Jornal Estado de Minas

CÂMARA MUNICIPAL

CPI aprova a quebra de sigilos de Célio Bouzada, ex-presidente da BHTrans

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura, na Câmara Municipal, possíveis irregularidades na atuação da BHTrans aprovou, nesta quarta-feira (28/7), requerimento que pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Célio Bouzada, presidente da empresa entre 2017 e 2020. O documento que solicita a revelação dos dados de Bouzada aponta que há "indícios de fraudes" durante a gestão dele, servidor de carreira da autarquia.



O pedido para as quebras de sigilo foi feito pelo vereador Gabriel Azevedo (sem partido), presidente da CPI. Ao prestar depoimento, em junho, Bouzada afirmou que a retirada dos cobradores dos ônibus que rodam em Belo Horizonte foi medida de retaliação de empresários ao congelamento das passagens em R$ 4,50, frustrando pretensões de aumentar o valor da tarifa.

Segundo Gabriel Azevedo, é preciso apurar a participação de Bouzada na formulação do contrato entre a prefeitura e as empresas de ônibus, firmado em 2008. Há suspeitas de irregularidades no trato. Caberá à Procuradoria do Legislativo oficializar, à Justiça, as solicitações de obtenção dos dados.

Bouzada entrou na BHTrans em 1992. A ideia é, também, averiguar as circunstâncias da auditoria contratada em 2018 para abrir a "caixa-preta" da empresa.



"As digitais dele estão na formulação do contrato de 2008 e na auditoria fajuta. Como deixamos claro na comissão, ele recebeu para dar aula a empresários de ônibus. É um dos grandes culpados pelo trânsito e a mobilidade de Belo Horizonte estarem como estão", disse Azevedo.

Para Bella Gonçalves, do Psol, a entrega de informações de Bouzada à CPI pode impulsionar as investigações em torno de outras figuras relacionadas à mobilidade urbana. "A gente começa com a quebra do sigilo do doutor Célio, mas com a possibilidade de realizar outras quebras, sobretudo por parte das empresas de transporte".

Sindicalista com mestrado na URSS é ouvido


Ainda nesta quarta, os vereadores que compõem a CPI tomaram o depoimento de Emanuel Bonfante Demaria Junior - diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisa, Perícias, Informações e Congêneres de Minas Gerais (SINTAPPI/MG). A entidade de classe tem, em seu quadro de filiados, inúmeros servidores da BHTrans.



Bonfante é engenheiro e, entre 1962 e 1967, fez mestrado em Petróleo e Gás na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em Moscou, hoje capital da Rússia. Ele estudou na Universidade da Amizade dos Povos Patrice Lumumba.

A greve dos funcionários da BHTrans, deflagrada no último dia 12, já terminou. "Havia uma pretensão dos trabalhadores de que houvesse reajuste salarial pela inflação", se justificou Bonfante, afirmando que a diretoria da empresa pública tentava, ainda, modificar o acordo coletivo com os trabalhadores.

Tramita na Câmara um Projeto de Lei (PL) que extingue a BHTrans e cria a BH Mobilidade. A nova estrutura passa pela criação da Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob), sob o guarda-chuva da Secretaria Municipal de Política Urbana (SMPU).

A proposta já recebeu o aval da Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) e, agora, precisa da aprovação de outros três comitês temáticos antes da votação em plenário em primeiro turno.

audima