Mesmo com a ameaça de paralisação dos servidores, o prefeito de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, Gleidson Azevedo (PSC), recusou a proposta da campanha salarial. Batendo o pé, ele reafirmou, nesta quarta-feira (2/2), que manterá a contraproposta do governo e concederá a reposição de 9,63% em duas vezes.
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Entretanto, estudo solicitado pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) mostrou que o município tinha capacidade financeira para conceder até 13%.
Após as negociações, a categoria recuou e pediu apenas que o índice proposto pelo governo fosse pago integralmente na folha de fevereiro, o que foi negado.
Ao reafirmar que não arredará o pé da contraproposta, o governo emitiu nota dizendo que ela “permeia-se na realidade financeira atual do município”.
“Se eu pudesse, daria 15%, 20%, tudo aquilo que o servidor merece, mas, esses 9,63% é tudo que a condição financeira do município atualmente permite”, argumenta Azevedo.
Disse também que foram realizados estudos e análises, primando pela transparência e responsabilidade com os servidores, sem deixar de observar os parâmetros impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, dentre outros normativos.
O governo manterá ainda a proposta de reajuste de R$ 1 do vale alimentação para 2022 e, sucessivamente, no mesmo valor, para 2023 e 2024. Azevedo abriu espaço para novas discussões, entretanto, em outro momento, “conforme realidade financeira do município na ocasião”.
O funcionalismo pediu que o ticket fosse fixado em R$20, a exemplo da Empresa Municipal de Obras Públicas (Emop), com aumento anual de R$1.
A categoria também exigiu a obrigatoriedade da apresentação do cartão de vacinação de todos aqueles que estiverem dentro do ambiente escolar. Em outra ocasião, o prefeito já havia descartado o “passaporte da vacina” alegando liberdade e democracia.
Azevedo afirmou que o tema não tinha sido ainda objeto das discussões anteriores e o tratou como “estranho”. Alegou que a vacina não faz parte do Plano Nacional de Imunização (PNI), mas, sim, do Plano Nacional Operacionalização da Vacinação (PNO) contra COVID-19.
“Sendo assim, informamos que não será obrigatória a apresentação do certificado de vacinação no município, pelo que seguiremos as diretrizes dos governos estadual e federal”.
Fim da negociação
O Sintram lamentou o que chamou de “costumeiro autoritarismo”. A entidade viu a decisão como encerramento “unilateral” das negociações.
Em nota, divulgada nesta quarta-feira (2/2), o sindicato classificou ainda como “desrespeitoso”. “Escancara, ainda, uma administração comprometida apenas com o fisiologismo e o populismo”, afirma. Citou a rejeição do governo entre os servidores.
“Não apenas por sua insensibilidade em cumprir a lei e pagar o que deve à categoria. Muito mais pelo comportamento patético de um governo que quer manter seu eleitorado com medidas descabidas, que atingem especialmente o servidor que mais trabalha, com vencimentos quase equivalente ao salário mínimo”, alega.
Destacou também a atuação dos profissionais da saúde durante a pandemia da COVID-19 e daqueles que atuaram durante as chuvas intensas do início deste ano.
“Ao encerrar as negociações, o prefeito e sua vice batem as portas da prefeitura na cara dos servidores”, enfatiza. O sindicato finaliza dizendo que as negociações ainda não estão encerradas e que os servidores precisam ser ouvidos.
*Amanda Quintiliano especial para o EM