Jornal Estado de Minas

POLÊMICA

Senador quer acareação na CPI da COVID entre Wajngarten e Pazuello

Brasília – As declarações do publicitário Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República do governo Bolsonaro, à revista Veja de que houve "incompetência" e "ineficiência" do Ministério da Saúde, na gestão do general Eduardo Pazuello, para adquirir vacinas, repercutiu na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID que será instalada no Senado na semana que vem.



O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que são graves as declarações e que vai apresentar requerimento para convocação do general e do ex-secretário na CPI, inclusive para acareação entre eles. O colapso no sistema de saúde de Manaus e a lentidão do avanço da vacinação são uma das linhas de frente de apuração do colegiado, onde o governo não tem maioria.

Wajngarten deu sua versão sobre a proposta da Pfizer, farmacêutica que ofereceu no ano passado um lote de 70 milhões de vacinas ao governo federal. A proposta não vingou e foi uma das razões que levaram ao atraso no cronograma de vacinação do país. Ele afirma que, ao saber da proposta da Pfizer, articulou reuniões com diretores da farmacêutica, mas que "as coisas travavam no Ministério da Saúde".

Ao ser questionado sobre o que explica essa situação, respondeu: "Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece".





Wajngarten disse que ‘havia excesso de burocracia e pessoas despreparadas cuidando dessa questão’ no governo, mas negou que estivesse se referindo diretamente a Pazuello. "Estou me referindo à equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período", afirmou. "Nunca troquei mais do que um boa-tarde com o ministro. Seria leviano da minha parte falar dele."

O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten criticou gestão anterior da Saúde (foto: Sergio Lima/AFP)

O ex-chefe da Secom, porém, não abordou a desautorização de Bolsonaro quando Pazuello informou que planejava adquirir doses da vacina Coronavac, do Instituto Butantan e ligada a seu adversário político, o governador de São Paulo João Doria (PSDB). Wajngarten também não discutiu as manifestações antivacinas do presidente ao longo da pandemia, mas afirmou que Bolsonaro ‘está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido’. "Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto", afirmou.

Os senadores da CPI também têm em mãos um duro relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou uma série de omissões graves de Pazuello no comando da pasta. O documento apontou que o ministério evitou assumir a liderança do combate à covid-19 e abriu mão de responsabilidades. Na semana passada, o Ministério Público Federal apresentou ação de improbidade administrativa contra Pazuello e secretários do Ministério da Saúde por ações e omissões da pasta que levaram ao colapso dos hospitais em Manaus.




 
Randolfe Rodrigues considerou graves as declarações do ex-secretário de Comunicação (foto: JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO)
 

TRANSFERÊNCIA

Pazuello foi transferido para a Secretaria-Geral do Exército. Com isso, o general deixou de estar ligado (adido, no termo militar) à 12ª Região Militar, em Manaus (AM). A mudança foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 23. O segundo no comando da Saúde durante a gestão de Pazuello, coronel Elcio Franco, também ganhou novo cargo em Brasília como novo assessor especial da Casa Civil da Presidência.

Alvo de inquérito e na mira da CPI da Covid, a realocação de Pazuello para a Secretaria-Geral do Exército é, contudo, temporária. Assim como Franco, o ex-ministro deve receber uma vaga no Palácio do Planalto nos próximos dias. Um dos postos cogitados é a chefia da Secretaria Especial de Modernização do Estado.

O ex-ministro é investigado por possível omissão no colapso da saúde com a falta de oxigênio medicinal em Manaus no início do ano. Depois de sair do ministério e perder o foro privilegiado, o inquérito foi enviado à primeira instância da Justiça Federal de Brasília, por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, na semana passada, o Ministério Público Federal apresentou ação de improbidade administrativa contra Pazuello e secretários do Ministério da Saúde pelo ocorrido em Manaus.





Bolsonaro elogia general

Brasília  – O presidente Jair Bolsonaro agradeceu nessa sexta-feira (23/04) ao ministro da Saúde Eduardo Pazuello pelo trabalho durante sua gestão na pasta pelo serviço prestado. As ações do governo federal no combate à pandemia, em especial no Amazonas, são ponto central das investigações a serem feitas pela CPI da COVID no Senado.

"Conseguimos com a equipe de Brasília colaborar, e muito, para que os danos dessa pandemia fossem diminuídos, em especial, pelo Ministério da Saúde, que teve até a pouco tempo, o senhor Pazuello. Aqui presente, o ministro (Marcelo) Queiroga, que dá prosseguimento ao seu trabalho. A gente pede a Deus que essa pandemia logo nos deixe e o Brasil possa voltar a sua normalidade. É isso que todos nós queremos", afirmou o presidente.

As declaração de Bolsonaro foi feita em Manaus, onde ele recebeu o título de cidadão honorário da cidade.  Ele foi à capital amazonense, onde morreram dezenas de pessoas em janeiro em decorrência da falta de oxigênio para pacientes de COVID em UTIs, também para participar da cerimônia de inauguração da segunda etapa do Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasquez. Na chegada, cumprimentou apoiadores com apertos de mãos e tirou selfies em meio a aglomeração. O projeto de lei aprovado que concedeu o título ao chefe do Executivo é de autoria do deputado Delegado Péricles (PSL).





“É uma satisfação estar aqui no coração do Brasil. Logicamente, esse título de iniciativa do deputado Péricles é muito bem-vindo. Estou muito orgulhoso do mesmo, até pelo momento que atravessa o Brasil e pelo momento que passou o nosso estado. Uma situação onde ninguém esperava que fosse acontecer.

Esse título é um reconhecimento da grande maioria da Assembleia Legislativa, da parceria que tem o governo federal com o estado do Amazonas e com a cidade de Manaus. Muito obrigado, Péricles, Assembleia e essa população toda a qual devemos lealdade absoluta”, afirmou Bolsonaro, que também brincou com o ministro do Turismo, Gilson Machado, que tocou sanfona. “Ihuuuul”, grita Bolsonaro.
 
O presidente Jair Bolsonaro brincou com o ministro do Turismo, Gilson Machado, que tocou sanfona em visita a Manaus (foto: ALAN SANTOS/PR)
 

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