Jornal Estado de Minas

TRIBUNAL DE HAIA

Netanyahu viu risco de Bolsonaro ser julgado por 'genocídio' de indígenas

Em documento enviado ao Ministério das Relações Exteriores em 7 de maio de 2020, o então embaixador do Brasil em Israel, Paulo Cesar Meira de Vasconcellos, disse que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, via chances do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser investigado por  'genocídio de povos indígenas' no Tribunal Penal Internacional de Haia.





A carta, classificada como 'urgentemente' por Paulo Cesar na época, foi obtida pela TV Globo e está entre os ofícios enviados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID. 

No texto, Vasconcelos afirma que, em uma reunião entre uma 'autoridade política brasileira' e o primeiro-ministro, ocorrida em dezembro de 2019, Benjamin Netanyahu havia 'deixado claro' que gostaria de contar com o apoio do Brasil em relação a processos contra o israelense, já que 'quando todo mundo estava contra o Brasil durante incêndios da Amazônia, Israel apoiou o Brasil'.

Em seguida, o documento diz que naquele encontro, o primeiro-ministro também informou que o apoio seria mútuo 'uma vez que há risco real de que o presidente Bolsonaro venha a ser investigado naquele Tribunal por genocídio de povos indígenas'.





Segundo a reportagem, as palavras de Netanyahu foram que o governo brasileiro poderia vir a ser responsabilizado 'internacionalmente' por 'omissão na proteção da Amazônia' e 'por crimes internacionais no que se refere à proteção de povos indígenas'.

"Parece-me seguro afirmar que pelo menos parte das autoridades locais, inclusive o primeiro-ministro, acreditam que o governo brasileiro poderia vir a ser responsabilizado internacionalmente no futuro por omissão na proteção da Amazônia e até mesmo por crimes internacionais no que se refere à proteção de povos indígenas", diz trecho do texto do ex-embaixador brasileiro.
 
 

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