Jornal Estado de Minas

DIREITOS HUMANOS

Deputados querem tornar padre Julio Lancellotti cidadão honorário de Minas

Deputados estaduais defendem entregar título de cidadão honorário de Minas Gerais ao padre Julio Lancellotti, reconhecido internacionalmente por desenvolver trabalho em prol de populações vulneráveis. A sugestão, de Cristiano Silveira (PT), obteve o apoio de 26 outros parlamentares. Um requerimento com a ideia foi entregue nesta terça-feira (17/8) à Assembleia Legislativa.



No documento que pede a concessão da honraria, além de petistas, há assinaturas de parlamentares de PSOL, Rede, PCdoB, Avante, Solidariedade, Pros, PV, PSD, PSB, PSC, MDB, PL e Podemos.

Lancellotti, sacerdote da Igreja Católica desde 1985, é pároco em São Paulo (SP). Ele se notabilizou por ações de amparo a grupos como pessoas com HIV, cidadãos em situação de rua ou em extrema pobreza.

"Há mais de 30 anos, padre Júlio Lancelotti desempenha um trabalho humanitário, de ajuda e acolhimento aos mais vulneráveis, aos que mais precisam. Esse título é um reconhecimento ao seu trabalho, que inspira ações em todo o país, inclusive em Minas Gerais", diz Cristiano Silveira, que comanda o diretório mineiro do PT e é ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.



Assim que a Mesa Diretora do Parlamento mineiro receber oficialmente o pedido de cidadania honorária, um parecer sobre o pleito será emitido. Depois, a ideia será votada pelos 77 deputados estaduais mineiros, em turno único.

Autora do pedido impeachment de Dilma criticou distribuição de alimentos


Julio Lancellotti coleciona prêmios por sua atuação em prol dos menos favorecidos. Para assistir portadores de HIV, ele fundou, em São Paulo, a Casa Vida. O projeto recebeu um prêmio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O religioso também se dedica a alimentar pessoas que vivem nas ruas da capital paulista.

Lancellotti distribui marmitas nos arredores da Cracolândia, por onde vagam dependentes químicos. No início deste mês, o padre denunciou tentativas da Polícia Militar de impedir a entrega das quentinhas. A ação social foi duramente criticada pela deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que ganhou notoriedade por apresentar o pedido que sustentou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).



"As pessoas que moram e trabalham naquela região já não aguentam mais. O padre e os voluntários ajudariam se convencessem seus assistidos a se tratarem e irem para os abrigos. A distribuição de alimentos na Cracolândia só ajuda o crime. O tema precisa ser debatido com honestidade", disparou ela.

A opinião foi bastante criticada nas redes sociais. O deputado federal mineiro André Janones (Avante-MG) chegou a rebater afirmando que Jesus Cristo, cuja estátua é mostrada por Janaina em sua foto no Twitter, ficou "enojado" com a declaração.

Vigário para o povo de rua na Arquidiocese paulistana, Lancellotti rebateu a posição de Janaina. "Alimentar aquelas pessoas na Cracolândia é uma questão humanitária. Não seria matá-los de fome que resolveria o problema", rebateu, em entrevista ao "UOL".

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