Jornal Estado de Minas

CRÍTICA

Pimentel: 'O PT deveria ter feito a defesa do nosso mandato. Não fez'

Alvo de constantes críticas do governador mineiro Romeu Zema (Novo), o ex-governador Fernando Pimentel (PT) foi alçado ao centro do debate sobre a eleição estadual. Citado diversas vezes em tom negativo nas peças da campanha de Zema, o petista disse, ontem (28/9), ao Estado de Minas, que os integrantes de seu partido não atuaram para defender seu período à frente do poder Executivo estadual.



Depois de algum tempo afastado da cena política, Pimentel retornou aos holofotes neste ano com uma candidatura a deputado federal.

Na semana passada, em Ipatinga, no Vale do Aço, o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a "única coisa" feita por Zema é "criticar o PT".

Ao EM, Pimentel externou sua interpretação sobre a fala do correligionário. "O que Lula estava querendo dizer é que o PT deveria ter feito a defesa do nosso mandato. Não fez. Agora, na campanha, certamente esse tema vai voltar. E é hora, sim, não só do PT, mas da campanha de nossa coligação, enfrentar as críticas e rebatê-las à altura", pontuou.

Amparadas na expressão "PT-Pimentel", as críticas de Zema ao antecessor são utilizadas para atingir Alexandre Kalil (PSD), que disputa o governo mineiro com apoio formal dos petistas.

"O que o presidente (Lula) quis dizer naquele momento era que caberia ter tido uma resposta ao longo dos três anos de governo Zema, por parte do PT, às críticas que ele tem feito reiteradamente, desde que assumiu o governo. Infelizmente, vamos reconhecer, não houve oposição a Zema na Assembleia Legislativa, de maneira geral, na cena pública", falou.



Em 2018, quando pleiteava a reeleição, Pimentel obteve 23,12% dos votos válidos e terminou o primeiro turno em terceiro lugar. O segundo turno, então, foi disputado por Zema e Antonio Anastasia - à época no PSDB e, hoje, no PSD.

A cobrança de Lula ao PT mineiro


Em Ipatinga, Lula teceu críticas a Zema e cobrou reação do PT às falas do governador, que atribui à agremiação os problemas financeiros estaduais. "O PT precisa responder todas as críticas que ele faz ao partido", pediu.

Na eleição de 2018, o PT elegeu dez deputados estaduais. Durante a legislatura, perdeu um assento, porque Marília Campos foi eleita prefeita de Contagem, na Região Metropolitana de BH. Neste ano, quando filiou Andréia de Jesus, egressa do Psol, voltou ao patamar inicial.

"Não obstante o fato de que perdi a eleição, o PT elegeu a maior bancada de deputados da Assembleia. E, por algum motivo que não sei explicar, porque não sou deputado, não foi feita oposição. Ao não fazer oposição, o partido, então, ficou desabrigado em relação a essas críticas. Eu, como ex-governador, não tinha como retrucar, porque não tinha mandato e voz pública para isso - vou ter agora, se for eleito deputado federal", pontuou Pimentel.



'Céu de brigadeiro'


O PT liderou o bloco de oposição a Zema na Assembleia. A coalizão tem ainda PSB, PCdoB, Pros e Rede. O líder do grupo é o petista André Quintão, candidato a vice-governador na chapa de Kalil.

Segundo Pimentel, faltou ao PT mais contundência ao se opor às ideias do Novo. "O partido, como um todo, claramente era de oposição a Zema, mas isso não foi verbalizado de maneira eficiente à opinião pública. Então, Zema conseguiu fazer um governo, praticamente, sem sofrer críticas contundentes por parte do mundo político e da imprensa", criticou.

"Ele navegou em um céu de brigadeiro. É isso que dá a ele a aprovação que as pesquisas mostram que, aparentemente, o governo tem. Foi um governo que não teve oposição", emendou.