Jornal Estado de Minas

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Contra 'obediência' ao PT, David Miranda sai do PSOL e vai para o PDT

O deputado federal David Miranda (RJ) anunciou, neste sábado (22/1), que vai deixar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e se filiar ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). A troca vai acontecer em março, quando a temporada de trocas de legenda se abre.



David vai sair do PSOL por estar preocupado com os rumos do partido, sobretudo por causa das relações com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, afirmou não compactuar com recentes votações de quadros pedetistas no Congresso Nacional - no primeiro turno da PEC dos Precatórios, por exemplo, parte o partido ajudou a aprovar o texto.

"Nenhum partido político é perfeito, mas o PSOL, a meu ver, corre o risco neste momento de sacrificar a sua essência para se tornar um braço leal de um partido e ideologia a que foi criado para se opor", disse, em menção indireta a Lula e ao PT.

No PSOL, o parlamentar era uma das figuras ligadas ao Movimento Esquerda Socialista (MES), uma das tendências internas da sigla. O deputado federal escolheu o PDT por causa de Leonel Brizola, líder trabalhista que faria 100 anos neste sábado se vivo estivesse.  Ele projetou atuar em prol da atualização do "legado de Brizola".



"É para renovar e atualizar esse legado histórico em toda sua radicalidade e promover uma síntese entre ele e as lutas atuais que somente um homem negro, favelado, LGBT pode representar, que escolhi ir para o PDT".

David Miranda assumiu o mandato em janeiro de 2019, após a renúncia de Jean Wyllys - que também deixou o PSOL, mas para se filiar ao PT. Ele alegou estar sofrendo ameaças e deixou o Brasil. O PDT, por sua vez, aposta em Ciro Gomes na eleição deste ano. Ontem, ele foi lançado pré-candidato da agremiação à presidência da República.

O PSOL, curiosamente, nasceu de dissidência do PT. Agora, porém, tem sinalizado com a possibilidade de apoiar o ex-presidente contra Jair Bolsonaro (PL). Dentro do partido, porém, há quem defenda a candidatura própria - Glauber Braga, outro deputado federal pelo Rio, é uma dessas vozes.

"Não é hora de se submeter obedientemente ao PT e aceitar covardemente que um retorno ao passado é o melhor que podemos fazer pelo Brasil neste momento. É hora de ter coragem. E caso Lula venha a ser eleito, acredito ser ainda mais importante e necessária a articulação de uma oposição ao governo dentro do campo da esquerda. A oposição é do jogo democrático e não podemos deixá-la a cargo somente da direita sob o risco de continuarmos alimentando a mesma polarização atual", protestou David Miranda.

O marido do deputado é o jornalista Glenn Greenwald, um dos artífices da "Vaza Jato", série de reportagens que revelou diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro, hoje pré-candidato ao Planalto, e o então procurador Deltan Dallagnol. Ambos atuaram na Lava Jato, operação que culminou na prisão de Lula.