Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Kalil reeleito, Câmara renovada e 'opostos' com votações históricas: o balanço da eleição em BH e no Brasil

Alexandre Kalil (PSD) foi reeleito, nesse domingo (15), prefeito de Belo Horizonte. Ele somou 63,36% dos votos válidos. O segundo lugar, ao contrário do que indicavam as pesquisas divulgadas por Ibope e Datafolha no sábado (14), ficou com Bruno Engler (PRTB). O bolsonarista obteve 9,95%. Apontado como possível vice-líder nas projeções, o deputado estadual João Vítor Xavier, do Cidadania, conseguiu 9,22% dos votos e, por isso, terminou em terceiro. Em quarto, a parlamentar federal Áurea Carolina (Psol), com 8,33%.



Em todo o país, a apuração dos resultados foi marcada por grande atraso na divulgação dos resultados. Pela primeira vez, a totalização foi centralizada em um sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A demora foi tão latente que, por volta das 21h15, a base de dados da Justiça Eleitoral apontava que apenas 12,01% das urnas instaladas na capital mineira haviam sido verificadas. A conclusão da apuração ocorreu já nesta segunda-feira, mais de sete horas após o fechamento das seções eleitorais.

O novo vice-prefeito de Belo Horizonte é Fuad Noman, também do PSD. Ele substituirá Paulo Lamac, da Rede Sustentabilidade. Além dos dois partidos, a coligação liderada por Kalil, chamada “Coragem e Trabalho”, contou com os apoios de MDB, PP, PV, DC, Avante e PDT. A chapa assume no primeiro dia de janeiro do próximo ano.

Legendas que, historicamente, têm boas votações nos pleitos belo-horizontinos, PT e PSDB amargaram o bloco intermediário da classificação da disputa, que teve 15 chapas. Ex-ministro de Lula, o petista Nilmário Miranda terminou em sexto, com 1,88% da preferência do eleitorado que escolheu um candidato. A tucana Luisa Barreto, servidora de carreira da Secretaria de Estado de Planejamento em Gestão ficou na sétima posição — recebeu 1,39% dos votos.



A Câmara Municipal elegeu, pela primeira vez na história, uma mulher transexual. Professora e filiada ao PDT, Duda Salabert foi escolhida por mais de 37.613 eleitores — a maior votação já vista em um pleito para o legislativo municipal. O segundo colocado foi Nikolas Ferreira (PRTB). De bandeiras antagônicas a Duda, progressista, o cristão e conservador teve a preferência de 29.388 cidadãos.

Dos 41 vereadores em exercício, apenas 17 conseguiram, nas urnas, a prorrogação de seus mandatos. O PSD, de Kalil, foi o partido de maior sucesso na eleição parlamentar: conquistou seis vagas. O PP, por sua vez, fez 4. Novo, Avante e PDT conquistaram três. 

Duda Salabert, vereadora mais votada em toda a história de BH, é filiada ao PDT. (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Segundo turno em Rio e São Paulo

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (Dem) e Marcelo Crivella (Republicanos) se enfrentarão novamente em 29 de novembro, no 2° turno. Em São Paulo, o duelo será entre Bruno Covas, do PSDB, e Guilherme Boulos, do Psol. Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB) vão ao returno em Porto Alegre. Em Pernambuco, a capital Recife terá disputa familiar: primos, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) se classificaram para a segunda votação.



A primeira capital a concluir a apuração foi Florianópolis (SC), em torno das 20h. Gean Loureiro, do Democratas, foi reeleito com 53,46% dos votos válidos. O segundo colocado, Professor Elson (Psol), conseguiu 18,13%.

Em Minas, a primeira a ter resultados oficiais, às 19h, foi Pedrinópolis, no Alto Paranaíba. O município de 3.548 habitantes escolheu Rafael Ferreira (PSDB), de 40 anos. Com 54,21%, ele derrotou o atual prefeito, Gundim (PSDB), que ficou com 45,79%.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu grande derrota em São Paulo, onde Celso Russomanno (Republicanos), postulante apoiado por ele, ficou fora do segundo turno mesmo após liderar as pesquisas em parte da corrida. Na capital pernambucana, Delegada Patrícia (PSD), que caiu nos levantamentos prévios após ganhar a adesão de Bolsonaro, também perdeu.



