Jornal Estado de Minas

NOVO GOVERNO

Quais serão os desafios de Ana Moser à frente do Ministério do Esporte


A ex-jogadora e medalhista olímpica de vôlei Ana Moser, 54 anos, será a primeira mulher a assumir o comando do Ministério do Esporte que, durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro, teve o status rebaixado para uma secretaria especial abrigada no guarda-chuva do Ministério da Cidadania. Apesar de neófita na política — ela nunca ocupou cargo público na vida —, a esportista assume o comando da pasta credenciada não só pelo trabalho que desenvolve com organizações do terceiro setor, mas, também, pelo papel que desempenhou nos últimos dois meses no governo de transição para o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que diagnosticou os problemas da área do esporte no país.





Ela ocupará a cadeira que, no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi de Pelé. O Rei do Futebol, morto quinta-feira vítima de um câncer, foi o primeiro nome a liderar a pasta esportiva. "Quis o destino que, no mesmo dia em que fui anunciada para o Ministério do Esporte, cadeira que primeiramente foi dele, há 24 anos, Pelé nos deixa. Em meio à tristeza, fica a admiração e o respeito pelo Atleta do Século, o Rei do Futebol, e pelo cidadão que deu sua contribuição para a sociedade, que representou a qualidade e a força do povo brasileiro", escreveu a nova ministra em suas redes sociais.

Ana Moser ficou conhecida pelo desempenho nas quadras. A ex-esportista esteve no time que conquistou a primeira medalha olímpica do vôlei feminino brasileiro, de bronze, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Em 1998, disputou o Campeonato Mundial com a Seleção Brasileira, que terminou na quarta colocação. No ano seguinte, anunciou a aposentadoria do esporte.
 
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Em 2001, Ana Moser criou o Instituto Esporte e Educação, que já atendeu a 6 milhões de crianças e jovens e capacitou mais de 55 mil professores e educadores em todo o Brasil. O trabalho dela no instituto se baseia no esporte como instrumento de educação e inclusão social, como indica a apresentação no site da ONG. A metodologia é fundamentada em três pilares: ensinar esporte a todos, ensinar bem o esporte para todos, e ensinar mais do que esporte. É essa lógica, de priorizar iniciação esportiva em vez de privilegiar o esporte de alto rendimento, que a ex-atleta quer implementar no ministério.





Ana também integra o grupo Atletas pelo Brasil, formado por desportistas que lutam para promover mudanças nas atuais políticas públicas e buscar avanços sociais a partir do esporte. Alline Pellegrino (futebol), Erika Coimbra (vôlei), Pipoka (basquete) e Raí (futebol) são outras personalidades que fazem parte do programa.

Antes da definição para o comando da pasta, o nome da senadora pelo Distrito Federal Leila Barros (PDT) chegou a ser cogitado. Amiga pessoal e ex-companheira de equipe, Leila disse que a nova ministra pode contar com ela no Parlamento. "Ana Moser é um excelente nome para chefiar o Ministério do Esporte. Participou de debates importantes sobre políticas públicas esportivas e poderá contar comigo para defender o setor nos debates promovidos no Congresso Nacional."

Com *Rayssa Loreen

*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz