Jornal Estado de Minas

ELEIÇÃO DA CÂMARA

Maia faz discurso emocionado e pede trégua com Lira: 'Brigas passaram'

Em seu último discurso como presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se emocionou e pediu trégua para o futuro. O parlamentar, momentos antes da votação para a escolha do próximo líder da casa, entrou em discussão severa com Arthur Lira (Progressistas-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ocupar o topo da Câmara.





Maia disse que as brigas ficaram no passado e pediu desculpas para Arthur Lira pelo desacerto de ideias na tarde desta segunda-feira (1º/2). "As brigas passaram, vamos eleger o novo presidente. Tivemos um momento de mais atrito, no meu caso com a candidatura do Arthur Lira. A ele e àqueles que se sentiram ofendidos com algo que falei, não foi minha intenção", disse.

Rodrigo Maia se despede da presidência da Câmara dos Deputados após quatro anos e sete meses no poder, cumprindo dois mandatos. Oito parlamentares estão no páreo pela disputa da liderança da casa, mas Arthur Lira e Baleia Rossi (MDB-SP), que é apoiado por Maia, são os favoritos.

“Tive a oportunidade de conhecer melhor o meu país através de cada um de vocês (deputados). Através de diálogos, de visitas que fiz com alguns de vocês, de conversas na residência da Câmara. Através de cada deputado e cada deputada conheci melhor a nossa realidade, os nossos problemas e os nossos desafios. A partir desta eleição, o passado ficou para trás e nós precisaremos, unidos, construir o futuro do Brasil - não pelos próximos dois anos, mas para os próximos 20 anos”, concluiu.





Tensão pré-eleição


No início da tarde, Rodrigo Maia e Arthur Lira foram protagonistas de um bate-boca quente, com direito a tapas na mesa e ofensas pessoais. 

Tudo começou quando o PT alegou problemas técnicos para registrar apoio a Baleia Rossi e, por isso, teria perdido o prazo, que se encerrava às 12h. Diante das dificuldades, Maia convocou reunião de líderes para permitir o registro do bloco. Alguns líderes do bloco de Baleia relembraram que o mesmo problema técnico teria ocorrido há dois anos e impediu o PDT de ficar com cargos na Mesa Diretora.
 
A decisão final sobre reconhecer o registro do bloco cabia apenas a Maia, como presidente da Casa. A reunião já começou tensa, com Maia e Lira gritando um com o outro. Lira disse ter consultado o diretor técnico da Casa, que teria informado não haver problema nenhum no sistema e que todos os outros partidos conseguiram fazer o registro no prazo - Rede, PV, PCdoB, Cidadania, PDT, MDB, PSDB, Solidariedade e PSB.
 
"É só uma questão de coerência temporal. Todos cumpriram o prazo, menos o PT", disse Lira, segundo parlamentares presentes à reunião. Diante dos protestos de Lira, Maia respondeu: "Eu sou presidente da Câmara hoje. Eu decido. Amanhã você pode decidir".
 
Irritado, Lira bateu a mão na mesa. "Vossa excelência está atropelando", disse ele. Maia cobrou respeito: "Você não está em Alagoas, não bata na mesa". Lira, por sua vez, manteve o tom: "E você não está no morro do Rio de Janeiro".
 
Ao fim da discussão, o bloco de Baleia Rossi conseguiu fazer o registro com dez partidos, incluindo PT, que alegou problemas técnicos, além do PSDB e do Solidariedade, que cogitaram ficar neutros na disputa.




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