Bruno de Lima Naves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e médico de angiologia clínica e cirurgia vascular do Hospital Madre Teresa, explica que aneurisma é definido como uma dilatação focal e permanente da artéria, com aumento de pelo menos 50% do diâmetro normal do vaso. “Os aneurismas da artéria aorta no abdômen são os mais comuns, mas todas as artérias no corpo podem ser acometidas pela condição”, frisa.
Entre os fatores de risco para o aneurisma, o médico aponta idade avançada, sexo masculino, tabagismo, história familiar – especialmente em parentes de primeiro grau, além de hipertensão e colesterol elevado. Mas lembra: “O quadro pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais frequente entre os 50 e os 80 anos”.
Naves avisa que aneurismas podem apresentar crescimento e culminar na ruptura da parede da artéria. Nesses casos, a mortalidade é extremamente elevada. E aqui cabe um alerta: “Na maioria das vezes, os aneurismas são silenciosos e não apresentam sintomas, frequentemente sendo diagnosticados por exames de imagem. No caso do aneurisma de aorta abdominal, a ruptura pode causar dor abdominal intensa ou 'dor nas costas' de maneira súbita, com hipotensão arterial e morte.”
TRATAMENTO
Segundo o médico, o tratamento do aneurisma depende da localização, extensão e crescimento. Em geral, se for pequeno, pode ser controlado por meio de medicamentos que tratem e/ou controlem os fatores de risco, como hipertensão e colesterol elevado.
O fumo também é um fator de risco. “Tanto que é muito importante o paciente cessar imediatamente o tabagismo.”
Uma vez identificado, ressalta o médico, o crescimento do aneurisma deve ser acompanhado por exames anuais de ultrassom ou conforme orientação do médico especialista. No caso de aneurismas maiores ou com taxa de crescimento elevado, a correção cirúrgica pode ser indicada para evitar o risco de ruptura e a elevada taxa de mortalidade associada ao quadro. “O tratamento cirúrgico pode ser feito por via endovascular, que tem sido amplamente utilizada, por ser menos invasiva e ter menos complicações, ou por cirurgia convencional ('aberta'), que apresenta ainda ótimos resultados em longo prazo. Quando ocorre o rompimento do aneurisma, a cirurgia é feita de urgência e o quadro é grave.”
O que promove o "rompimento" de um aneurisma? Naves lista os principais fatores de risco para a ruptura de um aneurisma de aorta: hipertensão, tabagismo, sexo feminino, tamanho do aneurisma e presença de saco aneurismático assimétrico, além de história familiar.
O quadro também consiste na dilatação de um vaso arterial, que pode aumentar de tamanho e também se romper. “Na ruptura do aneurisma, ocorre o extravasamento de sangue do vaso para os tecidos cerebrais. Este sangue promove lesão diretamente por uma ação mecânica sobre o tecido cerebral e também por provocar rápida elevação da pressão intracraniana”, explica Fidel Meira, mestre em neurociências pela UFMG, neurologista do Hospital Madre Teresa e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Entre os principais fatores de risco, o neurologista destaca tabagismo, hipertensão e ingestão elevada de bebidas alcoólicas. “Entre os fatores não modificáveis, destaca-se a história familiar de hemorragia intracraniana pela ruptura de aneurisma (nesta situação, sempre é válida uma avaliação médica que, eventualmente, pode exigir a realização de exames complementares).” Segundo ele, apesar de ser uma condição muito grave, casos com recuperação completa e retorno a todas atividades de vida diária, mesmo em pacientes muito graves, ocorrem.
RELAÇÃO COM O AVC
Meira explica que o acidente vascular cerebral (AVC) é uma situação de uma lesão neurológica provocada por uma doença vascular. A maioria dos AVCs são por isquemia (falta de circulação) e têm um percentual de 15% a 20% que são os AVCs hemorrágicos. Entre os AVCs hemorrágicos estão os aneurismas cerebrais. “Então, podemos dizer que a ruptura do aneurisma é um tipo de AVC.”
Segundo especialistas, o AVC ocorre quando existe um entupimento ou rompimento de uma veia ou artéria dentro da cabeça, dificultando a passagem do sangue para o cérebro e provocando a paralisa cerebral.
O Ministério da Saúde alerta: o AVC é o motivo mais comum de morte na população adulta no Brasil e ocupa a 4ª posição no ranking da taxa de mortalidade entre os países latino-americanos e o Caribe. Acredita-se que, em 2018, a doença tenha acometido 18 milhões de pessoas em todo o mundo.
Na maioria das vezes, os aneurismas são silenciosos e não apresentam sintomas, frequentemente sendo diagnosticados por exames de imagem
Bruno de Lima Naves,
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular