Muitos ainda enxergam as plantas como inofensivas. Grande engano. Na realidade, muitas espécies podem causar reações diversas, desde alergias na pele e mucosas, até distúrbios cardiovasculares, respiratórios, metabólicos, gastrintestinais, neurológicos e em alguns casos levar à morte. 





As plantas produzem uma grande variedade de compostos orgânicos que frequentemente são relacionados a mecanismos de proteção da planta contra predadores e patógenos. As espécies tóxicas produzem substâncias que podem causar alterações metabólicas prejudiciais ao homem e também aos animais.

E a toxicidade pode estar relacionada a fatores associados ao indivíduo, à planta, ao modo de exposição e a questões ambientais. As intoxicações podem ocorrer de modo agudo ou crônico. No primeiro caso, ocorre por contato único, já a segunda por contato continuado.

Copo-de-leite: qualquer parte da planta pode causar intoxicação e sua ingestão causa irritação das mucosas, com dor e queimação

(foto: Elisangela Rossi Elis/Pixabay )


Segundo últimos dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), de 2016 e 2017, foram identificados 2.028 casos de intoxicações por plantas, 1,17% do total das intoxicações no mesmo período por todas as causas registradas, com quatro óbitos (0,20%), das quais o público infantil de 1 a 9 anos foi o mais afetado com 1.065 casos (52,51%), seguido por adultos 490 casos (24,16%), adolescentes com 121 casos (5,97%) e idosos com 119 casos (5,87%), em sua maioria no meio urbano 1.459 registros (71,94%).



Leia também: As plantas tóxicas para cães e gatos que você deve ficar de olho

As causas mais frequentes são as acidentais, ignorância e o suicídio, predominantemente do sexo masculino, sendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste as mais afetadas, respectivamente.

O perigo das flores

A ingestão ou o contato com essas plantas pode causar inúmeras reações. Por isso, nos primeiros sinais de irritação, recomenda-se procurar um médico. As espécies em geral podem ser responsáveis por alergias, no entanto, as que têm flores são mais comuns, principalmente relacionadas às alergias respiratórias.
 

Bico-de-papagaio: libera uma seiva leitosa que irrita a pele

(foto: Licenças Creative Commons/Reprodução)
 
Além de ter cuidado com as espécies com flores, é comum casos registrados a partir do contato com a urtiga, jasmim, azevém, carvalho, amoreira e o limoeiro. Vale ressaltar lque, apesar de várias terem propriedades medicinais, há plantas que causam alergia. As respiratórias são comuns pelo contato com o pólen das plantas. 

E o perfume, também é um risco?


O perfume de algumas plantas também pode ser um risco e desencadear manifestações alérgicas. Nesse caso, os sintomas podem se apresentar como coceira na pele, no nariz e ouvidos, coriza, irritação nos olhos, tosse, febre, falta de ar, enjoo, entre outros. O tratamento é com medicamentos antialérgicos.

Cuidado com a seiva

Costela-de-Adão: a intoxicação ocorre em caso de mastigação e ingestão das folhas, causando irritação de mucosas, inchaço de lábios e garganta

(foto: David J. Stang/Wikimedia Commons)

Já a alergia na pele vai se manifestar depois do contato com a planta, que produzirá substâncias que podem causar irritação e hipersensibilidade, provocando vermelhidão, coceira e inchaço. Sabe-se também que a seiva é outro componente comum em provocar processos alérgicos. Nessa situação, os sintomas são mais severos e podem incluir – além de coceira e vermelhidão na pele – queimaduras, fortes náuseas, tonturas, falta de ar e comprometimento das vias aéreas e quadros inflamatórios intensos e graves. 




E os espinhos 

E há ainda plantas que, ao serem manipuladas, podem reagir com seus mecanismos de defesa, como espinhos, dentes serrilhados, terminações de folhas pontiagudas, presentes em  roseiras e limoeiros. Ao tocá-las a pessoa pode sofrer um ferimento e mesmo desenvolver uma reação alérgica.

Saiba que a alergia é uma restrição do organismo e que não apresenta cura. Inibir o contato é sempre a melhor forma de prevenir as manifestações.

