Os movimentos políticos das últimas semanas sinalizam que nenhum outro tema deve tomar mais a atenção dos partidos, daqui por diante, do que as eleições de outubro do próximo ano. Os arranjos estão por todos os lados, e, a partir do perfil dos postulantes a candidatos, é possível prever que a campanha presidencial terá uma temperatura tão ou mais elevada que a de 2018, até hoje lembrada pelas “fake news” e outras ações de desconstrução de adversários.
Políticos de todas as orientações estão envolvidos em uma maratona de conversas. A maior movimentação é entre os partidos de centro, focados na definição de candidatos para uma terceira via, em alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na última quarta-feira, foi dado um passo importante nesse sentido. DEM e PSL aprovaram uma fusão que dará origem a um novo partido, batizado de União Brasil. Além de escolher um candidato para a disputa presidencial, a estratégia visa a formar a maior bancada do Congresso. Os caciques do DEM e do PSL iniciaram uma ofensiva para ter o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro como candidato em 2022.
Além do ex-ministro, há políticos do União Brasil que também pretendem concorrer ao Planalto. São o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e o apresentador José Luiz Datena (PSL). Pacheco estava, até pouco tempo, com um pé no PSD. Agora, porém, com a fusão entre o DEM e o PSL, as negociações mergulharam em incertezas.
No PSDB, a definição do pré-candidato presidencial ocorrerá durante prévias marcadas para novembro. Estão no páreo os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do ex-senador e ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio. Atualmente, o partido vive uma divisão interna, causada pela recente filiação da deputada Joice Hasselmann, ex-PSL. A chegada da ex-bolsonarista ao ninho tucano, chancelada por Doria, desagradou boa parte da militância.
Enquanto os adversários se movimentam, o presidente Jair Bolsonaro ainda não definiu a legenda à qual vai se filiar para ter a estrutura partidária necessária à campanha à reeleição. PP, PL, Republicanos e PTB estão no radar. Bolsonaro também tem prosseguido em viagens pelo país para inaugurações de obras e lançamento de programas, no momento em que amarga os piores índices de popularidade como presidente. Segundo as últimas pesquisas, o fato se deve à insatisfação de grande parte da população com os reflexos do fraco desempenho do governo federal na economia, como desemprego recorde, inflação em alta e aumento da pobreza e da fome.