Jornal Estado de Minas

INFECÇÃO

Médica explica a ferida na perna de Jair Bolsonaro


O presidente Jair Bolsonaro (PL) vem tratando uma doença infecciosa da pele provocada por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Ele está com uma ferida na perna esquerda causada pela chamada erisipela, que pode atingir a gordura do tecido celular. O machucado foi motivo para postagem no Telegram pelo filho do presidente, o vereador da cidade do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que nesse domingo (4/12) divulgou uma imagem da perna do pai com a ferida, tirada há poucos dias.



A erisipela acontece quando existe algum tipo de orifício na pele, como uma ferida prévia, uma abertura por picada de inseto, frieira, ou seja, uma situação em que aconteça a perda da continuidade da pele, e que possibilite a penetração da bactéria que ocasiona o problema. Também úlceras e coceiras. É o que esclarece a dermatologista da Saúde no Lar Trícia Simões. Outras possíveis causas da enfermidade são: micoses, dermatite atópica, consumo excessivo de álcool, doenças que afetam o fígado, problemas imunológicos decorrentes da idade, de doenças ou do uso de medicações específicas.

"Quando a bactéria se instala, começa o processo infeccioso, que gera dor, calor na região afetada, inchaço, vermelhidão, bolhas, ínguas e até febre. Esses são os primeiros sinais", explica. Outros sintomas são calafrios, fraqueza, dor de cabeça, mal-estar, náuseas e vômitos.

É mais comum que a erisipela apareça em membros inferiores, como nas pernas, mas pode surgir também em outras partes do corpo, acrescenta a dermatologista, como o rosto. Crises repetidas podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, como divulga o Ministério da Saúde. É importante manter as áreas entre os dedos limpas e secas e tratar adequadamente ferimentos que eventualmente aparecerem na pele.



O tratamento é feito com antibiótico, por 10 a 14 dias, sendo a melhora esperada a partir das primeiras 72 horas do início da administração do medicamento. Isso em situações de uma manifestação mais branda da infecção, pontua Trícia. Em casos mais graves, quando o paciente não reage ao tratamento e a doença progride, a infecção pode generalizar.

"A erisipela, em alguns quadros, pode tomar uma proporção maior. A infecção pode se espalhar, o que chamamos septicemia. Nesse caso, é necessário internação, antibiótico venoso e, dependendo do tipo de lesão - se for mais grave, com bolhas ou necrose dos tecidos, por exemplo - é indicado um pocesso chamado debridamento, uma cirurgia para remover o tecido lesionado", explica Trícia. Quando a doença se agrava, há chance de morte.

A erisipela pode ocorrer em qualquer faixa etária, porém é mais recorrente em obesos, diabéticos, idosos, pessoas com insuficiência vascular, em tratamento por quimioterapia e imunodeprimidos, como esclarece a dermatologista. Principalmente para quem está no grupo de risco, reforça a médica, manchas que aparecem na pele devem ser investigadas de forma mais minuciosa. A doença não é contagiosa.



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O problema pode ser o motivo para a ausência do presidente em compromissos mais recentes. Desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ele não aparece tanto em público, como declarou, ainda em novembro, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que afirmou que o machucado impossibilitava Jair Bolsonaro de vestir trajes formais, como uma calça social. Na publicação deste domingo, Carlos Bolsonaro disse que, nessa fase, o pai está em "processo de recuperação e tudo corre muito bem."

(foto: Telegram/Reprodução)

"Me parece que, no caso de Jair Bolsonaro, a doença não é grave. Como não está hospitalizado, partimos do pressuposto de que não é nada mais complicado. Ao contrário, não poderia ser tratado em casa, como está", conclui a dermatologista da Saúde no Lar.