Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Minas é rota obrigatória das campanhas a presidente



Com a visita de Simone Tebet (MDB) a Belo Horizonte ontem, Minas Gerais entrou no mapa da campanha dos quatro líderes na corrida pela Presidência da República. Nas últimas três semanas, passagens pelo estado ocuparam sete dias na agenda dos favoritos ao Planalto. Todos eles fizeram atos de campanha em Belo Horizonte. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais tem papel crucial nas campanhas pela Presidência. Desde a redemocratização, levar a melhor no estado significa também garantir a faixa presidencial. Temas próprios da política e cotidiano mineiro ganham então espaço nos discursos dos candidatos.





Durante a passagem por BH, Tebet conheceu o tradicional Café Nice, no Centro da capital, e seguiu até a Praça do Papa, onde participou de ato pela defesa da Serra do Curral, na mira de mineradoras. “A serra é um cartão-postal de Minas, é um patrimônio histórico e merece ser preservada. Sem meio ambiente não existe vida. Portanto, defendo a preservação da Serra do Curral, sem deixar de lado a fonte de desenvolvimento de Minas”, pontuou a candidata, que também defendeu o agronegócio mineiro como uma prática sustentável.

O atual presidente e candidato à reeleição é quem mais veio a Minas Gerais desde o início oficial da campanha. Em 16 de agosto, Jair Bolsonaro (PL) escolheu Juiz de Fora para iniciar a tentativa de ser reconduzido ao Planalto. A cidade na Zona da Mata foi onde ele sofreu um atentado a faca durante a campanha de 2018 e é apontada pelo presidente e seus apoiadores como local onde ele “nasceu de novo”, reforçando a ligação com os eleitores mineiros.

Candidata do MDB, Simone Tebet fez corpo a corpo com eleitores em BH no tradicional Café Nice, ontem, enquanto o candidato pedetista Ciro Gomes esteve em Contagem no domingo e conversou com os feirantes (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. Brasil)


Em 19 de agosto, Bolsonaro esteve em Belo Horizonte para a instalação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) e retornou à capital no dia 24, quando participou de motociata e discursou na Praça da Liberdade. Dirigindo-se aos apoiadores, na Região Centro-Sul de BH, ele afirmou que terá bons números no estado e exaltou o apoio de seus eleitores: “Eu também sou apaixonado por vocês (mineiros). Mandem um abraço aos homens e um beijo às mulheres. Minas é o coração do Brasil, a terra da liberdade (...) nesses 200 anos da Independência, é impossível falar de Minas Gerais. Aqui é a semente da independência, a saída para o nosso futuro”.





(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press %u2013 24/8/22)


Líder nas pesquisas para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Minas apenas uma vez, quando discursou na Praça da Estação, em 18 de agosto. O petista participou de ato de campanha no Centro de Belo Horizonte ao lado dos candidatos ao governo estadual, Alexandre Kalil (PSD), e ao Senado, Alexandre Silveira (PSD).

Durante o comício, Lula direcionou as falas sobre a política em Minas à candidatura de Kalil e exaltou a gestão do candidato do PSD na administração de Belo Horizonte. O ex-prefeito da capital está atrás de Romeu Zema (Novo) nas pesquisas de intenção de voto ao governo do estado. No entanto, levantamento da F5 divulgado na última sexta-feira mostra que, quando associado ao nome do petista, Kalil recebe mais menções que o adversário.

Ciro Gomes (PDT) reservou o último fim de semana para atos de campanha em Minas. O candidato, que figura na terceira colocação nas pesquisas de intenção de voto, esteve em Belo Horizonte e Contagem no sábado (3/9) e depois seguiu para Alfenas e Uberlândia, no domingo (4/9).





O presidente Jair Bolsonaro (PL), que lançou sua candidatura em Juiz de Fora, fez comício em BH, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursou para apoiadores na Praça da Estação, no Centro da capital (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press %u2013 18/8/22)


Mantendo a agenda de críticas à polarização da disputa eleitoral entre Lula e Bolsonaro, o candidato pedetista falou especificamente sobre propostas para o estado quando esteve no Triângulo Mineiro. “Temos aqui uma agricultura e uma pecuária competitivas, por aqui estamos achando dólares para pagar a conta de um Brasil que se desindustrializou. Recentemente, subiu 200% o preço dos fertilizantes, porque mais da metade dos custos de produção da agricultura e da pecuária vêm do estrangeiro. Eu quero reforçar os esforço de industrialização do Brasil e complexo industrial do agronegócio para insumos da produção e para agregar valor da produção, gerando emprego e renda aqui”, disse em Uberlândia.

Termômetro eleitoral

Getúlio Vargas, em 1950, foi o último presidente eleito no Brasil sem conseguir uma vitória em Minas Gerais. Desde então, vencer nas urnas mineiras significa subir a rampa do Palácio do Planalto no ano seguinte.

No segundo turno de 2018, por exemplo, Jair Bolsonaro teve 58,19 % dos votos no estado, contra 41,81% dos votos de Fernando Haddad (PT). O atual candidato à reeleição foi o 10º presidente seguido a ser eleito com cenário favorável em Minas Gerais.





