A culpa atribuída por Romeu Zema (Novo) aos deputados estaduais de Minas Gerais pelo atraso no pontapé inicial de um pacote de obras em rodovias gerou irritação na Assembleia Legislativa. Nesta segunda-feira (4/4), o governador afirmou que a "politicagem" protelou a votação que viabilizou os recursos para as intervenções. A declaração fez Zema ser classificado como "injusto" e "desrespeitoso" por André Quintão (PT), líder da oposição.
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Acordo entre Novo e União Brasil ganha força, e Bilac pode ser vice de ZemaZema culpa Assembleia por atraso de obras rodoviárias: 'Politicagem'Mais de um terço dos deputados da ALMG troca de partido; veja o vaivémDeputados querem derrubar vetos de Zema aos reajustes de servidoresMG: Zema veta reajustes extras a servidores da Educação, Saúde e SegurançaO projeto chegou à assembleia em fevereiro do ano passado, mas só foi aprovado em julho. Durante o período, deputados e a equipe Zema divergiram sobre o destino de parte dos recursos.
"Mais uma vez o governador foi injusto e desrespeitoso com a Assembleia Legislativa, que fez a sua parte, aperfeiçoou a proposta do governo e fortaleceu o investimento dos recursos em atividades-fim na área social, para os municípios, e com a possibilidade de investimentos que trouxessem melhorias para o povo", disse André.
Mais cedo, no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), em Belo Horizonte, onde as obras foram reveladas, Zema teceu críticas aos deputados. Segundo ele, o fato de o acordo com a mineradora não ter sido homologado rapidamente impediu que as rodovias tivessem processos de melhorias iniciados de forma ágil.
"O pequeno atraso de 5 meses na votação da assembleia, na minha opinião por motivo de politicagem por parte de alguns, atrasou em praticamente um ano porque em período de chuva não dá para se iniciar obras", falou. "Fizemos um acordo em fevereiro do ano passado e já foi para a assembleia imediatamente. Se tivesse sido votado em março , teríamos, com toda certeza, tido tempo de licitar e fazer alguma coisa antes do período chuvoso", emendou.
André Quintão, no entanto, rebateu e questionou o fato de o programa ter sido lançado na reta final do mandato. "Me parece que o que soa como politicagem é lançar um programa a apenas seis meses da eleição", contra-atacou. "O governador vem se especializando em transferir responsabilidades que são suas. Neste caso, inclusive, em um momento pré-eleitoral", pontuou o petista.
Desgaste ampliado
Zema tem mantido relação acidentada com deputados estaduais. Um de seus opositores é o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PSD). Ele, aliás, é o mais cotado para ser o vice-candidato na chapa de Alexandre Kalil (PSD) rumo ao governo.
Na semana passada, quando o governador anunciou o veto, oficializado nesta segunda, aos reajustes adicionais concedidos pelos parlamentares a parte do funcionalismo público, Agostinho falou em "honrar a palavra", por causa de um acordo assinado por Zema com as forças de segurança em 2019.
"Ainda há tempo para honrar a palavra. Diferentemente do governo, a Assembleia deu uma manifestação de maturidade para dialogar e buscar o entendimento. Com independência, aprovamos um reajuste justo para o funcionalismo. Saúde, educação e segurança pública não existem sem as pessoas", alfinetou.