Jornal Estado de Minas

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Anitta pede fim de polêmica com sertanejos e diz ser contra CPI


Anitta se manifestou nas redes sociais neste domingo (5/6) para explicar a declaração dada ao programa Fantástico, da TV Globo, no qual ela revelou ter recusado propostas para shows superfaturados com uso de dinheiro público. A cantora pediu uma trégua na polêmica com os artistas sertanejos e disse ser contra a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os eventos contratados pelas prefeituras.





“Eu não quero criar polêmica com esse assunto. Eu não tenho nada contra o sertanejo. Não acho que tem que ser criada CPI contra sertanejo. Acho que tem que ser criada mais investigações contra corrupção em geral no nosso país”.

No Fantástico, Anitta comentou as ofertas de shows superfaturados. “A gente que é da música sempre soube que isso existia. (...) 'Ah, você cobra tanto, aí eu vou e pego um pedaço'. Falei: 'não'. 'Ele te dá mais um pouco se você declarar que recebeu tanto'. Falei: 'querido, meu cachê é esse'. Quer assim? Bem. Não quer? (...). Como nossa empresa começou do nada, estamos sempre contratando auditoria, pois temos medo de fazer algo por falta de conhecimento”.

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Nas redes sociais, a cantora explicou que seria inviável denunciar o escândalo e pediu somente o fim da corrupção. “Todos nós já tivemos pessoas oferecendo a gente propostas que não são éticas. Vai de cada um, da escolha de cada pessoa. Concordar ou não com cada proposta que é feita. Ah, por que você não denunciou? Porque as coisas não funcionam assim, gente. Para denunciar tem que ter prova, tem que ter colhão”, frisou.





“Não desejo mal a ninguém, desejo o fim da corrupção. É isso. Verba de entretenimento é importante sim. Eu já fiz um show de prefeitura em valores consideráveis, justificáveis. Existem sim cidades que nunca tiveram a oportunidade de ver um show de entretenimento, de ter acesso a certas coisas. É muito importante ter verba de entretenimento. Então, não vamos generalizar”, complementou.


Com relação aos sertanejos, Anitta evitou partir para a ofensiva e defendeu a importância da destinação de “verba de entretenimento” pelas administrações municipais. “Não vamos generalizar. Cada caso é um caso que tem que ser estudado. Toda cidade tem que ter o seu acesso ao entretenimento, usado de maneira justa. Não tem polêmica, não ataquei ninguém. Não é isso que eu quero. Não ataquei antes e não vou atacar”

Por fim, a artista pop disse que ficará longe do mundo virtual até a poeira baixar: “Eu vou desligar meu telefone, pretendo estar fora das redes sociais por um tempo, a não ser que um milagre aconteça nas próximas horas. Vou ficar um pouco ausente. Não me peçam para entrar, para conversar”.


Polêmica


A polêmica com Anitta e os sertanejos começou em 12 de maio, quando o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, afirmou durante show em Sorriso (MT): “Nós somos artistas que não dependemos da Lei Rouanet. O nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no toba para mostrar se a gente tá bem ou não". A referência do cantor foi a uma tatuagem íntima feita por Anitta.




A declaração fez com que várias pessoas começassem a apontar que, embora não usem da lei, os cantores de música sertaneja fazem apresentações pagas com verba municipal. Nas redes, usuários mostraram que Zé Neto faturou R$ 400 mil da prefeitura de Sorriso pelo show realizado na 33ª Exporriso. Desde então, uma série de investigações sobre os cachês de prefeituras a artistas de gênero foram iniciadas.

Na semana passada, foi revelado pela reportagem do Estado de Minas que a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, pagaria ao cantor Gusttavo Lima um cachê de R$ 1,2 milhão. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou procedimento para analisar os contratos do município com Gusttavo e outros artistas no valor de R$ 2,3 milhões. As apresentações acabaram canceladas.

O dinheiro desembolsado por Conceição do Mato Dentro viria de recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), tributo pago pelas mineradoras às cidades onde há atividades do ramo. Por lei, os recursos só podem ser aplicados em saúde, educação e infraestrutura.




Emenda Pix


O jornal Estado de S. Paulo publicou em 31 de maio reportagem sobre a liberação de R$ 3,2 bilhões em recursos públicos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para os municípios. Não há uma regra para o uso do dinheiro, podendo as gestões adquirir equipamentos, veículos ou até mesmo pagar por shows de artistas. Deputados e senadores são os responsáveis pelo direcionamento da verba chamada de "Emenda Pix"


Em Minas, o deputado federal André Janones (Avante), pré-candidato à presidência da República, repassou emenda de R$ 7 milhões para Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Do montante, R$ 5,1 milhões foram destinados a ações em saúde e educação, e o restante, R$ 1,9 milhão, bancará a edição de 2022 da Exposição de novas tecnologias voltadas ao desenvolvimento da Pecuária (Expopec).

Desse R$ 1,9 milhão, R$ 500 mil custearão a infraestrutura do evento. Da fatia que sobrou, de R$ 1,4 milhão, sairão os cachês. Além de Gusttavo Lima, a feira terá apresentações de duplas como Zezé di Camargo e Luciano, João Neto e Frederico e Gian e Giovani.