Jornal Estado de Minas

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Nova promessa pode acabar com três décadas de entraves para o metrô de BH

Três décadas de promessas, diversos entraves e constantes mudanças nas propostas de expansão.

Agora, a tão aguardada ampliação do metrô para outras regiões de Belo Horizonte finalmente poderá se tornar realidade com a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à capital para sancionar o projeto de lei 15/2021, aprovado pelo Congresso Nacional, com a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – empresa que administra o metrô de BH – e liberação de R$ 2,8 bilhões para melhorias.



Mas ainda não há orçamento de obras nem se sabe ao certo se o dinheiro será o suficiente.

Ainda que haja muita expectativa, ao longo dos anos, a modernização dos trens ficou somente no sonho. A promessa feita por Bolsonaro é de que até março de 2022 ocorra o edital de licitação para ampliação da linha 1 (Eldorado/Vilarinho) e construção da 2 (Barreiro/Calafate). Serão liberados R$ 3,2 bilhões pelo governo federal, por meio da privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Além disso, outros 428 milhões virão do governo do estado, cedidos em acordo com a Vale.

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), disse que as melhorias poderão se estender com a parceria com a iniciativa privada: “Será muito mais fácil continuará a expansão, uma vez que será de interesse da concessionária expandir as linhas, o que significará aumento de usuários”.



Desde a inauguração, em 1986, até hoje, o metrô conta com as mesmas 19 estações da linha 1 inauguradas, com extensão total de 28,1 quilômetros. Nesse caminho, vários presidentes – Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer – usaram o empreendimento como propaganda política, sem nada de concreto.

Segundo a CBTU, os projetos da linha 2 (Barreiro/Hospitais) e linha 3 (Savassi/Pampulha) existem desde os anos 2000. As últimas obras da linha 1, de fato, foram entregues somente em 2006, também com muitos atrasos envolvidos, com término das estações 1º de Maio, Waldomiro Lobo, Floramar e Vilarinho. Enquanto isso, os projetos das demais linhas foi se modificando com o tempo, com trajetos, orçamentos e prazos diferentes.

As primeiras ações em torno da modernização do transporte tiveram início em 1999, com um estudo encomendado pela CBTU em parceria com o Banco Mundial, diante da expansão demográfica da capital mineira. Dois anos depois, começaram os primeiros planos de construção da linha 2 Calafate/Barreiro, quando a própria CBTU liberou verba para projetos, terraplanagem e indenizações. Mas as obras foram paralisadas em 2004 por falta de recursos do governo federal.





O tema voltou à tona em 2008, quando um novo sonho de expandir o metrô até a Copa do Mundo de 2014 foi posto no ar pelo então governador Aécio Neves. Durante evento em Paris, ele prometeu ampliar o número de passageiros transportados de 150 mil para 800 mil diariamente até o Mundial, graças a uma parceria público-privada, com investimento de R$ 4 bilhões. O projeto também não foi executado.

Em 2011, no governo Dilma, a obra de expansão foi aprovada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Grandes Cidades, com previsão de investimentos de mais de R$ 4 bilhões na construção das linhas 2 (que então ligaria o bairro Nova Suíça a região do Barreiro) e 3 (que ligaria a estação da Lagoinha à Savassi).

Os projetos começaram a ser feitos em 2012, com cerca de R$ 60 milhões gastos pela prefeitura de BH com estudos de solo. No entanto, a partir de 2014 a obra saiu do orçamento federal e nenhum investimento foi feito na construção de novas linhas desde então.





LACERDA

O então prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, prometeu expandir o metrô caso fosse eleito em 2012. O candidato disse que lutaria para a construção de duas linhas, uma ligando a Estação Lagoinha, na Região Central de Belo Horizonte, à Savassi, e outra de lá até o Belvedere, ambos na Zona Sul da capital.

A promessa de investir R$ 20 bilhões em mobilidade urbana não chegou até o metrô.  Sem obter parcerias com a iniciativa privada, o projeto saiu de cena ao fim do mandato, quatro anos depois.

Dilma voltou a falar no tema em 2014, na campanha da reeleição. Ela anunciou que liberaria R$ 2,5 bilhões para intervenções de mobilidade, incluindo o metrô da capital. Em maio de 2015, o então secretário nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana, Dario Raiz, voltou a anunciar recursos, dessa vez de R$ 1,75 bilhão, que viriam do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

No entanto, equipes técnicas da Caixa Econômica Federal, que participaria dos investimentos, barraram o projeto. Segundo a instituição, a iniciativa não tinha detalhamentos do orçamento e faltava documentação necessária para a liberação dos recursos. Em  2017, o então presidente Michel Temer (MDB) foi o último a anunciar a disponibilização de R$ 157,7 milhões para a ampliação da linha 1. Mais uma vez, a expectativa ficou só no papel.





No governo Bolsonaro, as primeiras tentativas deampliar o metrô começaram em abril de 2019, quando foi cogitada a liberação de R$ 1 bilhão para a ampliação da linha 1 até o Novo Eldorado e a 2 até o Barreiro. Inicialmente, havia a proposta de estatização da CBTU, mas a ideia não foi concluída.

Naquele ano, o Ministério da Infraestrutura até assinou acordo com a Ferrovia Centro-Atlântica S/A (FCA), administrada pela VLI S/A, para pagamento de uma multa de R$ 1,2 bilhão aos cofres da União, com . parte do dinheiro sendo destinado para ampliar o metrô. No entanto, os recursos não vieram para Minas.