Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Lula pede moderação à militância petista e aos aliados políticos


Brasília – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato a presidente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mudou o tom para conter o clima do “já ganhou” entre os aliados e militantes na corrida contra o seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não existe essa de já ganhou”, disse Lula durante evento que reuniu mulheres em São Paulo, na última quinta-feira.




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Na ocasião, Lula disse ainda que o pleito de outubro não será fácil, embora ele esteja na liderança das pesquisas de intenção de voto. O ex-presidente defendeu o diálogo com políticos de diversos partidos e orientações ideológicas, inclusive quem o passado divergiu do PT.



“Eleição a gente só sabe o resultado depois da apuração, então vamos precisar ter muita habilidade de construir as nossas alianças, de conviver com pessoas. Tem gente que fala ‘pô, Lula, mas você conversou com pessoas que votaram no impeachment’. Se eu não for conversar com um cara que votou no impeachment, eu vou deixar de conversar com pelo menos 400 deputados”, observou.

A construção do processo eleitoral mobiliza políticos e militantes petistas em todo o país. Apenas para citar um exemplo, durante viagem no começo de março o petista fez escala em Manaus, capital do Amazonas, onde se encontrou com o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD), o deputado federal petista José Ricardo (AM), a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), para prometer defender a Zona Franca de Manaus (ZFM).





De acordo com o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto de Carvalho, a “unidade ampla” com partidos e políticos está em pleno avanço, mas a federação do PT, PCdoB e PV deverá parar por aí, uma vez que PSOL e PSB estão optando apenas por uma coligação. “Decidimos que só vamos decidir a federação após o fim do período da janela partidária”, explica.

A questão com o PSB se resolveu, de acordo com Carvalho, com protagonismo do próprio Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo pelo PSDB, que usou as redes sociais, nessa semana, para dizer que a sua filiação aos socialistas não estava tão acertada assim, o que contraria tuíte do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Dúvida 


O clima do “já ganhou” esbarra também em articulações do PT que ainda não estão sacramentadas. Alguns parlamentares petistas ainda têm expectativa de que Guilherme Boulos (PSOL) retire a sua candidatura ao governo de São Paulo e apoie a campanha do petista Fernando Haddad. Em troca, o PT oferece apoio a Boulos nas eleições de 2024, em eventual candidatura à prefeitura paulistana.





Em entrevista ao Correio Braziliense/Diários Associados durante o evento “Ato pela Terra contra o Pacote da Destruição”, Boulos disse que apoia Lula.

No entanto, a posição de Boulos não resume o PSOL. Para o cientista político Ismael Almeida, a estrutura partidária do PT pode ser um trunfo nas negociações de apoio a candidatura de Lula:“O que atrai uma possível aliança é a estrutura partidária do PT, que é um dos maiores partidos do Brasil. Então, eles têm uma estrutura grande, com muito recurso de fundo partidário e também terá fundo eleitoral, tempo de TV”, observou.