Em BH, o “queridinho” dele, Bruno Engler, surpreendeu com a vice-liderança. Bolsonaro se concentra, agora, no segundo turno carioca, com Crivella.

TSE explica atraso

 

Durante a noite, o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do TSE explicou que um problema nos servidores da corte eleitoral comprometeu a tradicional velocidade na contabilização dos votos. “O problema foi exclusivamente aqui no TSE. Os dados chegaram totalmente íntegros dos tribunais regionais para a totalização. Apenas o processo de somar as mais de 400 mil seções é que ficou extremamente lento em razão de um dos processadores ter sofrido um problema técnico", garantiu. Ele confirmou que hackers tentaram invadir o sistema eleitoral na manhã de ontem. O ataque, contudo, foi instantaneamente repelido.

Perfil do prefeito


Kalil, de 61 anos, é empresário e ex-dirigente do Atlético. Em 2016, quando foi eleito prefeito de BH, disputou sua primeira eleição. À época, concorreu pelo extinto PHS. Permaneceu parte do mandato sem partido, mas se filiou ao PSD. Embora tenha feito carreira na construção civil, abandonou a graduação em engenharia para cuidar da Erkal, empreiteira criada pelo pai, Elias Kalil, e pelo tio. A empresa é especializada em infraestrutura industrial, urbana e rodoviária.

O chefe do Executivo belo-horizontino chegou ao Atlético na década de 1980. Primeiro, comandou o departamento de vôlei. Entre fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000, ganhou protagonismo no futebol. Em parte desse período, dirigiu o Conselho Deliberativo do Galo.



Em 2008, foi eleito presidente administrativo. Sob a sua batuta, o alvinegro venceu títulos importantes, como a Taça Libertadores, em 2013, e a Copa do Brasil, no ano seguinte. Na mesma temporada da conquista continental, a equipe foi ao Marrocos disputar o Mundial de Clubes. Com Kalil, o Galo atraiu atenção de todo o globo em virtude da contratação do craque Ronaldinho Gaúcho, por duas vezes escolhido o melhor jogador do planeta.

Na política, Kalil chegou a anunciar candidatura a deputado federal, em 2014, pelo PSB, mas acabou desistindo. Dois anos depois, concretizou os planos de ingressar na vida pública. Chegou à prefeitura após derrotar João Leite, do PSDB. Na prefeitura, o descendente de turcos se notabilizou por declarações fortes, como nas diversas vezes em que chamou a saúde pública da cidade de “melhor porcaria do brasil”. Neste ano, ganhou protagonismo ao seguir as diretrizes da ciência no enfrentamento ao novo coronavírus.

Vice tem histórico político


Economista, Fuad Jorge Noman Filho tem 73 anos. Em maio, deixou a secretaria Municipal de Fazenda para comandar o diretório municipal do PSD, que se preparava para buscar a reeleição de Kalil. A eleição deste ano foi a primeira que disputou Fuad estava na Fazenda municipal desde o início do atual governo.



Ele foi, também, secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas. Atuou, ainda, como chefe da Fazenda estadual e presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).

 

Classificação final (votos válidos)

  1. Alexandre Kalil (PSD): 63,36%
  2. Bruno Engler (PRTB): 9,95%
  3. João Vítor Xavier (Cidadania): 9,22%
  4. Áurea Carolina (Psol): 8,33%
  5. Rodrigo Paiva (Novo): 3,63%
  6. Nilmário Miranda (PT): 1,88%
  7. Luisa Barreto (PSDB): 1,39%
  8. Professor Wendel Mesquita (Solidariedade): 0,75%
  9. Lafayette Andrada (Republicanos): 0,59%
  10. Marcelo Souza e Silva (Patriota): 0,33%
  11. Fabiano Cazeca (Pros): 0,20%
  12. Wadson Ribeiro (PCdoB): 0,18%
  13. Wanderson Rocha (PSTU): 0,07%
  14. Cabo Xavier (PMB): 0,07%
  15. Marília Domingues (PCO): 0,03%


Votos válidos: 88,88% (1.237.764)
Nulos: 6,86% (95.575)
Brancos: 4,26% (59.212)

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