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Estado de Minas ENTREVISTA/GUSTAVO VALADARES

Novo líder do governo Zema, Gustavo Valadares fala em mais diálogo

Parlamentar tucano diz que governo que não tem maioria no Legislativo precisa ter prioridade


25/02/2021 04:00

(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

"Um governo que não tem maioria precisa ter prioridades"

Gustavo Valadares

 

O deputado estadual Gustavo Valadares (PSDB) assumiu, há uma semana, a liderança do governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o deputado, de 45 anos, empresário e bacharel em direito, diz que recebeu a indicação ciente dos desafios. Ele está no quinto mandato. Em 2008, foi candidato a prefeito de Belo Horizonte pelo DEM. Questionado sobre seu trabalho nos bastidores do bloco, o parlamentar afirma que o trabalho de líder precisa ser “em grupo”. E que não é segredo para ninguém que a falta de uma base com maioria no Parlamento traz dificuldades e requer um trabalho cada vez mais alinhado. “Temos a tarefa de dialogar cada vez mais não só com os deputados deste grupo, mas também com os da oposição, que, aliás, é preciso reconhecer, têm feito uma oposição consciente”, completa.

Como o senhor recebeu a indicação para assumir a liderança do governo Zema? Como ocorreu esse processo até ter o nome confirmado?
A escolha do líder é do governador. Recebi essa indicação ciente dos desafios que temos com um governo que não tem maioria na Casa e elegeu três deputados do Novo. Não é segredo pra ninguém que a falta de uma base com maioria no Parlamento traz dificuldades e requer um trabalho cada vez mais alinhado. Trabalho que vem dando resultados: além da aprovação de 100% dos projetos do governo, conseguimos ampliar, nesta legislatura, a base de cinco para sete partidos. Somos hoje 21, éramos 17. Por outro lado, os blocos independentes se uniram e hoje são 39. Temos a tarefa de dialogar cada vez mais não só com os deputados deste grupo, mas também com os da oposição que, aliás, é preciso reconhecer, têm feito oposição consciente. É necessário e justo destacar ainda o nosso presidente, Agostinho Patrus, que rege o Legislativo com equilíbrio e independência, essenciais aos poderes, e com um objetivo em comum: a melhoria de vida dos mineiros.
 
O senhor percebia que, por muitas vezes, fazia a função de líder do governo na Assembleia mesmo que ainda não fosse sua função?
Isso não existe. Não há entre nós, embora tenhamos plena noção das funções, essa separação. Como eu disse, nosso trabalho precisa ser de grupo, não só pelas dificuldades já elencadas, como também pela maneira como enxergamos que deva ser: com muito diálogo, transparência e unidade. Essa inversão que se deu agora entre mim e o deputado Raul Belém, agora líder do bloco, não muda a nossa atuação. Eu e o Raul mudamos de postos, mas vamos continuar trabalhando juntos pela aprovação das pautas importantes para o estado na Assembleia.

A quais fatores o senhor atribui o crescimento do bloco de governo, que agora passa a ter 21 deputados de sete partidos?
O Parlamento tem dinâmica própria e vejo hoje também um governo mais maduro, extremamente bem-intencionado e com bons resultados nas mais diversas áreas. E digo isso tendo como pressuposto uma gestão que pegou um estado em frangalhos e enfrentou também tragédias como a de Brumadinho e agora essa terrível pandemia. A relação com a Assembleia, que no início era bem difícil, melhorou bastante.

O que levou o PSDB a voltar à liderança? Há um ano, teve uma mudança drástica que acabou com o deputado Luiz Humberto Carneiro entregando o cargo.
Esse foi um momento muito difícil, que, por um outro lado, acabou contribuindo também para essa maturidade do governo que citei. Ainda precisa evoluir? Sempre é possível e necessário. O PSDB tem a maior bancada do bloco, é uma legenda que conhece Minas e logo após a eleição do atual governo deixou pra trás as diferenças e voltou pro seu lugar de defesa do nosso estado. Esse não é um mérito exclusivo do PSDB. Aliás, temos, como em muitos outros partidos, bons quadros, bons nomes e, claro, também avanços e melhorias a fazer. Mas a liderança de governo não pertence a um partido ou outro, é vocacionada para o entendimento e isso só se faz se tiver essa consciência. Importante também ressaltar as expressivas contribuições dadas pelo nosso parceiro querido por todos, conciliador, competente, que é o deputado Luiz Humberto. Também pelos ex-secretários de governo Custódio Mattos e Bilac Pinto, que contribuíram muito, não só nos avanços para Minas, como também ajudaram a sedimentar o caminho para o secretário Igor Eto, que com suas características pessoais e de gestão tem feito um trabalho exitoso na Secretaria de Governo.

No ano passado, o senhor fez críticas públicas ao governo. Disse que aquele imbróglio em torno do reajuste das forças de segurança era o "início do fim". Menos de um ano depois, assume a liderança de governo. O que mudou de lá para cá? A relação entre Zema e PSDB melhorou?
Tenho mesmo esse jeito de falar o que penso, e encontro esse entendimento e valor por parte do governo. Há respeito e confiança. Em relação ao momento citado, acho que o Executivo e todos nós poderíamos ter feito diferente, serviu de amadurecimento. E, sinceramente, o passado serve de aprendizado, não de ponto de partida. Nossa bússola é Minas. Aproveito para agradecer a confiança do governo, dos meus pares, a confiança dos integrantes do nosso bloco. Nosso estado não pode esperar nem mais um minuto. Temos uma terrível pandemia que destrói famílias inteiras e causou  tsunami na economia mundial, muitos desempregados e a ampliação das desigualdades sociais. Temos um estado endividado e ainda muito dependente das commodities. Ou seja, mãos à obra!

O secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy, enfrentou turbulências recentes com a Assembleia. O presidente da Casa, Agostinho Patrus, o chamou até mesmo de "fake news". Pensa que pode ajudar a melhorar essa relação?
Essa já é uma questão superada entre os envolvidos, no meu entender. Mas ampliar as conversas, os entendimentos entre o Executivo e o Legislativo é tarefa permanente. Essa sinergia é fundamental.

O governo trabalha com a hipótese de vender a Cemig e a Copasa?
Um governo que não tem maioria precisa ter prioridades. A venda dessas empresas é, sim, um desejo do governo Zema, e é preciso aprovação de PEC, que requer maioria de 48 votos em plenário. Temos já nos próximos dias o início da discussão da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal; o projeto do Acordo da Vale, o maior conjunto de reparação da América Latina, dentro do qual iremos debater o maior programa de orçamento participativo do mundo. Dos R$ 37,68 bilhões a serem pagos pela mineradora à sociedade mineira como medida de reparação pela tragédia, R$ 3 bilhões estão destinados a ações definidas pelos moradores locais. O acordo prevê audiências públicas no Parlamento.

Em 2018, o governo Fernando Pimentel (PT) aprovou a venda de 49% da Codemig. Depois, veio a antecipação dos recebíveis. Apesar disso, nenhuma das operações autorizadas se concretizou. Como convencer os deputados de que a eventual venda de 100% das ações vai sair do papel?
Já há uma clara sinalização do interesse do BNDES. Estamos falando de mais de R$ 30 bilhões. Essa é uma discussão simples? Claro que não. Mas é necessária e vamos enfrentá-la, no que depender do bloco de Governo, neste primeiro semestre.
 
 


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