entre outros?
Um ser humano para ficar em pé precisa de força. A partir do momento em que você tem força, a gente melhora os componentes de resistência. Existe o atleta que é veloz e o atleta que é resistente. Isso são características. Temos atletas que conseguem manter um nível de velocidade por mais tempo em função da juventude. O que nós podemos fazer é, em função das informações que a gente tem, potencializar os atletas.

O Leo, que tem 30 anos, é um jogador que quase não se machuca e raramente é poupado. Qual o segredo de um jogador como ele?
Uma exceção. O Leo é atleta na essência, se alimenta bem, tem bons hábitos. A gente tem o hábito de se apresentar 45 minutos antes para fazer exercícios preparatórios para os treinos. O Leo é tão rigoroso que em 45 minutos ele está fazendo toda a sequência de trabalho dele. É isso que é o modelo.

O Rafinha, com 35 anos, é, aparentemente, um dos que mais correm no time do Cruzeiro. Por que ele tem um condicionamento físico tão bom?
Uma questão importante é a competência do atleta. Um atleta quando tem condição e bons hábitos facilita demais. A gente se engana que com uma hora e meia de treinamento durante o dia eu possa resolver todo o processo. E os demais horários?

Como funciona internamente a decisão do rodízio?
A gente tem uma característica de trabalho que quem toma a decisão é o Mano. As demais áreas – fisiologia, preparação física, fisioterapia, departamento médico – passam informações que são elementos que, quando olhados no todo, têm um peso. Nenhuma área por si só é responsável por tirar o atleta. Talvez só a médica, porque aí tem uma limitação, sem a parte funcional estabelecida.

Numa eventual decisão de poupar ou não, a palavra do atleta tem peso?
A gente não pode olhar para o cara como uma máquina, temos que ver o todo. Às vezes, ficamos olhando números. Então, o atleta participa e é perguntado, sim.

Os vídeos de bastidores do clube revelaram o seu papel antes dos jogos como palestrante, motivador. Como surgiu isso?
É muito bacana isso, não sabia dessa dimensão. Mas um lembrete que a gente pensa é simplesmente avisar aos atletas o que pode acontecer. Eles sabem disso. Gosto muito de falar sobre armadilhas do sucesso. Então, precisamos lembrar aos atletas que não é apenas mais uma partida. Contra o Vitória, o Fred entrou e fez dois gols. E se o Fred pensasse: ‘Já fui a uma Copa do Mundo, estou muito bem financeiramente, vou passear, tanto faz’. Quando perder esse entusiasmo, essa vibração, vai chegar um outro Fred, com certeza.

Um jogador não tão qualificado tecnicamente pode compensar isso com preparo físico?
Ele compensa isso com melhor preparo físico e com entendimento da estratégia. Digo que um atleta bem condicionado e que se posiciona bem compensa algumas coisas. Compensa 100%? Não posso afirmar. Mas que compensa, compensa.

É possível brigar tanto nas competições mata-matas quanto nos pontos corridos?
O que a gente afirma é que é preciso sempre ganhar o próximo jogo. Temos de ter qualidade no grupo acima de tudo e procurar ganhar o próximo jogo. Contra o Vitória foi nossa equipe principal? Não, foi mesclado, mas entramos para ganhar, a gente tinha de ganhar.

Qual o calendário dos sonhos do preparador físico brasileiro?
O ideal é ter um mês de preparação. É o período em que a gente consegue evoluir a carga e fazer com que ela seja assimilada pelos atletas. O ideal é em uma semana ter jogo domingo e domingo e, na seguinte, domingo, quarta e domingo.

O que mudou em 23 anos como profissional?
É uma pergunta que interage com a mudança de geração. Hoje, os atletas recebem as informações de forma mais rápida. E não têm muita paciência. Quando você vai explicar ao atleta o objetivo do treino, ele fala: “Como é que tem de fazer?”. Ele quer informação rápida, está impaciente e isso mudou a forma de preparação. Hoje, se o atleta ficar 20 minutos correndo, acha enfadonho. Ele quer uma atividade em que possa competir, ter várias informações, ganhar, perder, errar, chutar, voltar, marcar, mas que tenha o lúdico junto.

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