Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

''Puxadores de voto'' em ação para tentar ampliar bancadas na Câmara


A menos de 20 dias do início da janela das convenções que vão homologar chapas e candidatos para as eleições de outubro, partidos e dirigentes traçam estratégias para eleger deputados. Minas Gerais ocupa 53 das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados. Embora o otimismo impere por legendas dos mais diferentes espectros políticos e o discurso geral seja de tentar aumentar as bancadas, a tarefa inicial dos que já têm representação no Legislativo federal é renovar os mandatos conquistados há quatro anos.



No PSD, a meta é multiplicar por dois o número atual de assentos – quatro. A federação formada por PT, PCdoB e PV também mira o crescimento das agremiações e, para atingir o objetivo, se ampara justamente na formação de uma coalizão.

Em meio à caça ao eleitorado, surgem os famosos “puxadores de votos", vistos como essenciais para alavancar o desempenho das chapas. Na semana passada, por exemplo, o bombeiro Pedro Aihara, que ganhou notabilidade com as operações de resgate de vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, anunciou que tentará entrar no Congresso Nacional pelo Patriota.

O PT deve ter cerca de 40 candidatos à Câmara. Interlocutores do partido ouvidos sob reserva pelo Estado de Minas apontam o favoritismo de Reginaldo Lopes, Rogério Correia, Paulo Guedes, Padre João e Patrus Ananias, que devem tentar a reeleição

Reginaldo (2º) Guedes (4º), Correia (9º) e Padre João (10º), inclusive, estão entre os 10 mais votados em Minas em 2018. Há outras possibilidades, como os parlamentares Odair Cunha e Leonardo Monteiro, além do ex-governador Fernando Pimentel, convocado pelo pré-candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, para retornar à vida pública.





''Foi possível construir chapa com nomes competitivos dos três partidos. Uma construção coletiva que vai permitir eleger bom número '' - Cristiano Silveira, deputado estadual e presidente do PT-MG (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS)

PCdoB e PV também vão colocar nomes na relação entregue à Justiça Federal – um dos pré-candidatos comunistas é o ex-deputado Wadson Ribeiro. “Foi possível construir uma chapa com nomes competitivos dos três partidos.

Para federal, o PT cedeu espaço para o PV. Para estadual, PV e PCdoB abrem espaço para o PT. Uma construção coletiva que vai permitir eleger bom número (de parlamentares)”, avalia o presidente do PT-MG, o deputado estadual, Cristiano Silveira.

Apesar de recheada de quadros históricos, a lista de candidatos do PT também terá o humorista Gustavo Mendes, famoso pelas imitações da ex-presidente Dilma Rousseff. Para Cristiano Silveira, a presença do comediante será de suma importância. “(Gustavo) tem visibilidade pública e posicionamento político conhecido”, assinala.





“Muito otimista”


No PSD, conforme apurou o EM, a expectativa é de boas votações, sobretudo, de Diego Andrade, Misael Varella e Stefano Aguiar. O senador Alexandre Silveira, presidente do partido em Minas, prefere não citar nomes de postulantes em destaque, mas garante estar “muito otimista”.

“Acho que temos a oportunidade de dobrar a nossa bancada de deputados federais em Minas”, afirma.  A ideia é ter diversas candidaturas competitivas do PSD. “Estamos oferecendo ao povo mineiro alternativas das mais diversas áreas e regiões. Homens e mulheres, comprometidos com a melhoria da gestão pública e da qualidade de vida”, considera.

Atualmente com três parlamentares na capital federal — Aécio Neves, Eduardo Barbosa e Paulo Abi-Ackel — o PSDB trabalha para garantir novos mandatos para todos com votação maior. Se a estratégia der certo, há confiança pela quarta vaga. Há quem aponte, até mesmo, chance de os tucanos conseguirem cinco deputados. Aécio aparece na liderança da disputa pelo Senado nas pesquisas de intenção de voto.





Nos círculos internos do PSDB, o crescimento da votação dele para deputado, caso mantenha a ideia de permanecer na Câmara, é tido como certo. As chances de Barbosa e Abi-Ackel conquistarem mais eleitores também são citadas.

A tendência, no entanto, é que a alta deles não seja na mesma proporção do aumento previsto para o resultado do ex-governador. Duda Salabert, vereadora mais votada da história de BH, tende a disputar vaga de deputada federal pelo PDT. Caso concorra, será uma das líderes da chapa, ao lado do parlamentar Mário Heringer. As expectativas pedetistas são de conseguir cinco cadeiras.

PL quer as duas primeiras vagas


No PL, haverá a participação do bolsonarista Nikolas Ferreira, vice-líder em votos na capital há dois anos. O partido tem sete deputados federais - entre eles Lincoln Portela (vice-presidente da Câmara), Domingos Sávio (ex-tucano), e Junio Amaral, outro aliado do presidente Jair Bolsonaro. A projeção para este ano é chegar a oito ou nove vagas.



"Acredito que teremos o primeiro e o segundo mais votados de Minas", diz o ex-deputado José Santana, presidente estadual da sigla. Ele acredita, inclusive, no bom desempenho da ala feminina dos liberais. "São mulheres que estão participando ativamente da política. Teremos uma chapa completa, com sobras", explica.

O deputado estadual Bruno Engler, que terminou em segundo na disputa pela Prefeitura de BH em 2020, ensaiou concorrer à Câmara, mas decidiu tentar novo mandato na Assembleia Legislativa. Um dos objetivos dele, de acordo com aliados, é se cacifar para a próxima eleição municipal, em 2024.

Novo aposta em outra tática

Diferentemente das legendas que buscam os tradicionais puxadores, o Novo trabalha para ter boas médias de votação e, assim, conseguir quatro vagas na bancada mineira - hoje, são duas. Tiago Mitraud, um dos deputados do partido, abriu mão da reeleição para ser o vice-candidato na chapa presidencial do colega Felipe d'Avila. Lucas Gonzalez, o outro integrante do diretório mineiro do Novo em Brasília, quer novo mandato. Na disputa, ele terá a companhia do deputado estadual Guilherme da Cunha e do ex-vereador de BH Bernardo Ramos.

"Outras chapas, normalmente, pegam um ou dois cabeças e enchem de gente para fazer número e eleger esses dois cabeças. Temos média de voto bem mais alta que outros partidos - e mais bem distribuídos - porque a gente tem um grupo muito maior de candidatos competitivos", ressalta Mitraud.



O voto de legenda, impulsionado pelo governo de Romeu Zema, também é uma das armas. Em 2018, segundo Mitraud, o partido se beneficiou disso por causa do crescimento de Zema na última semana antes do primeiro turno. "Acho que a gente consegue chegar à casa de 800 mil a 1 milhão de votos em Minas", acredita.

Mineiros na Câmara dos Deputados

Atual composição da bancada do estado, que tem 53 cadeiras no Parlamento

PL - 7
 
PP - 7
 
PT - 7
 
PSD - 4
 
Republicanos - 4
 
Avante - 3
 
MDB - 3
 
PSDB - 3
 
União Brasil - 3
 
Novo - 2
 
Patriota - 2
 
PDT - 1
 
Podemos - 1
 
Pros - 1
 
PSB - 1
 
PSC - 1
 
Psol - 1
 
PV - 1
 
Solidariedade - 1
 
TOTAL - 53

FONTE: Congresso Nacional