Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Zema e Kalil trocam farpas e acirram disputa pelo governo de Minas este ano

 

''Quero pedir duas gentilezas públicas ao governador: que nunca mais cite o nome do meu pai em nenhuma entrevista dele, e que nunca mais fale da minha vida privada em nenhuma entrevista. Porque, por enquanto, nós estamos falando em governo, em como governar. Eu vim aqui para debater como governar, como melhorar este estado, que está estagnado'' - Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato do PSD ao governo de MG, ao participar do Congresso Mineiro de Municípios (foto: INTERNET/REPRODUÇÃO)

 

O governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à reeleição, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), seu principal adversário, trocaram farpas ontem durante o Congresso Mineiro dos Municípios. Primeiro, Zema rebateu Kalil, que em entrevista na noite de quarta-feira ao "Flow Podcast" chamou o rival de "débil mental". "Recebi uma empresa pequena e multipliquei. Ele sempre viveu na sombra do pai, depois na sombra do Atlético, que também melhorou depois da saída dele. E eu desafio ele a fazer um teste de QI. Talvez se eu seja (sic), ele é muito mais. Então, fica aqui o desafio", disse Zema em entrevista coletiva após falar aos prefeitos mineiros no congresso, realizado pela Associação Mineira dos Municípios (AMM), no Expominas, em Belo Horizonte.



Kalil rebateu, quando começou seu discurso aos prefeitos. "Quero pedir duas gentilezas públicas ao governador: que nunca mais cite o nome do meu pai em nenhuma entrevista dele, e que nunca mais fale da minha vida privada em nenhuma entrevista. Porque, por enquanto, nós estamos falando em governo, em como governar. Eu vim aqui para debater como governar, como melhorar este estado, que está estagnado", afirmou.

O encontro foi marcado por debates acalorados. A fala de Zema chegou a ser interrompida por uma mulher que entrou no auditório com o objetivo de protestar. Julvan Lacerda, que ontem cedeu a presidência da AMM ao prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius Bizarro, precisou intervir para serenar os ânimos. "Aqui é lugar de debate; não de manifestação", disse Zema em meio ao entrevero.

Em sua participação na conferência, Zema teceu considerações sobre as dificuldades financeiras do estado e anunciou ter quitado o acordo firmado com a AMM para regularizar os repasses relacionados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Valores atrasados de IPVA e ICMS também foram acertados. “Estamos pagando, mensalmente, dívidas com os municípios. Temos, ainda, muito a pagar. Já quitamos um valor que supera os R$ 8 bilhões”, explicou.





RECURSOS ESTADUAIS


Os valores citados por Zema dizem respeito, justamente, aos atrasados de IPVA, ICMS e Fundeb. Os restos a pagar, por sua vez, têm relação com outro trato firmado com a AMM, a fim de zerar repasses ligados à saúde. Ao tratar dos passivos contraídos junto às prefeituras, o governador não poupou críticas ao antecessor Fernando Pimentel (PT). “Mesmo tendo de arcar com uma dívida tão grande, feita pelo governo antigo, temos conseguido levar Minas adiante. Somos, hoje, o estado mais seguro do Brasil — o que significa vida melhor e atração de investimentos.”

Além das farpas trocadas com Zema, Kalil aproveitou o tempo destinado pela AMM para cobrar “maciço investimento” em obras para aprimorar as rodovias. “Vamos ter que fazer um trabalho monstruoso e caríssimo. o abandono de um patrimônio que não tem preço: as estradas de Minas Gerais”, assinalou. Segundo ele, privatizar as vias controladas pelo governo mineiro é algo “financeiramente inviável”. O ex-prefeito de BH afirmou, ainda, que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens (DER) é um “cabedal de empregos”.

Na semana passada, Kalil oficializou união ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O pessedista explicou os motivos da decisão. “Estou com o presidente Lula porque acredito que ele vai cuidar melhor deste país”, assegurou. A aliança motivou, inclusive, a indicação de deputado estadual petista para o posto de vice na chapa que vai disputar o governo.



PESTANA SE REAPRESENTA


Durante o evento da AMM, também houve oportunidade para que o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) falasse sobre sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes. O tucano, que também atuou como secretário de Estado de Saúde, pregou harmonia e diálogo e disse que, se eleito, pretende convidar os adversários para um café, a fim de debaterem Minas Gerais.

“A chamada nova política, que teve uma onda em 2018, é muito blá-blá-blá de internet, de rede social, e pouco resultado. Venho com a política que resolve problemas através do diálogo e da competência gerencial”, falou. Pestana mencionou, também, as viagens que fez por cidades mineiras ao longo de sua trajetória política. “Dos quatro pré-candidatos, quem visitou mais de 550 municípios?”, perguntou.