Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Candidatos a presidente em campanha: discursos incluem religião


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, e a candidata emedebista Simone Tebet estiveram no interior de São Paulo em campanha ontem. A religião permeou os discursos de campanha de ambos. A candidata pelo MDB ao Planalto, Simone Tebet, esteve na manhã de ontem com o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, no Convento Redentorista, no Santuário de Aparecida, no interior paulista. Após a visita, ela assistiu a uma missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida. No encontro, dom Orlando definiu Simone como uma candidata bem preparada.




 
Em entrevista a jornalistas após a reunião, Tebet disse que a visita tinha um cunho pessoal, mas não deixava de guardar relação com o momento político pelo qual o Brasil passa. “Vim pedir proteção a Nossa Senhora”, disse. “Para mim, não há nada sem a fé. Ela nos move. Então, venho com minha fé e busco aqui a paz que preciso para continuar. Vim também pedir proteção para o país. A mesma paz que sempre peço para todas as famílias brasileiras, hoje vou pedir reforçada”, completou.

Segundo Tebet, o sentido da oração a São Francisco está sendo invertido no Brasil. “Onde há amor, está se levando, ódio; onde há união, desarmonia; e onde há a verdade, fake news. Que Nossa Senhora Aparecida possa realmente abençoar o Brasil nesses próximos 30 dias e a população brasileira, pelo voto, faça sua escolha de acordo com sua consciência e coração.”
 
Simone frisou a importância do Estado laico, mas reiterou o papel do governante em garantir a harmonia entre as religiões: “Tem que estar ao lado da fé, ao lado do povo. O povo brasileiro é um povo que tem várias religiões, mas todas elas convergem para o mesmo Deus”.




 
Em conversa com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Lula chamou seu principal oponente, o atual mandatário Jair Bolsonaro, de mentiroso – especialmente no que tange à religião. “A maior mentira que ele conta por dia é evocar Jesus toda hora. Vocês aqui, devem ter evangélicas, vocês sabem nos olhos dele que ele tá mentindo. Ele usa o nome de Jesus em vão, que é para tentar enganar a boa-fé das mulheres e dos homens cristãos desse país. Nós queremos estabelecer outra relação com a sociedade”, disse.

(foto: facebook/reprodução)

 
Lula voltou a destacar a importância das mulheres para o país, movimento que vem fazendo nos últimos dias. O ex-presidente disse sentir orgulho de ter indicado a primeira mulher para a presidência da República. “A Dilma (Rousseff) foi tirada do governo por uma sacanagem, foi tirada por uma bicicletada que ele (o presidente Jair Bolsonaro) disse que ela deu”, afirmou. “O tal do cara que votou para tirar ela, nem bicicletada dá: dá motociata, todo dia tem motociata. Você percebeu que ele não tem coragem de fazer comício? E quando ele vai é para fazer comício com os militares, com os militantes dele. Ou seja, ele não se mistura com o povo pobre porque ele sabe que ele mente demais”, criticou.
 
O candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, endossou o argumento de seu companheiro de chapa dizendo que um bom governo começa pela campanha. “E programa de governo se faz assim, ouvindo, dialogando e participando e não fazendo motociata nem jet ski, mas sim junto com a população”, afirmou. “Dia 2, na democracia quem manda é o povo, é o povo que escolhe. Como é que se pode escolher quem é contra a democracia? Que é contra ao voto, e não apenas à urna eletrônica, mas também contra ao voto popular”, questionou o vice de Lula.




Educação e saúde

Alckmin também falou que eleição é comparação. “Em relação à educação, nós tivemos cinco ministros da educação neste período aí do Bozo, o que fez a educação andar para trás. Já o Lula será o presidente da primeira infância”, afirmou.  Sobre educação, Lula defendeu, ainda, mais qualidade no ensino público e a expansão das vagas no ensino superior.“Vocês imaginam que quando nós chegamos no governo só tinha 3,5 milhões de meninas e meninos na universidade. Quando nós saímos já tinha 8 milhões. E eu quero que tenha 20, que tenha 15, que tenha 30 (milhões). Quanto mais tiver, melhor”, frisou. “Investir na formação de uma criança é o mais importante investimento que um país pode fazer no mundo”.
 
Sobre saúde pública, Lula destacou as dificuldades para atender as especialidades de atendimento e defendeu a proposta de aumentar a receita do Sistema Único de Saúde (SUS) e conveniar a rede de especialistas à estrutura pública. “Quando você for, e o médico pedir especialista, se na sua rua tiver especialista, é lá que você vai. Você não precisa ficar esperando. A maioria das pessoas fica esperando e nunca são atendidas. Morrem sem ser atendidas pelos especialistas. Para isso vamos precisar melhorar a receita para poder ter mais dinheiro para colocar no SUS, e vamos ter que aumentar a taxa que o SUS paga, porque às vezes o SUS paga bem para uma área, paga mal para a outra”, apontou.
(foto: alan dos santos/pr)

TROCA DE BANDEIRA 

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, participou, ontem, da cerimônia de Troca da Bandeira, que ocorre no primeiro domingo de cada mês, na Praça dos Três Poderes. Bolsonaro conversou com apoiadores na chegada ao local, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Neto, que é seu vice de Bolsonaro. O ato está ligado à série de comemorações do Bicentenário da Independência.





‘Não tem nada ganho’, diz Ciro

O candidato ao Planalto Ciro Gomes (PDT) cumpriu na tarde de ontem agenda de campanha em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O candidato estava acompanhado da vice, Ana Paula Matos (PDT). Durante a visita, Ciro afirmou que “não tem nada ganho” nas Eleições 2022. Ciro lembrou das pesquisas eleitorais para justificar seu argumento. “Eles esquecem, por exemplo, que em Minas Gerais, dez dias antes das eleições, ninguém ouvia falar o nome do Zema. E 10 dias depois, ele virou governador de Minas Gerais. Eles esquecem que no Rio de Janeiro, 10 dias antes das eleições, ninguém ouvia falar no tal de Witzel. Por quê? Porque a pesquisa retrata e a vida é filme", disse. A última pesquisa Datafolha divulgada, em 1º de setembro, mostrou que o candidato subiu para 9% das intenções de votos.
 
Durante a campanha, Ciro também voltou a comparar os candidatos à presidência da República, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com relação à administração política e econômica do país. “O sistema marcou para o povo brasileiro escolher entre o coisa ruim e o coisa pior”, comparou. “Qualquer bobo sabe que o Lula e o Bolsonaro são pessoas diferentes, mas o modelo de organizar a economia e o modelo de organizar a política são rigorosamente o mesmo”, disse.

Modelos

O candidato citou também as políticas econômicas, como câmbio flutuante, superávit primário, meta de inflação, teto de gastos, política de preços da Petrobras e autonomia do Banco Central, para exemplificar as semelhanças da gestão dos dois candidatos que estão na liderança. “Pegue esse dicionário e aplique no Bolsonaro. Ele vai dizer sim, sim, sim, sim, sim. Pegue esse dicionário e aplique no Lula. Ele vai dizer sim, sim, sim, sim, sim", disse Ciro. “O mais grave de tudo é que Lula assumiu um compromisso formal de manter o Banco Central do Bolsonaro. É o Banco Central que define os juros”, continuou, em crítica ao petista.