
O pedido de demissão é a busca por um caminho honroso, já que parlamentares cogitam, até mesmo, abrir um processo de impeachment contra o chanceler. A situação de Ernesto vem se agravando por conta da dificuldade do Brasil em adquirir vacinas com outros países, mas o ministro já era mal visto pelas contendas e pelo modo ideológico de conduzir o Itamaraty.
Araújo passou toda a última semana sob fogo, e Jair Bolsonaro, sob pressão para demitir o membro da ala ideológica do governo e discípulo do astrólogo e escritor Olavo de Carvalho. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) chegou a avisar, fazendo menção à incompetência do governo em combater a pandemia fora de controle no país, que acendeu a luz amarela do governo e que remédios políticos “podem ser fatais”. Pouco antes, em reunião do comitê federal de combate ao covid-19, Lira também se mostrou duro com o ministro.
Há um entendimento de que Ernesto se mostrou incapaz de gerenciar a relação do Brasil com os Estados Unidos e a China, os dois principais parceiros comerciais do país, e players fundamentais para a aquisição de vacina. Para piorar a situação, ele, já instável no cargo, optou, no fim de semana, por atacar a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Kátia Abreu vinha articulando junto ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, para ocupar o vão deixado pela ausência de políticas internacionais do então chefe do Itamaraty.
Araújo afirmou que a senadora não estaria interessada na vacina, mas no 5G. Kátia Abreu, por sua vez, questionou porque ele não aproveitou a sabatina no Senado na última semana para questioná-la.
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Os ataques a ministros de Bolsonaro devem continuar, mesmo com a saída de Ernesto Araújo. Nos bastidores, há um entendimento que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também atrapalha o país nas relações com outras nações. O ministro é autor de uma gestão negacionista em relação à preservação da Amazônia. O desmatamento da floresta tropical disparou no ano de 2020, e o Pantanal também teve recorde de queimadas em 2020, com aumento de 158% em relação ao ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A gestão ambiental Bolsonarista já foi alvo de críticas também no exterior, com trocas de farpas com a Alemanha e a França. Para 2021, o orçamento para o Meio Ambiente é o mais baixo em 20 anos, apesar do aumento no desmatamento da Amazônia e dos incêndios tanto na floresta quanto no Pantanal em 2020.