Conheça algumas plantas que merecem atenção redobrada

Comigo-ninguém-pode: pode provocar irritação na pele em qualquer indivíduo que entrar em contato com ela

(foto: David J. Stang/Wikimedia Commons)

  1. Urtiga: comum em matagais, trilhas e em jardins, é uma erva daninha, capaz de provocar ardência e coceira nas áreas da pele que tocarem a planta. Ela provoca a chamada urticária, pela urtiga. E quando a planta toca na pele, ela libera substâncias rapidamente, causando um certo ardor e que logo depois pode surgir um vermelhidão na região afetada, inchaço, coceira, queimação e elevação da pele em até 1cm.
  2. Aroeira-brava ou branca: provoca a aoeirite em pessoas sensibilizadas aos alquil-fenóis (substâncias causadores de dermatite alérgica em pessoas sensíveis). Ao passar próximo ou sentar-se à sombra dessa planta, há quem apresente uma dermatite de contato caracterizada por vermelhidão, coceira e até bolhas durante vários dias. Isso ocorre pela dispersão no ar de gotículas contendo a substância alergênica. A pessoa sente pruridos por todo o corpo, além de sufocamento, que só cessam ao se afastar do local em que está a planta.
  3. Roseira, laranjeiro e limoeiro: seus mecanismos próprios de defesa (como espinhos) provocam trauma físico e ferimentos.
  4. Coroa-de-cristo: a intoxicação ocorre quando a planta é tocada em qualquer parte ou pela seiva. Os sintomas são distúrbios gastrointestinais, salivação em excesso, vômitos e queimaduras.
  5. Bico-de-papagaio: liberação da seiva leitosa irrita a pele.
  6. Avelós: quando a vítima ingere o ramo da avelós, o principal sintoma é a irritação gastrointestinal. Já o contato com a pele causa queimaduras e inflamações. Os sintomas da são distúrbios gastrointestinais, salivação em excesso, vômitos e queimaduras.
  7. Limão, laranja, tangerina: podem desencadear a fitofotodermatite, uma reação alérgica na pele causada pela exposição solar após contato com essas plantas ou frutas. As lesões são avermelhadas e posteriormente escurecidas, associadas a coceira ou ardência e/ou sensação de queimação e em alguns casos bolhas com queimaduras.
  8. Comigo-ninguém-pode: pode provocar irritação na pele em qualquer indivíduo que entrar em contato com ela. Quando em contato com os olhos, pode provocar dor, inchaço, sensibilidade à luz, lesões na córnea, conjuntivites, lacrimejamento e espasmos nas pálpebras. Já com a pele, a manifestação alérgica pode vir em forma de dermatites, queimaduras e bolhas.
  9. Costela-de-Adão: a intoxicação se apresenta em caso de mastigação e ingestão das folhas, que podem causar irritação de mucosas, inchaço de lábios e garganta, náuseas e vômitos.
  10. Mamonas: é semente que causa a reação alérgica e os sintomas mais comuns, com a ingestão da semente, são vômitos e diarreia e desidratação. Em casos graves, pode chegar à morte.
  11. Pinhão de Purga: a ingestão e/ou mastigação das sementes podem levar a dor abdominal intensa, vômitos, diarreia. O contato do látex com a pele causa dermatite.
  12. Cinamomo: presente na arborização urbana, os frutos produzem espuma se misturados na água e são eles quem causam intoxicação se consumidos, levando ao aumento de salivação, náuseas, vômitos e diarreia.
  13. Copo-de-leite: qualquer parte da planta pode causar intoxicação e sua ingestão causa irritação das mucosas, com dor e queimação. O contato com os olhos pode provocar irritação.
  14. Leiteiro Vermelho: arbusto com folhas coloridas de vermelho escuro, causa alergia com seu látex. O contato com a pele pode provocar queimaduras e a ingestão de qualquer parte da planta leva a irritação gastrintestinal.
  15. Chapéu-de-napoleão: árvore com flores amarelas é outro risco. A ingestão das sementes do fruto causa problemas cardíacos que podem levar à morte.
  16. Espirradeira: árvore com flores brancas e rosas, que assim como as outras partes, também são tóxicas. 
  17. Mandioca-brava: as raízes são um alimento, mas abaixo da casca do caule existe um látex tóxico, que pode causar fortes dores abdominais e coma.

compartilhe