Jornal Estado de Minas

Representação

Vereador de Uberlândia acusa colega de Câmara de trabalhar com COVID-19

Uma representação feita à comissão de ética da Câmara Municipal de Uberlândia, no Triângulo, acusa a vereadora Gilvan Massferrer (DC) de ter trabalhado normalmente mesmo sabendo que estava com diagnóstico positivo de COVID-19. A autoria da representação é do vereador recém-empossado, Cristiano Caporezzo (Patriota). A parlamentar nega a acusação.





De acordo com a documentação anexada, Caporezzo aponta que Gilvan Masferrer testou positivo para COVID-19 em 27 de janeiro, seguiu com rotina e participou de reuniões no mesmo dia, de eventos nos dias 28 e 29 e concedeu entrevista no dia 31 daquele mês.

Em fevereiro, ainda segundo o parlamentar, a vereadora teve reunião no Departamento Municipal de Água e Esgoto, no dia 1º, além de participar da sessão legislativa do dia 11.

“Evidentemente que deve ser aplicada a pena de perda do mandato. O representado expôs a vida de terceiros a risco de doença grave, principalmente os membros desta Casa,  uma vez que o representado compareceu a plenário estando doente”, diz a representação.

O exame documentado aponta que, apesar de realizado em laboratório particular, trata-se de uma empresa contratada pelo Município em março de 2020. A unidade que recebeu Gilvan Massferrer foi a UAI do bairro Pampulha, na zona sul da cidade. A coleta aconteceu às 14h do dia 27 de janeiro e o resultado saiu no fim da noite, às 23h20.





Trâmite e novo procurador


A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar ainda não recebeu oficialmente a documentação, que precisa passar pela Procuradoria da Casa. Nessa segunda-feira (8/3), um novo procurador foi nomeado na Câmara de Uberlândia. Ele toma posse na próxima quinta (11/3) e tem 48 horas para analisar a representação, depois enviá-la para o conselho da Câmara, que vai ter até 60 dias para análise.

“Se for caso, estão previstos quatro punições: advertência verbal ou por escrito, suspensão por 30 dias do mandato ou cassação”, disse o presidente da comissão Eduardo Moraes (PSC). Ele ainda afirmou que nesse momento é cedo para falar algo sobre a representação em si.

Em nota, o presidente da Câmara, Sérgio do Bom preço (PP) disse que recebeu a representação e que vai encaminhá-la, como é protocolar, à Procuradoria Jurídica na quinta, “quando o novo procurador, Dr. Ricardo Franco Santos assume suas funções”.





Gilvan diz estar 'tranquila'


Em conversa com a reportagem, a vereadora Gilvan Massferrer afirmou estar tranquila e que vai provar não ter cumprido qualquer agenda, mesmo com resultado em mãos. “Demora pelo menos dois dias úteis para saber”, afirmou.

Também foi enviada uma nota pela assessoria de imprensa da parlamentar do Município de Uberlândia. O texto volta a frisar sobre o tempo que a vereadora aguardou para ter o resultado em mãos e segue dizendo que “depois disso, somente no dia 11 de fevereiro é que Gilvan voltou às atividades parlamentares, devido à liberação médica, após passar o período de isolamento”.

A nota nega a entrevista dada no dia 31 de janeiro e que “quanto ao vídeo da reunião com o Diretor Geral do Dmae, o mesmo foi gravado duas semanas antes (no dia 20/01), e divulgado somente no dia 01/02, quando a vereadora já estava em isolamento. Um vídeo postado não significa que ele tenha sido gravado no mesmo dia”.





O texto finaliza afirmando que a Gilvan Masferrer lamenta que, “mesmo diante da perda de uma assessora e uma colega parlamentar, as pessoas se aproveitem para inventar histórias absurdas, com o objetivo de prejudicá-la”. 

A comunicação se refere a uma assessoria da parlamentar, Neide Pereira de Melo Tannús, e também da ex-vereadora Drika Protetora, que morreram no últimos mês vitimas do novo coronavírus. A representação não traz provas de que ambas teriam sido contaminadas por contato com Gilvan, mas chega a tangenciar os casos com o teste positivo da vereadora.

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