Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro sobre carta pela democracia: 'Preocupados com popularidade'

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar nesta sexta-feira (12/08) a Carta pela Democracia, documento lido ontem em São Paulo. O chefe do Executivo questionou se os signatários estão “preocupados com sua popularidade”, se tinha “alguém pregando golpe” e repetiu que o documento tem viés político.






A declaração ocorreu durante visita ao Sol Nascente, uma das regiões mais vulneráveis de Brasília, onde o chefe do Executivo gravou um vídeo para sua campanha para explorar a concessão em sua gestão do aumento das mensalidades do Auxílio Brasil de R$ 600 para famílias mais necessitadas. Depois, parou na BR 0-70 para comer um pastel e tomar um caldo de cana. Ele também tirou foto com apoiadores.

Segundo Bolsonaro, é um “ movimento de poucos artistas que não recebem mais lei Rouanet, de alguns sindicalistas que não têm mais o imposto sindical. Carta pela Democracia? Alguém está fazendo um ato antidemocrático no Brasil? Alguém tá desrespeitando a Constituição brasileira? Alguém está pregando golpe no Brasil? Alguém está pregando golpe aqui? Isso é política”, apontou.

“Tem que atacar o meu governo e tem que atacar onde eu estou errando. O que eu estou fazendo que é contrário à democracia? É por aí, pô! O que eu estou fazendo? Nada! Estão preocupados com minha popularidade?”, questionou.






A “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito” já atingiu mais de um milhão de assinaturas e foi elaborada pela Faculdade de Direito da USP com adesão de diversos setores da sociedade. Mais cedo, em publicação nas redes sociais, Bolsonaro postou uma foto segurando uma cópia da Constituição e comparou a carta a uma ‘“micareta do PT”.



“Acredito que a 'carta pela democracia', que foi lida na micareta do PT, teve algumas de suas páginas rasgadas, principalmente nas partes em que deveriam repudiar o apoio, inclusive financeiro, a ditaduras como Cuba, Nicarágua e Venezuela, bem como o controle da mídia/internet”.

O presidente ainda ironizou destacando que “assinar uma carta pela democracia enquanto apoia regimes que a desprezam e atacam os seus pilares tem a mesma relevância que uma carta contra as drogas assinada pelo Zé Pequeno, ou um manifesto em defesa das mulheres assinado pelo Maníaco do Parque”.






Por fim, disse que a “Carta pela democracia” do país é a Constituição e alegou que o ato parece “uma jogada eleitoral desesperada”.

“O Brasil já tem sua carta pela democracia: a Constituição. Essa é a única carta que importa na garantia do Estado democrático de direito, mas foi justamente ela que foi atacada pelos que agora promovem um texto paralelo que, para efeitos legais, vale menos que papel higiênico. Das duas uma, ou a esquerda repentinamente se arrependeu de suas ameaças crônicas à nossa democracia, como os esquemas de corrupção, os ataques à propriedade privada e na promoção de atos violentos, ou trata-se de uma jogada eleitoral desesperada. O golpe tá aí, cai quem quer”.

Carta pela democracia

A leitura da Carta foi um claro recado ao presidente de que qualquer tentativa de interromper o regime e tumultuar as eleições — desacreditando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e lançando suspeitas sobre a eficácia e a lisura do processo por meio das urnas eletrônicas — não será tolerada.

Em um dos trechos, o pedido é para “brasileiras e brasileiros fiquem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições”. “No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições”.