Derivado da vitamina A, o retinol é o mais novo “queridinho” entre os tratamentos de skin care. Ele age diretamente nos processos das células, promovendo renovação celular 

O retinol é conhecido como um dos ativos mais eficientes em tratamentos anti-envelhecimento para a pele, e ganhou espaço entre os produtos queridinhos do universo de skin care.





A fama não é à toa. Especialistas consideram o ativo como "padrão-ouro" no tratamento da pele quando se trata de prevenir e reverter os sinais de envelhecimento. Isso porque é o mais testado por meio de estudos considerados padrão-ouro, isto é, duplo-cego, controlado e randomizado, segundo uma revisão de estudos publicada em 2022.

O retinol é um dos derivados da vitamina A, comumente chamados de retinoides. Nesse grupo, estão o retinol, retinaldeído e ácido retinóico, por exemplo. Todos têm o mesmo princípio ativo e são utilizados em cosméticos, com pequenas diferenças na apresentação.

Mas para que serve?

Os retinoides agem diretamente nos processos das células, promovendo renovação celular e modulando a síntese de proteínas. Consequentemente, melhoram os sinais de envelhecimento, a textura e a oleosidade da pele.





"Nossas células têm receptores para os retinoides, então eles conseguem agir diretamente no DNA", afirma a dermatologista Karina Calbucci, especialista em cosmiatria e membro titular da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Assim, esses ativos são utilizados para a melhoria de manchas e rugas, e também no tratamento da acne.

Ela ressalta que a isotretinoína, usada em casos graves de acne, é também um tipo de retinol. "Essa é uma substância utilizada em outros órgãos do corpo, e seu uso vai além do uso tópico."

Os retinoides estão disponíveis no mercado em diversas formulações e podem atender a muitos tipos de pele.

A primeira variação é no tipo de composto presente no produto. O ácido retinóico, por exemplo, é a forma ativa dos retinoides, e a que tem maior eficácia comprovada, segundo estudos. Essa é a formulação efetivamente absorvida pelo corpo e age diretamente no organismo.





Composições com o ativo são as mais potentes, mas são também as que têm maior possibilidade de causar irritação na pele. "Quanto mais distante dessa forma ativa for o derivado, menos irritativo", aponta Karina.

O retinol ou o retinaldeído são menos agressivos na pele. Como o ácido retinóico é um ativo com alto potencial irritativo, para iniciar o tratamento os outros compostos podem ser mais amigáveis.

Além disso, há também uma variedade na concentração de retinoides presente na fórmula. A especialista pondera que muitas marcas não divulgam a porcentagem adicionada no produto, então nem sempre é possível distinguir pelo rótulo.





O ideal, segundo os especialistas, é começar com uma concentração menor e ir aumentando conforme a pele desenvolve maior tolerância ao ácido.

O ácido retinoico também pode ser utilizado em consultório para a realização de peeling. Nesse caso, a concentração pode ser de até 10%, porque é um procedimento controlado e realizado com acompanhamento médico, como indica Karina.

Os produtos para uso domiciliar também podem ter uma composição combinada, ou seja, misturar outros ativos na formulação. Adicionar substâncias hidratantes, por exemplo, pode potencializar a ação das substâncias sem aumentar o risco de irritação.

"Também podemos utilizar a técnica sanduíche, que consiste em usar um hidratante antes e depois do retinoide, no momento da aplicação", sugere a dermatologista.

(foto: Arquivo pessoal)

Quem pode usar  

Outra técnica sugerida pelos especialistas para melhorar a tolerância da pele no começo do tratamento é intercalar este ativo com outros produtos. Assim, o produto será aplicado apenas duas ou três  vezes na semana.                                      

Não há restrição de idade após a infância. A médica Fernanda Porphirio, dermatologista da Clínica Vanité e especialista em dermatologia e estética pelo Hospital Mount Sinai, em Nova York, afirma que o uso é recomendado, normalmente, a partir dos 30 anos.





Porém, pensando na prevenção do envelhecimento, ele também pode ser utilizado pelos mais jovens. Em geral, não deve causar prejuízos, mas existe uma preocupação com a sensibilidade. "Pessoas mais jovens tendem a ter a pele mais sensível", indica Porphirio.

Os compostos também podem ser utilizados para o tratamento de acne na adolescência. Mas, segundo Porphirio, a prioridade nesses casos é para ativos mais fracos, e se recorre ao ácido retinóico quando há uma manifestação de acne intensa.

Cuidados

Uma das preocupações ao utilizar produtos com retinoides é com a fotoproteção. O ativo pode ter efeitos indesejáveis quando exposto ao sol e, por isso, é essencial que seja aplicado à noite e removido pela manhã, antes da aplicação de protetor solar.




"Quando o paciente vai ter uma exposição maior ao sol, na praia ou nas férias, por exemplo, recomendamos que o uso seja suspenso alguns dias antes", indica Porphirio.

Além disso, o ativo não é indicado para pessoas que têm uma pele muito sensível ou patologias como rosácea. "Por isso é sempre melhor o acompanhamento com um especialista, para identificar essas questões."

Após iniciar o uso, é importante estar atento a sinais de irritação, como vermelhidão, ardência ou descamação. Nesses casos, pode ser necessário interromper o uso ou modificar o produto e a concentração.

Outro caso de contraindicação é para mulheres grávidas ou que estejam amamentando. No uso do Roacutan, por exemplo, há riscos de malformação do feto ou aborto espontâneo. Já para o uso tópico de retinoides, os especialistas indicam que não há ainda comprovação de prejuízos diretos, mas também não é recomendado. 

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