Jornal Estado de Minas

ELEIÇÃO 2020

Candidato único, Ailton Guimarães é reeleito prefeito de Nova União

 

Nova União foi a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) com a corrida eleitoral menos acirrada nestas eleições de 2020. Candidato único, o atual prefeito, Ailton Guimarães (Avante), de 52 anos, precisava apenas de um voto para se reeleger. Ao fim da apuração, as urnas decretaram o resultado de 2.766 (65,13%) dos votos válidos. Ao todo, 17 cidades mineiras tiveram apenas um candidato ao Executivo Municipal. A maior parte delas tem menos de 10 mil habitantes. 




 
Em 2016, quando se elegeu, Ailton teve outros dois concorrentes. Esta, porém, é a primeira vez que Nova União não teve uma campanha acirrada. Uma curiosidade do passado político do município é que o pai de Ailton, Antônio Guimarães Rosa, também já foi prefeito, há 40 anos. Na época, foi eleito apenas com um voto de diferença. Hoje, de acordo com a lei eleitoral, o filho precisava de apenas um voto para se manter no cargo.
 
Ailton nasceu em Nova União, saiu apenas para estudar em Itabira e voltou após formado se tornando professor de geografia e, anos depois, diretor de escola da rede pública. Solteiro, gosta de música e de frequentar as cachoeiras da cidade. Seu discurso levanta a bandeira do diálogo e, devido a isso, manteve bom relacionamento com a Câmara Municipal sem oposição em seu atual mandato.  
 
Nova União tem quase 6 mil habitantes e conta com três escolas públicas. Ailton começou a lecionar na zona rural. “Quando eu comecei a dar aula na área rural, nos anos de 1995, 1996, eu não tinha carro e tinha que ir a pé ou de carona. Era cerca de 15 quilômetros de estrada de terra todos os dias. Quando tinha aula de noite e também no outro dia de manhã,  eu dormia na casa de uma senhora, Dona Márcia, em seu sítio na Comunidade do Carmo”, relembra o prefeito.   
 

Entrevista com Ailton Guimarães 

Quando foi o seu início na política? Quando você percebeu que deveria entrar na vida pública? 
"Quando me candidatei para ser diretor de escola também não tive concorrentes. Fiquei por quatro mandatos, 12 anos, como diretor na Escola Estadual Cel José Nunes Melo Júnior. Em 2012 queriam que eu me candidatasse à prefeitura, mas eu não achei que era o momento. Em 2016 me candidatei e acabei tendo uma votação muito boa (75% dos votos)."
 
Na sua opinião, o que levou a cidade a não ter outro candidato a prefeitura nesta eleição? 
"Procurei levar para a prefeitura o ambiente que eu trabalhava em escola, bem harmonioso. Alunos, funcionários convivem dentro do mesmo espaço por muito tempo. Então quanto mais harmonioso a gente fizer o espaço, mais tranquilas as pessoas ficam lá dentro. Eu procurei fazer isso na cidade. Não tive oposição, tive um relacionamento muito bom com a Câmara dos Vereadores. Todos os projetos que enviei à Câmara foram aprovados, sem precisar negociar." 
 
Qual é o seu balanço sobre este primeiro mandato?
"Procurei trabalhar na parte de reformas das escolas e nos postos médicos. Tenho aqui várias pequenas comunidades. Eu escolhi uma coisa para fazer em cada uma que fosse prioridade. A demanda nesses locais é alta. Nós, do Centro, somos privilegiados porque temos água, pavimentação, rede de esgoto, telefonia, posto médico perto, escola pública. Por ter sido diretor por muitos anos da única escola que tinha Ensino Médio eu acabei tendo alunos de todas as comunidades e vi de perto as necessidades daquelas famílias. Procurei fazer bons investimentos na área da Educação, da Saúde, da Cultura e Meio Ambiente. No primeiro ano de mandato eu acabei com o lixão da cidade, agora levamos o lixo para um aterro licenciado. Hoje somos referência em coleta seletiva de lixo.  Na Saúde, sobre a COVID-19, somos o único município da RMBH que não registrou óbitos pela doença e temos conseguido manter várias semanas sem casos positivos. A prefeitura não tem dívidas e nunca atrasamos nem um dia dos salários dos servidores."
 
Qual é a sensação de uma eleição sem concorrentes?
"Mesmo tendo a tranquilidade de não ter concorrente a gente fica na dúvida, na ansiedade. Não dá para adivinhar como o eleitor vai se comportar. Pela legislação eu precisaria de apenas um voto, mas a gente trabalhou para ter mais e ter força política para chegar até os deputados e trabalhar por mais melhorias para a cidade."




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