Além do tamanho do eleitorado, com 16,2 milhões de votantes, especialistas apontam que a condição de Minas como um “termômetro eleitoral” está relacionada à diversidade do comportamento eleitoral nas diferentes regiões do estado.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que lançou sua candidatura em Juiz de Fora, fez comício em BH, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursou para apoiadores na Praça da Estação, no Centro da capital

Corrida no estado

De acordo com pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados, divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas na sexta-feira (2/9), Lula tem 44,7% das intenções de voto entre os mineiros. Bolsonaro aparece na sequência, com 34,5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Ciro Gomes soma 4,1% das intenções de voto entre eleitores de Minas e está tecnicamente empatado com Simone Tebet, que tem 2,5%.


Emedebista comemora pesquisas

A senadora Simone Tebet (MS), candidata do MDB à Presidência da República, disse ontem que adotou a tática de "não ter estratégia" para o debate do pool liderado pela Rede Bandeirantes no último dia 28. A emedebista foi a candidata que mais ganhou seguidores após os confrontos com os adversários. Ontem, ela esteve em Belo Horizonte para cumprir compromissos de campanha. “Todo mundo me perguntou 'qual foi a sua estratégia no debate?'. Foi não ter estratégia. O eleitor não é bobo. Aprendi com meus avós: nada é mais sábio do que o povo – e é a sabedoria que vem da lida, do suor e da dificuldade", afirmou, na Praça do Papa, na Região Centro-Sul da capital mineira.





Tebet foi ao espaço para participar de um ato organizado pelo MDB em prol da Serra do Curral, alvo de debates após uma licença minerária concedida pelo poder público estadual. Segundo a série histórica das pesquisas BTG Pactual/FSB, divulgada ontem, Tebet lidera a única chapa presidencial a oscilar positivamente – dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais. A senadora tem 6% das intenções de voto e, na semana passada, apareceu com 4%. Há três semanas, ela tinha 3%. “Atribuo isso (o crescimento) à população brasileira, que está cansada dessa polarização e entendendo que a única candidatura que tem condições de unir o Brasil e acabar com esse ódio, que está atingindo, inclusive, as famílias, é a nossa”, comemorou a emedebista, em BH.

"O BTG me deu 100% de crescimento em duas semanas. Se eu crescer mais 100%, vamos para 12% daqui a 15 (dias), o que significa que a gente vai para o segundo turno. No Datafolha, crescemos 150% em 15 dias", falou ela. Tebet também subiu na mais recente sondagem do Datafolha, divulgada na quinta-feira, e passou de 2% para 5%. Lula e Bolsonaro, os primeiros colocados, têm 45% e 32%. (Registro BR-00433/2022.)

No BTG Pactual, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com 42%; Jair Bolsonaro, o segundo colocado, soma 34%. Lula, que aparece na primeira posição, oscilou percentualmente para menos. No dia 22, o candidato tinha 45%; no dia 29, 43%. Bolsonaro, principal adversário do petista, oscila também negativamente. Em 22 e 29 de agosto, ele tinha 36% das intenções de voto, e no levantamento divulgado ontem, 34%. Ciro Gomes (PDT) oscilou de 6% para 9% do dia 22 para o dia 29, e hoje tem 8% das intenções de voto. A pesquisa foi realizada entre 2 e 4 de setembro, com 2 mil entrevistados. O nível de confiabilidade é de 95% e tem uma margem de erro de dois pontos percentuais. Está registrada no TSE com o número BR-01786/2022.





Serra do Curral

Antes do ato na Serra do Curral, Tebet passou pela Praça Sete, no Centro, e fez um discurso em prol da mineração responsável. “Não existe desenvolvimento ou meio ambiente. É desenvolvimento e meio ambiente. Nós estamos aqui na terra das minas. Minas Gerais. Mas a mineração tem que existir com responsabilidade”, disse. Na data, que marca o Dia da Amazônia, Tebet pediu união nacional em torno da causa ambiental. A reboque, a emedebista destacou a importância da Serra do Curral, em evidência desde o fim de abril, quando o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) concedeu uma licença para mineração em parte do monumento.

“A serra é um cartão-postal de Minas, é um patrimônio histórico e merece ser preservada. Sem meio ambiente não existe vida. Portanto, defendo a preservação da Serra do Curral, sem deixar de lado a fonte de desenvolvimento de Minas”, pontuou. Na Praça Sete, Tebet parou no tradicional Café Nice, onde bebeu o cafezinho e conversou com apoiadores. A emedebista defendeu conexão entre a produção rural e a pauta ambiental. (Guilherme Peixoto e Vinícius Prates)
 

Pesquisa Ipec

A pesquisa do Instituto Ipec (antigo Ibope), publicada ontem, para a disputa presidencial indica o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 44% das intenções de voto. Seu principal opositor, Jair Bolsonaro (PL) está em segundo lugar com 31%. Ciro Gomes (PDT) está em terceiro lugar com 8%. Na sequência vem Simone Tebet (MDB), com 4% pontos percentuais.