Jornal Estado de Minas

CORRIDA AO PLANALTO

Presidente do PSDB mineiro sobre desistência de Doria: 'Gesto de grandeza'

O deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB mineiro, chamou de "gesto de grandeza" a decisão do correligionário João Doria, que desistiu de disputar a presidência da República. O tucano anunciou nesta segunda-feira (23/5) a retirada de sua pré-candidatura.



Ex-governador de São Paulo, Doria venceu as prévias do partido em novembro do ano passado. Apesar do triunfo, encontrava resistência em parte do tucanato - e também em outros partidos do bloco da terceira via.

"A história registra de forma temporária e deixa o tempo esquecer os gestos políticos circunstanciais. Mas a história põe em seus manuais, para sempre, aqueles que, em gestos de grandeza, marcam a política com 'P' maiúsculo. Assim, foi a decisão do governador João Doria", disse Abi-Ackel.

O paulista deixou o Palácio dos Bandeirantes em 31 de março, a fim de viabilizar a pré-candidatura ao Planalto. Na mesma data, Eduardo Leite, um dos derrotados na eleição interna, renunciou ao governo gaúcho.

Hoje, ao anunciar a desistência, Doria reconheceu não ter conseguido construir unanimidade. "Entendo, serenamente, que não sou a escolha da cúpula do PSDB", disse. "Para a eleição deste ano, me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", emendou.



Minas Gerais foi um dos focos de resistência à pré-candidatura de Doria. A maioria dos tucanos do estado apoiou abertamente Eduardo Leite. Aécio Neves, deputado federal, prega há alguns meses a saída do ex-governador de São Paulo do páreo.

Domingos Sávio, um dos deputados de Minas que apoiou Doria nas prévias, acabou por deixar o PSDB. Ele acertou com o PL.

 

Para a eleição estadual, os tucanos mineiros apostam na pré-candidatura de Marcus Pestana, ex-secretário de Estado de Saúde e ex-deputado federal. 

Nome de Tebet está 'posto'


O PSDB deve formar uma federação partidária com o Cidadania, outrora chamado de PPS. As legendas querem formar uma coalizão com o MDB a fim de escolher um nome de consenso à presidência. Neste momento, a hipótese mais forte está em torno da senadora emedebista Simone Tebet (MS).



Minutos após Doria sair de cena, o presidente nacional tucano, Bruno Araújo, admitiu a simpatia do grupo por Tebet, mas afirmou que, antes de o martelo ser batido, é preciso debater temas como propostas para o país e alianças regionais.

"A construção, agora, não é só definir nome - e Simone é o nome posto. Precisamos construir um projeto de compromissos de programa com o Brasil", explicou.

Apesar dos entraves recentes que culminaram, inclusive, na saída de Bruno Araújo da coordenação da pré-campanha de Doria, ambos falaram, hoje, sobre a necessidade de romper a "polarização" entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas eleitorais.

Araújo enalteceu a decisão de Doria e garantiu que o União Brasil é "bem-vindo" à coalizão. O partido compunha o grupo original de legendas em busca de um candidato de consenso, mas abandonou o ajuntamento e lançou o deputado federal Luciano Bivar (PE).

"Fica aqui um apelo de reflexão para o União Brasil voltar a se incorporar a esse projeto que, agora, dá demonstrações claras, com o gesto de João Doria, que é possível aglutinar não a unanimidade, mas o consenso", pontuou, citando as alianças entre tucanos e União em estados como São Paulo (Rodrigo Garcia) e Bahia (ACM Neto).