Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Randolfe pede convocação de Wajngarten e acareação com Pazuello na CPI da Covid

Após as declarações do publicitário Fábio Wajngarten sobre 'incompetência' e 'ineficiência' do Ministério da Saúde nas negociações com a Pfizer para a compra de vacinas contra o novo coronavírus, o ex-secretário de Comunicação da gestão Jair Bolsonaro pode ser convocado a se explicar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado.



O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cotado para ser vice-presidente da CPI, vai apresentar um requerimento para que Wajngarten seja ouvido no colegiado que deve ser instalado nesta terça-feira, 27. No requerimento, o parlamentar diz que a presença de Wajngarten será de "suma importância" para a investigação.

As declarações de Wajngarten sobre a incompetência do ministério foram dadas em entrevista publicada pela revista Veja na quinta, 22. Ele afirma na publicação que, ao saber da proposta da Pfizer de venda de um lote 70 milhões de doses de vacina para o Brasil, articulou reuniões com diretores da farmacêutica, mas que 'as coisas travavam no Ministério da Saúde'. Ao ser questionado sobre o que explica essa situação, respondeu: "Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece."

Randolfe quer também, além de convocar o ex-secretário, realizar uma acareação entre ele e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na CPI. Ou seja, ele quer colocar os dois personagens juntos em uma única sessão para serem ouvidos pelos senadores e poderem se confrontar diretamente. "Acho que vai ser inevitável isso", disse o senador ao Broadcast Político.



Independentemente da possibilidade de acareação, Pazuello também deve ser convocado a se explicar na CPI da Covid. O colapso no sistema de saúde de Manaus e a lentidão do avanço da vacinação são algumas das linhas de frente de apuração do colegiado, onde o governo não tem maioria.

Os senadores também têm em mãos um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que listou uma série de omissões graves de Pazuello no comando da pasta. O documento apontou que o ministério evitou assumir a liderança do combate à covid-19 e abriu mão de responsabilidades.

Na semana passada, o Ministério Público Federal também apresentou ação de improbidade administrativa contra Pazuello e secretários do Ministério da Saúde por ações e omissões da pasta que levaram ao colapso dos hospitais em Manaus. Como o Broadcast/Estadão mostrou, a maioria dos senadores da CPI acredita que a gestão de Bolsonaro errou na condução da crise sanitária no País. Segundo levantamento do Estadão, seis dos 11 senadores do grupo veem falhas do Executivo no enfrentamento da doença.

Segundo dados atualizados pelo consórcio de imprensa neste sábado, o País tem um total de 389.609 mortes em razão da covid-19 e 14.307.412 casos da doença. Só fica atrás dos Estados Unidos, que acumula mais de meio milhão de vidas perdidas para o novo coronavírus.

A CPI foi proposta inicialmente com o objetivo de investigar apenas as ações e omissões do governo federal na pandemia. Após pressão do Palácio do Planalto, no entanto, o alvo do colegiado foi ampliado e passou a incluir eventuais desvios de recursos federais enviados a Estados e municípios.



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