Jornal Estado de Minas

INJÚRIA

Deputada eleita Lohanna França é cercada e hostilizada por bolsonaristas


A deputada estadual eleita Lohanna França (PV), atual vereadora de Divinópolis, no Centro -Oeste de Minas, foi cercada e hostilizada por bolsonaristas, nesta terça-feira (13/12), ao deixar o plenário da Câmara para denunciar ameaças e mensagens ofensivas e misóginas. Ela se tornou alvo dos manifestantes após acusá-los de “baderna” e “atos antidemocráticos”.





Ao revelar as ofensas e voltar a dizer que eles são baderneiros, Lohanna anunciou que registraria ocorrência na Polícia Civil (PC) e que, por essa razão, se ausentaria da reunião. Ao deixar o plenário, os bolsonaristas a rodearam a chamando de “comunista” e usando palavras de baixo calão. 

Lohanna foi escoltada por seguranças do Legislativo até o carro enquanto alguns manifestantes seguiam atrás. De lá, foi até a delegacia onde registrou, acompanhada do advogado Manoel Brandão, ocorrência por injúria.
 
"A biscate sem moral teve 67 mil votos e vai representar milhões de mineiros daqui para frente, assim como o presidente Lula, que teve 60 milhões de votos e vai representar todos os brasileiros gostem vocês ou não. O fim do processo eleitoral foi decretado ontem com a diplomação do presidente Lula. A insatisfação faz parte do processo democrático e quem não está satisfeito vai para a oposição e tenta frear os planos do governo. É assim que funciona numa democratia. Eu tenho dó de vocês. E eu espero que, assim que o Lula assumir, ele cumpra a promessa dele que é ordenar que todas as forças de segurança retirem vocês das ruas imediatamente", declarou Lohanna.




Mensagens enviadas à vereadora (foto: Reprodução Lohanna França)

'Direito de resposta'

Os bolsonaristas estavam na Câmara para acompanhar o pronunciamento do ex-promotor de justiça Expedito Lucas. Ele usou a tribuna livre como “direito de resposta” às declarações da parlamentar feitas em 28 de novembro, quando ela os chamou de “baderneiros”.

Ele, assim como os demais, participa do acampamento instalado há cerca de 30 dias na porta do Tiro de Guerra, no bairro Interlagos, em protesto à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela intervenção militar.

Expedito Lucas refutou as declarações da vereadora de “baderna”. Alegou que há restrições de bebida alcoólica no local e contestou as afirmações de que há reclamações de moradores. Á noite, segundo ele, os manifestantes cantam o hino nacional e ao longo do dia são feitas orações.





“Não somos malucos, baderneiros, somos cidadãos da mesma forma que a vereadora e tantos outros. Somos cidadãos que querem ver o nosso país nos trilhos”, afirmou.

Ele tratou o ato como constitucional, legal e democrático. Acusou Lohanna de cometer crime de injúria ao chamá-los de baderneiros e pediu aos vereadores que tomem as medidas cabíveis com base no Regimento Interno e Lei Orgânica. 

“Baderneiros”

As falas do ex-promotor não intimidaram a vereadora que voltou a chamar os manifestantes de baderneiros e a acusá-los de atos golpistas.

“A gente não deve ser tolerante com discursos intolerantes, quem pede atos antidemocráticos não está exercendo o direito de liberdade de expressão. E o que vocês fizeram ontem em Brasília provou. Baderneiro, é pouco”, ressaltou Lohanna logo após a fala do tribuno.

Ao criticá-los, ela também havia acusado os manifestantes, em 28 de novembro, de ocupação indevida e importunação do sossego. Dois dias após as declarações, o ex-promotor de justiça protocolou pedido para fechamento da rua Rosa Viterbo Gontijo, em frente ao Tiro de Guerras, para as manifestações. 

A autorização foi concedida até 19 de dezembro pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settrans).
 
*Amanda Quintiliano especial para o EM