A imunoterapia representa um importante avanço na última década no combate a diversos tipos de câncer. Atualmente, é considerada um tratamento fundamental de tumores de rim, pulmão, pele, cabeça e pescoço e colo do útero. Ainda assim, conforme explica Rodrigo Cunha Guimarães, oncologista da Oncoclínicas Belo Horizonte, uma parcela dos pacientes não responde ao tratamento, por isso médicos e pesquisadores têm se debruçado sobre novas formas de vencer essa resistência.





“É sabido que a microbiota presente no intestino delgado, composta por bilhões de micro-organismos, desempenha um papel muito importante na regulação do sistema imunológico. Cada pessoa tem uma flora intestinal própria, e a composição dela depende de alguns fatores, tais como dieta e uso de medicamentos. A dieta rica em alimentos ultraprocessados e pobre em fibras está associada ao desenvolvimento de uma flora intestinal composta por micro-organismos que inibem a resposta imunológica”, descreve o médico. 
 
Segundo oncologista, estudos apresentados na maior conferência de câncer do mundo, a Asco (Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica), sobre o papel do microbioma intestinal na resposta e resistência à imunoterapia, indicaram que a composição da flora bacteriana intestinal está diretamente relacionada à resposta à imunoterapia utilizada em tumores de pulmão, rim, pele.

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"Um estudo realizado na Califórnia indicou que houve aumento na taxa de resposta ao tratamento de pacientes com câncer renal, com a adição de um composto com bactérias do gênero bifidobacterium à combinação de nivolumabe e cabozantinibe. Outro estudo, feito na Coreia do Sul, envolveu pacientes que não estavam respondendo à imunoterapia. Esses pacientes receberam transplante de fezes de pacientes respondendores, e cerca de metade dos pacientes passaram a ter resposta à imunoterapia após o procedimento", explica o oncologista.


De acordo com Rodrigo Cunha Guimarães, esses e outros estudos estão sendo feitos com o objetivo de desenvolver exames para que seja possível avaliar a composição da microbiota intestinal na prática clínica, definir quais espécies seriam associadas à resistência e à resposta à imunoterapia e determinar as mais eficazes intervenções para modificar a composição da microbiota.

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