Curitiba – O ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava- Jato, Deltan Dallagnol, filiou-se nessa sexta-feira (10/12) ao Podemos. A cerimônia de filiação ocorreu num hotel em Curitiba e contou com a presença do ex-juiz dos processos da operação, Sergio Moro, que também aderiu ao partido no mês passado e foi tratado no evento como candidato à Presidência em 2022.
O hotel da filiação já havia sido local de entrevistas de Deltan quando ele ainda era o procurador da República chefe da Lava-Jato. Numa praça em frente ao espaço, enquanto ele falava num auditório para cerca de 150 pessoas, uma dezena de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), denunciado por Deltan, realizava um ato contra o ex-membro do Ministério Público Federal (MPF).
Uma faixa trazida pelos manifestantes dizia que Deltan usou o Ministério Público para perseguir políticos, como o próprio Lula.
Deltan, por sua vez, defendeu seu trabalho e repetiu algumas vezes em seu discurso seu compromisso no combate à corrupção. "Ela não é o único problema do Brasil, mas é um problema central do nosso país", disse.
Afirmou que o Brasil passa por um momento de retrocesso no combate a esse problema e que isso precisa mudar. "Se não nos mexermos, quando acordar teremos retrocedido 30 anos no combate à corrupção."
Deltan não concedeu entrevista a jornalistas. A apoiadores, anunciou o lançamento de uma campanha para que candidatos a cargos públicos nas próximas eleições se comprometam com a defesa da democracia, preparação política e também com o combate à corrupção.
Ele afirmou que sua campanha é suprapartidária. Ele espera que 200 candidatos em 2022 assinem uma carta compromisso na qual constam os três princípios de atuação.
Como procurador, Deltan trabalhou na Lava-Jato de 2014 a 2020. Em novembro, pediu exoneração do MPF, dizendo que pretendia continuar trabalhando contra a corrupção de outra forma.
Moro, que discursou antes de Deltan, disse que o novo colega de partido é uma pessoa comprometida e disposta a sacrificar sua carreira no Ministério Público para entrar na política em prol do bem comum.