Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Bolsonaro se vacinará neste sábado contra a COVID-19


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) informou ao Ministério da Saúde que pretende se vacinar contra a COVID neste sábado (03/4), data em que a rede pública de saúde do Distrito Federal iniciará a imunização para pessoas com 66 anos, que é a faixa etária do mandatário.



De acordo com fontes consultadas pela reportagem junto à pasta, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tem alertado o presidente sobre os riscos de ele ser reinfectado com uma das novas cepas do vírus que circulam pelo país. Bolsonaro foi diagnosticado com COVID-19 em julho do ano passado e pode não ter mais os anticorpos contra o novo coronavírus.

De todo modo, um estudo liderado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), assim como outras instituições brasileiras, aponta casos confirmados de reinfecção pela  COVID-19 mesmo em pessoas que têm imunidade contra o vírus.

O receio da equipe do presidente é de que ele seja exposto a variantes em circulação no Distrito Federal. Pelo menos quatro cepas mais agressivas já foram identificadas pela Secretaria de Saúde do DF, entre elas a que surgiu em Manaus. Como Bolsonaro é do grupo de risco, a recomendação de integrantes do governo é de que ele se vacine o quanto antes.





A reportagem apurou que Bolsonaro deve ser vacinado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é cardiologista. Provavelmente, o imunizante a ser aplicado será o desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a Fiocruz.

O endereço onde Bolsonaro será vacinado ainda não foi definido e a decisão está a cargo do GSI. O certo é que a pasta não quer que o presidente receba o imunizante em um local de grande exposição ou que comprometa a segurança do mandatário.

Desde o surgimento das primeiras informações de produção de vacinas contra a COVID, Bolsonaro deu declarações negacionistas e fez ironias a respeito. Na quinta-feira, em sua transmissão semanal ao vivo pela internet, ele disse que ainda decidiria se iria se vacinar e que a decisão seria tomada depois que toda a população brasileira fosse imunizada.





"Está uma discussão agora se eu vou me vacinar ou não vou me vacinar. Eu vou decidir. O que eu acho? Eu já contraí o vírus. Depois que o último brasileiro for vacinado, se tiver sobrando uma vacina, daí eu vou decidir se me vacino ou não. Esse é o exemplo que um chefe tem que dar. Igual no quartel. Geralmente, o comandante é o último a se servir. É o que dá exemplo a todos", afirmou.

Desde o ano passado, ele critica as vacinas, inclusive chegou a garantir que não tomaria. Em janeiro, ele ironizou a eficácia de 50,38% da vacina CoronaVac, em conversa com apoiadores. “Essa de 50% é uma boa ou não?”, afirmou. Ele disse que “se jogar uma moedinha para cima é 50% de eficácia” e que a vacina “é pra quem não pegou Covid ainda".

Também em janeiro, Bolsonaro disse que menos da metade da população tinha interesse em se imunizar. "Alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que eu sei, menos da metade vai tomar vacina. E essa pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar", disse. No mês anterior, em dezembro, havia sido divulgada uma pesquisa Datafolha mostrando que apenas 22% dos entrevistados não pretendiam ser imunizados.





Em dezembro, Bolsonaro questionou os possíveis efeitos colaterais das vacinas, tomando como exemplo a da Pfizer/BioNtec, e disse que não havia garantia de que ela não transformaria quem a tomar em “um jacaré”. “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro, nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”, disse Bolsonaro.

“Se você virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada a ver isso. E, o que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas”, continuou Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto, em dezembro.

Em outubro, quando o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciou acordo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, Bolsonaro chamou o imunizante de "vacina chinesa de João Doria" e afirmou que não seria comprado. No mesmo dia, durante evento em São Paulo, reforçou que havia mandado cancelar o acordo. 





Após intensas pressões, o presidente alterou a postura, passando a comparecer em evento públicos com máscara. "Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas. Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros", disse em pronunciamento em rede nacional no último dia 23.  (Com agências)

DECLARAÇÕES POLÊMICAS

O que Bolsonaro já disse sobre as vacinas contra a COVID
 21 de outubro de 2020
“O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”

 24 de outubro de 2020
“Vacina obrigatória só aqui no Faísca (cachorro que o acompanhava)”

30 de outubro de 2020
“Ninguém vai tomar tua vacina na marra, não, tá ok? Procura outra. E eu, que sou do governo, não vou comprar”

10 de novembro de 2020
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la”

18 de dezembro de 2020
“Se tomar e virar um jacaré é problema seu. Se virar um super-homem, se nascer barba em mulher ou homem falar fino, ela (Pfizer) não tem nada com isso”

1º de abril de 2020
“Eu já contraí o vírus. Depois que o último brasileiro for vacinado, se tiver sobrando uma vacina, daí eu vou decidir se me vacino ou não”

Imunização lenta e mortes aceleradas

Enquanto a vacinação segue lenta, o vírus avança em todo o país. Em 24 horas, o país registrou oficialmente 2.922 mortes em decorrência da COVID-19, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) divulgados ontem. Foram mais 70.238 casos, elevando o total de infecções para 12.910.082, enquanto os óbitos chegam a 328.206.

A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes subiu para 156,2 no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, 11.239.099 pacientes se recuperaram da doença. Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com mais infecções e mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 30,59 milhões de casos e mais de 553 mil óbitos. Ao todo, mais de 129,9 milhões de pessoas já contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e 2,83 milhões de pacientes morreram.

A entrega de vacinas e a imunização seguem abaixo do esperado. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) repassou ontem cerca de 1,3 milhão de doses de vacinas Oxford-AstraZeneca ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).



O cronograma acordado com o Ministério da Saúde seguirá o esquema de entregas semanais e está sujeito à logística de distribuição definida pela pasta, além dos protocolos de controle de qualidade, informou a assessoria de imprensa da Fiocruz. Por intermédio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), a instituição entregou, até 31 de março, mais de 2,8 milhões do imunizantes.

Com a entrega desta sexta-feira (02/4), a Fiocruz totaliza mais de 4,1 milhões de vacinas produzidas e disponibilizadas ao Ministério da Saúde. A assessoria informou ainda que a fundação continua trabalhando no escalonamento da produção, visando alcançar a capacidade de 1 milhão de vacinas por dia. Ainda esta semana, a Fiocruz deve receber mais um lote de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) suficiente para a produção de 5,5 milhões de doses.
 

AÉCIO DEFENDE QUEBRA DE PATENTE

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu nesta sexta-feira (02/4) que o Brasil lidere um movimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) que resulte na suspensão temporária de patentes de vacinas contra a COVID, para que países em desenvolvimento possam produzir imunizantes sem depender de empresas e governos de países ricos.



Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Aécio se reuniu virtualmente com Kátia Abreu (PP-TO), que preside a comissão homóloga no Senado, e com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.

" é o grande caminho, e a OMS é amplamente favorável a essa licença compulsória temporária para fabricação de vacinas", disse Aécio à CNN. "Lá atrás fizemos isso com relação à Aids e nos transformamos em referência internacional. Podemos agora liderar e até nos reconciliar com outras partes do mundo", afirmou o deputado.

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