Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA

'Foi de propósito', diz Lorene sobre ter sido chamada de 'Edilene' por Zema

A dois dias das eleições, a historiadora e candidata ao governo de Minas Lorene Figueiredo (PSOL) estranha o resultado da última pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial em Minas.

O levantamento mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concorre à presidência, com 47% das intenções de voto no estado. O favorito do eleitorado ao Palácio Tiradentes, no entanto, não é Kalil, aliado de Lula, mas Zema - que não é oficialmente apoiado por Bolsonaro, mas tem a explícita simpatia do presidente. 



"Quem vota Lula não vota Zema. Zema é Bolsonaro", afirmou a psolista em entrevista ao Estado de Minas nesta sexta-feira (30/9). Ocasião em que também revelou que planeja se aproximar de Kalil caso haja um segundo turno. "Seguramente nós vamos conversar com ele", disse a postulante. 

Última convidada da série de entrevistas com candidatos ao governo de Minas do EM, Lorene não poupou críticas a Zema, sobretudo ao mencionar o debate com candidatos ao governo do estado promovido pela TV GLobo na última terça-feira (27/9). "Não tem política para nenhum de nós, por isso fica ressuscitando defunto", disparou a candidata, referindo-se às frequentes comparações feitas pelo novista entre sua gestão e a Fernando Pimentel, que comandou o estado entre 2015 e 2019. 

A mineração, uma das bandeiras de sua campanha, foi outro ponto da conversa, assim como o combate à pobreza. "Rico tem que pagar imposto para a gente enfrentar a fome no nosso estado".

'Edilene'

 

Um ponto chamou a atenção de quem assistiu ao último debate, realizado pela TV Globo nessa terça-feira (27/9), entre os concorrentes ao Palácio Tiradentes, Zema, ao citar a candidata do PSOL, a chamou de 'Edilene', o que causou uma estrondosa gargalhada dela. O governador se irritou com a reação da adversária.





"Ele conseguiu errar o meu nome. Acredito que de propósito para tentar nos provocar, nos irritar ou coisa assim", afirmou Lorene. E prosseguiu afirmando que a gargalhada "foi a reação possível" e, posteriormente completou, destacando que foi uma risada de deboche.

"As mulheres para ele são invisíveis. Não é a toa que nós somos o Estado campeão de tentativas de feminicídio ou consumação", apontou a candidata.

A psolista afirmou que a campanha do atual gestor não apresenta nenhuma política para a população e, por isso, ele insiste em citar o ex-governador Fernando Pimentel (PT).

"Não tem política para nenhum de nós, por isso, inclusive, que fica ressuscitando defunto. Se fosse meu aluno dizia: para de colocar a culpa no coleguinha! Já tem quatro anos que você está aqui assumindo a responsabilidade do governo", criticou Lorene Figueiredo, que é professora na Universidade Federal de Juiz de Fora.



E destacou que, apesar das críticas que o candidato do Novo faz a gestão que o Partido dos Trabalhadores no estado, o "compromisso de todos eles é tão grande com as mineradoras, que ele manteve o mesmo secretário de meio ambiente (Germano Luiz Gomes Vieira). O que mostra, no final das contas, que os interesses preservados são os dessas empresas".

Mineração

A preservação da Serra do Curral, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a mineração no estado é outro ponto de desacordo entre a candidata e Zema. Enquanto o governador busca não se posicionar de forma peremptória sobre o tema, Lorene Figueiredo, assim como os outros candidatos se posicionam contra a exploração do patrimônio mineiro.

"Minas sempre foi um lugar de super exploração mineral. Muito pouco fica para o povo mineiro mesmo", relembrou a historiadora. Que prosseguiu "nós temos 39 barragens de alto risco em Minas Gerais. A forma como o rejeito é tratado no nosso estado é a forma mais perigosa e mais barata para as mineradoras. Isso é a expressão de uma completa falta de compromisso por parte dos gestores públicos e principalmente uma cumplicidade com os interesses das mineradoras".



A possibilidade de tombamento do pico de Belo Horizonte está sendo discutida, mas o tema tem se arrastado. Caso seja realizada, a medida pode dificultar a exploração mineral da Serra do Curral.

"Ele mentiu de forma deslavada no debate. Ele incentiva a mineração na Serra do Curral. ele dificultou e atrasou de todas as formas que ele pode o tombamento da serra", se indignou a candidata ao ser questionada sobre como ela analisava a questão.

Pobreza

Após afirmar que os empresários recebem grandes isenções fiscais e que os mais pobres receberam R$ 600 de auxílio do governo federal durante a pandemia, defendeu que a taxação de grandes fortunas pode contribuir para combater a miséria no estado.

"Nós temos hoje 4,5 milhões de mineiros na extrema pobreza. Rico tem que pagar imposto até para a gente enfrentar a fome no nosso estado e a extrema pobreza", afirmou Lorene Figueiredo.