Jornal Estado de Minas

NARRATIVAS FALSAS E MESSIÂNICAS

Fux dá recado à população: 'Atenção com falsos profetas do patriotismo'

Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, o chefe do Pode Judiciário, Luiz Fux, alertou a população para discursos considerados “patriotas”.




 
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De acordo com o magistrado, tem sido cada vez mais comum que alguns movimentos invoquem a democracia como pretexto para a promoção de ideais antidemocráticos.

“Estejamos atentos a esses falsos profetas do patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra o povo — ou o povo contra as suas instituições”, afirmou.

Ainda segundo o presidente do STF, quem promove discursos “do nós contra eles”, não está propagando a democracia, mas, sim, a “política do caos”. “Em verdade, a democracia é o discurso do um por todos, e todos por um, respeitadas as nossas diferenças e complexidades.”

“Povo brasileiro, não caia na tentação de narrativas falsas e messiânicas que criam falsos inimigos da nação. Mais do que nunca, o nosso tempo requer respeito aos poderes constituídos. O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os problemas reais e urgentes do país. Pelo contrário: procura enfrentá-los, tal como um incansável artesão tecendo consensos mínimos entre os grupos que, naturalmente, pensam diferente. Só assim, é possível pacificar e revigorar uma nação inteira”, disse.





Fux também afirmou que “ninguém vai fechar a Corte”. 
 

Histórico

Ontem, Jair Bolsonaro atacou o Judiciário por diversas vezes. O alvo preferencial foi o ministro do STF Alexandre de Moraes, citado nominalmente, mas também houve agressão indireta a Luís Roberto Barroso, ministro da Suprema Corte e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Não queremos ruptura. Não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa curve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade", bradou o presidente, sob aplausos dos que se aglomeravam em frente a um carro de som em Brasília.





Ao questionar Barroso, Bolsonaro questionou, mais uma vez sem provas, a lisura das urnas eletrônicas. O presidente é defensor do voto impresso. “Não podemos ter eleições em que pairem dúvidas sobre os eleitores. Não posso patrocinar uma farsa como essa patrocinada, ainda, pelo presidente do TSE".

Bolsonaro ainda clamou por “liberdade” a presos que ele considera terem sido detidos por motivações políticas. Um deles é o ex-deputado federal Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e expoente do bolsonarismo. Ele foi levado ao cárcere em função do inquérito que investiga a formação de milícias digitais para atacar instituições democráticas.

"Àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá. Só vou sair preso, morto ou com a vitória. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória pertence a todos nós", disse.





Lira se manifesta e quer basta a ‘looping negativo’

No início da tarde desta quarta, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se pronunciou sobre as manifestações de ontem. Sem citar o chefe do Executivo federal, o parlamentar prometeu conversar “com todos os Poderes”.

“É hora de dar um basta a esta escalada em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”, falou.

Lira optou por se manifestar quase 24 horas após o segundo discurso de Bolsonaro, em São Paulo, por não querer “ser contaminado pelo calor do ambiente”. Ele disse, ainda, que não é razoável retomar o debate em torno do voto impresso, já derrotado na Câmara. “Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”.

Segundo o deputado, o único “compromisso inadiável e inquestionável” do país está marcado para 2 de outubro do próximo ano: as eleições gerais, feitas por meio das urnas eletrônicas. “São as cabines eleitorais com sigilo e segurança em que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos toda a celeridade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, a terra que todos amamos”, defendeu.


 




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