O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, confirmou ontem que vai deixar o Democratas (DEM) rumo ao Partido Social Democrático (PSD). A troca ocorrerá após meses de suspense, desde que o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, havia feito o convite ao senador. O ato de filiação de Pacheco à nova sigla está agendado para a próxima quarta-feira, no Memorial JK, em Brasília (DF). O desejo do PSD é tê-lo como candidato ao Palácio do Planalto.
O DEM dá os últimos passos antes da já acertada fusão com o Partido Social Liberal (PSL) para formar o União Brasil. ''Comunico que, nesta data, tomei a decisão de me filiar ao PSD, a convite de seu presidente, Gilberto Kassab. Agradeço aos filiados, colegas e amigos do Democratas de Minas Gerais e de todo o país o período de convivência partidária saudável e respeitosa. Meus agradecimentos especiais ao presidente ACM Neto pela atenção a mim sempre dispensada e manifesto meus votos de sucesso ao recém-criado União Brasil, na pessoa de seu presidente, deputado Luciano Bivar'', disse o senador, ao anunciar a nova legenda.
A escolha do memorial que homenageia o ex-presidene Juscelino Kubitschek é carregada de simbolismo. No partido, a avaliação é de que Pacheco e JK têm características políticas semelhantes. A carreira pública de ambos foi feita em Minas Gerais. Pesa a favor, ainda, o fato de o ex-presidente da República ter sido filiado ao antigo PSD, extinto pela ditadura militar. Um dos interlocutores que traça o paralelo entre ambos é Alexandre Silveira, presidente do partido em solo mineiro.
''A chegada do senador Rodrigo Pacheco ao PSD, político jovem, que tem muitas das características do saudoso Juscelino Kubitschek, como a serenidade, o equilíbrio, o gosto pelo diálogo, nos enche de esperança”, disse ele, ao Estado de Minas.
Pacheco passará a ser correligionário de Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte. Ontem, o chefe do Executivo da capital reforçou o desejo de ver o senador na corrida presidencial. ''Rodrigo Pacheco é um grande quadro da política nacional. Acrescenta muito e seria um grande nome para a Presidência da República'', falou.
O empenho de Kassab em prol da participação de Pacheco na disputa nacional é tão grande que, em julho, ele chegou a afirmar ao EM que o senador é a única alternativa do PSD para a eleição. "Só há o Rodrigo Pacheco. É o nosso plano A, plano B e plano C. Sou muito intuitivo. Não trabalho com esse cenário (recusa de Pacheco em disputar o Planalto). Acho que o Rodrigo vai aceitar, sim, e será o nosso candidato", garantiu o ex-prefeito de São Paulo.
A ideia é torná-lo uma espécie de terceira via. O PSD quer ter um candidato que se apresente como opção à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
‘CONCILIAÇÃO’
Em setembro, Rodrigo Pacheco esteve no Memorial JK para celebrar os 40 anos do espaço e o 119º aniversário do ex-presidente. O senador ressaltou a natureza conciliadora de Juscelino. ''Juscelino Kubitschek colocou o Brasil acima de qualquer sentimento pessoal e pôde, assim, liderar um projeto de otimismo e confiança no coração dos brasileiros. Um verdadeiro projeto de país”, pontuou.
Pacheco, que elogiou a capacidade de diálogo de JK, tem traços similares, na visão de Alexandre Silveira. Para o dirigente, ele é esperança para a redução das desigualdades. ''O jurista Afonso Arinos, certa vez, definiu o presidente Juscelino Kubitschek como o maior estadista que o Brasil já teve: o Poeta da Ação. Eu diria que Rodrigo Pacheco pode ser definido como o poeta da conciliação, do equilíbrio, da convergência, do diálogo. É disso que o Brasil está precisando”, avalia.
Dos 12 pessedistas no Senado Federal, 25% foram eleitos por mineiros. Pacheco vai se juntar a Antonio Anastasia e Carlos Viana. Na Câmara dos Deputados, são três parlamentares pessedistas representando o estado: Diego Andrade, Stefano Aguiar e Misael Varella. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o partido tem bancada robusta, com sete deputados estaduais: Cássio Soares, Doutor Wilson Batista, Duarte Bechir, Gil Pereira, Leandro Genaro, Osvaldo Lopes e Rafael Martins.