Jornal Estado de Minas

GOVERNO

'A gente não negocia com Centrão', afirma Lula sobre reforma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou ontem a forma como as negociações são vistas no Brasil, ao comentar a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados e que será avaliada no Senado. “Aqui no Brasil a negociação é tratada de forma pejorativa”, disse ele durante o seu programa semanal “Conversa com o presidente”, considerando que é um processo natural da política.



Ele também afirmou que é equivocada a ideia de que o governo negocia com o Centrão: “A gente não negocia com o Centrão, o Centrão não é um partido. Nós negociamos com partidos”. Além disso, segundo o presidente, quando o governo manda um projeto para o Congresso Nacional, não necessariamente será aprovado tal como o o Executivo pretende.

“Nós temos 513 deputados, mulheres e homens, que pensam diferentemente, e é normal que você negocie. O cara não quer 80% , quer 75%, e aí começa a negociação. Não é a política do dando que se recebe que todo mundo fala”, disse também o petista.

Ele ressaltou também estar feliz com a aprovação da reforma tributária e espera que também seja aprovada pelo Senado. “Espero que o Senado repita a votação da Câmara e espero chegar no fim do ano com a política tributária nova para a gente nunca mais ficar falando de política tributária neste país”, afirmou o presidente.





Sobre a facilidade e rapidez da aprovação da reforma tributária, o presidente declarou que grande parte das propostas enviadas ao Congresso Nacional pode ser facilitada ou não de acordo com o relator responsável. “O relator é 50%do sucesso da aprovação de uma lei qualquer que você manda para o congresso nacional.

Aguinaldo , que é um deputado do PP e foi ministro da cidade da Dilma Rousseff, ele teve um comportamento exemplar, não brincou com a Reforma Tributária, ele levou a sério”, declarou o presidente.

Lula disse ainda que o Brasil teve uma semana vitoriosa após a aprovação de matérias importantes na Câmara, como a reforma tributária e o texto-base do projeto de lei que restaura o voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Lembrou que o PT e a esquerda têm pouco mais de uma centena de deputados na Câmara e que, para obter maioria simples na Casa, precisa de pelo menos 257 votos. “Isso mostra o quanto precisamos negociar para construirmos a governabilidade”, disse Lula.

Ele destacou que essa governabilidade “foi construída para votar a política tributária, mas não por ser do interesse do Haddad ou do Lula, e sim por ser uma coisa de interesse do país”, que precisa de tranquilidade e paz para criar condições de fazer com que a economia cresça e, acima de tudo, para que esse crescimento seja repartido entre todos os brasileiros.