Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Coqueluche: como é diagnosticada e quem está em risco

A coqueluche, também chamada de tosse comprida, é uma infecção respiratória aguda causada pela bactéria bordetella pertussis, que se hospeda no nariz, boca e garganta e é transmitida por gotículas de saliva expelidas durante a tosse, espirros e fala. Porém, mais raramente pode ser transmitida por fômites, objetos inanimados que transportam micro-organismos, como talheres e copos.



A bactéria está presente em todo o mundo e, pela semelhança dos sintomas da coqueluche com os de outros tipos de doenças, o diagnóstico é dificultado e, muitas vezes, obtido em casos mais avançados, o que compromete o tratamento do paciente.
 
O pneumologista do São Cristóvão Saúde, Nelson Morrone Junior, afirma que a doença pode se estender de 45 a 90 dias Os sintomas mais característicos são: tosse com guincho, podendo ocorrer febre, coriza e mal-estar generalizado. Pode acometer qualquer faixa etária, mas o contágio é mais perigoso em crianças de baixa idade. Como complicações, temos pneumonia, otite e convulsões”. 

Diagnóstico feito por swab oral 


O diagnóstico é feito por swab oral (cotonete grande, passado na garganta para coletar amostra), tanto por cultura com isolamento da bodetella ou exame do PCR do DNA da bactéria positivo.



“O tratamento é feito com antibiótico da classe dos macrolídeos (azitromicina e claritromicina) e deve ser iniciado nos primeiros dias de sintomas. Embora a tosse possa persistir por cerca de um mês, mesmo com o tratamento, os cuidados médicos diminuem muito a transmissibilidade da doença”, diz Nelson Morrone.

Leia também: 
Fiocruz alerta para alta de 39,5% das síndromes respiratórias graves


Quarentena


Como medida de segurança para inibir o contágio de outras pessoas, o paciente acometido deve fazer o isolamento respiratório, distanciamento, usar máscaras e evitar tossir e espirrar sem proteger a boca.

De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas aparecem, em média, de 5 a 10 dias desde o momento da infecção -  o que pode variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.

Mortalidade 

 
A morbidade da coqueluche no país já foi elevada, mas esse número caiu abruptamente a partir de 1983 e mantém, até os dias atuais, tendência decrescente. Ainda segundo dados públicos, no início da década de 1980 eram notificados mais de 40 mil casos anuais da doença, e o coeficiente de incidência era superior a 30/100.000 habitantes.



A partir de 1995, observou-se um declínio do número de casos e aumento da cobertura vacinal, o que foi acentuado de 1998 em diante, resultando na mudança do perfil epidemiológico da coqueluche no país.

Atualmente, a letalidade da doença é mais elevada no grupo de crianças menores de um ano, particularmente naquelas com menos de seis meses de idade, que concentram quase todos os óbitos por coqueluche.  

 
Leia também: Frio e tempo seco: risco de otite, dor de garganta e alergia respiratória
 

Vacinação 


Desse modo, a vacinação continua sendo a melhor forma de prevenção, conforme aponta o pneumologista do São Cristóvão: “A vacina é a tríplice (DTP), fornecida em três doses - aos 2 meses, 4 meses e 4 anos de idade -, e faz parte do calendário obrigatório de doses vacinais no Brasil, o que talvez explique a diminuição dos casos nos últimos 40 anos.

Gestantes devem tomar uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da 20ª semana a cada gestação”.
 
A imunidade, porém, não é permanente. Em média, entre 5 e 10 anos após a última dose da vacina, a proteção está baixa ou inexistente.

“Em adultos, os casos costumam ser mais leves e podem ser confundidos com resfriados comuns”, comenta Nelson Morrone, salientando a importância do diagnóstico para evitar ou diminuir a transmissão.