Jornal Estado de Minas

GOVERNO

Em visita a Minas, Jair Bolsonaro diz que tem "dívida" com Juiz de Fora



O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em João Pinheiro, no Noroeste mineiro, ontem, para conceder títulos de terras a produtores rurais. Durante a entrega, o chefe do Poder Executivo municipal prometeu voltar a Minas Gerais em breve. O objetivo dele é visitar Juiz de Fora, na Zona da Mata, onde levou a facada em 2018, durante a campanha eleitoral. "É uma satisfação retornar a minha Minas Gerais. Deus me deu, em Juiz de Fora, uma segunda vida", disse, cercado por apoiadores e integrantes do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios.





O ataque a Bolsonaro ocorreu em 6 de setembro, a menos de um mês do último pleito presidencial. Ele precisou, inclusive, passar por um procedimento cirúrgico ainda em Juiz de Fora. "Tenho uma dívida aqui. Quero voltar a Juiz de Fora ainda no corrente ano. Aquela cidade marcou a minha vida. Boas lembranças tenho, em grande maioria, daquele local. Médicos e profissionais de saúde salvaram a minha vida", afirmou. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) reabriu o inquérito para saber se Adélio Bispo de Oliveira, autor do golpe, teve ajuda de alguém. Nas duas apurações anteriores, a corporação havia concluído que ele agiu sozinho.



No evento de ontem, Bolsonaro esteve ladeado por Carlos Viana (PL), vice-líder do governo no Senado e pré-candidato ao governo mineiro. O deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, também do PL e nome do presidente para tentar assento no Senado pelo estado, foi outro a participar. A ideia de Bolsonaro sobre voltar a Minas vai ao encontro dos desejos de Viana. Ao deixar o MDB e se filiar ao PL para ganhar, oficialmente, o status de pré-candidato do presidente ao Palácio Tiradentes, o parlamentar reivindicou a expansão do número de agendas em solo mineiro. Há planos, por exemplo, para atividades em Uberba, no Triângulo, em em Montes Claros, no Norte do estado.

MULHERES NO CAMPO

Em seu discurso no estádio municipal de João Pinheiro, Bolsonaro elogiou as mulheres que atuam na produção rural. Os títulos de posse entregues estavam todos em nome de mulheres. A decisão, segundo o presidente, teve influência das ex-ministras Tereza Cristina (Agricultura), e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). "A mulher é quem mais fica na terra. É quem dá, na prática, a maior contribuição para a criação dos filhos. E, praticamente delas, a maior carga cultural para todos nós", afirmou Bolsonaro.





Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apontam que, de 2019 a 2022, mais de 8 mil títulos de propriedades rurais foram emitidos em Minas. O governo federal espera entregar outros 2 mil documentos de posse até o fim deste ano. "Quando a gente titula uma terra, aquele assentado, ao ter uma garantia de que aquela terra é sua e que as benfeitorias feitas ali ficarão para filhos e netos, produz mais para todos nós", explicou Bolsonaro. Houve tempo, ainda, para o presidente da República criticar os governos de "bandeira vermelha", em menção indireta aos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O discurso serviu, também, para Bolsonaro cumprimentar o pai do cantor sertanejo Gusttavo Lima. O homem, de nome Alcino, chegou a ser chamado de "Antônio" pelo capitão reformado.

Recém-empossado titular da Agricultura na vaga de Tereza Cristina, o ex-deputado federal Marcos Montes comemorou as entregas feitas a João Pinheiro. "Quando você prestigia a agricultura familiar e prestigia o assentado, estamos prestigiando o verdadeiro agro do Brasil, que está nessa região". O prefeito de João Pinheiro, Edmar Xavier Maciel, comemorou. "Temos um assentamento com mais de 40 anos, o Fruta Dantas, além de vários outros assentamentos".

A agenda de Bolsonaro em Minas foi acompanhada por um séquito de parlamentares aliados a ele, como os deputados federais Zé Vitor, Junio Amaral (ambos do PL) e Léo Motta, do Republicanos. Bateram ponto, também, os deputados estaduais liberais Bruno Engler e Coronel Sandro