Jornal Estado de Minas

SAÚDE DA MULHER

Dilatadores podem auxiliar mulheres que nasceram sem o canal vaginal

A Síndrome de Rokitansky (Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser) é uma alteração congênita que afeta o desenvolvimento do sistema reprodutor feminino do feto nos primeiros meses da gestação. Pode estar associada com malformações de outros sistemas, como urinário, esquelético e cardíaco em até 30% dos casos.




 
A médica ginecologista, Claudia Takano, coordenadora do Ambulatório de Malformações Genitais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e parceira do Instituto Roki, explica que esta é uma síndrome rara que acomete uma a cada 5 mil mulheres e que se caracteriza pela ausência de formação completa do útero e do canal vaginal. "Como consequência, as mulheres com a Síndrome de Rokitansky têm comprometida a possibilidade de gestar e podem ter dificuldades para uma atividade sexual satisfatória."

Existem alguns tratamentos que podem auxiliar na formação do canal vaginal. A primeira opção terapêutica é a dilatação vaginal ou método de Frank. "Este tratamento consiste no uso de dilatadores para formar o canal vaginal sob orientação e supervisão de um profissional da área da saúde".

O tratamento inicia-se com a orientação do médico ginecologista sobre a anatomia genital e da forma como usar os dilatadores. O segundo passo consiste em fazer a dilatação pela própria mulher diariamente, por cerca de 20 minutos.



Durante todo o tratamento a mulher deve ser acompanhada em consultas periódicas pelo médico ou fisioterapeuta, a fim de avaliar o progresso e ser auxiliada em eventuais dificuldades.

À medida que o canal vaginal se estende, troca-se por um dilatador maior - até a conclusão do procedimento, o que leva entre três a seis meses, quando feito regularmente. 

Altas taxas de sucesso 

"As taxas de sucesso são superiores a 90%, com riscos e custos menores do que o tratamento cirúrgico, de acordo com estudos científicos. Além de efetiva, a dilatação possibilita à mulher autoconhecimento e autonomia que podem favorecer uma vida sexual saudável. Temos notado também que as mulheres sentem-se confiantes para compartilhar, posteriormente, as suas experiências com outras portadoras da síndrome. Cria-se assim uma rede de difusão de conhecimento e de apoio mútuo", enfatiza Claudia Takano.

O Instituto Roki, em parceria com o Ambulatório de Malformações Genitais da Unifesp, fornece dilatadores que são produzidos com material plástico com rigidez adequada, em uma impressora 3D. "O tratamento é, portanto, uma opção eficiente e com o custo acessível para mulheres em todo o Brasil", avisa a ginecologista. 





Além de oferecer os dilatadores, o instituto auxilia meninas, mulheres e seus familiares com informações em formato de guias, com as dúvidas mais frequentes e o apoio que essa mulher precisa receber das pessoas a sua volta.

"Ao todo, são quatro guias disponíveis (para a mulher, familiares, profissionais da área da saúde e saúde mental) que podem ser encontrados no site e nas redes sociais da instituição. Para a classe médica, são disponibilizados ainda vídeos com ginecologista e fisioterapeuta, além da possibilidade de encontros virtuais com especialistas para sanar dúvidas", destaca Claudia Takano.