Jornal Estado de Minas

ESTADO LAICO

Pastores e lideranças evangélicas estão tomando o cenário da política


A participação direta de líderes evangélicos na política brasileira vem se acentuando desde a redemocratização do país, seja no Congresso Nacional, seja nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais. O número de representantes identificados como pastores, missionários ou membros de igrejas cristãs aumenta a cada eleição.



Na atual legislatura, Belo Horizonte tem pelo menos 16 vereadores evangélicos na Câmara Municipal (CMBH). Eles se unem a católicos na chamada “bancada da família”, que reúne 29 dos 41 parlamentares, o maior bloco da casa, embora, segundo a CMBH, não exista um grupo parlamentar formalmente constituído como cristão na Casa.

Segundo levantamento da Agência Pública, as eleições municipais de 2020 têm o maior número de candidatos que se declararam como liderança religiosa desde 2008, num total de 885 candidaturas por todo o país.

Em contraposição aos tradicionais candidatos ligadas às igrejas, quatro jovens evangélicos se uniram e lançaram candidatura coletiva para disputar uma cadeira na Câmara Municipal de BH. O “Plural”, como é chamado o grupo, é composto por dois homens e duas mulheres, todos negros e membros frequentadores de denominações evangélicas.





Um dos co-candidatos a vereador do coletivo Plural é Jonatas Aredes, que tem 34 anos, é homossexual e atua como pequeno produtor local. Jonatas frequenta a 2ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Ele compartilha a candidatura com o pastor Fillipe Gibran, da Comunidade Evangélica Unidade em Cristo, com Djenane Vera, frequentadora da Igreja Cristã Maranata e com Kenia Vertello, que congrega na Igreja Batista Connect.

Aredes afirma que o grupo não se sente representado pelos atuais políticos que atuam em nome da fé cristã e acusa o discurso conservador e moralista de se apropriar da imagem da religião evangélica e de cooptar, através do medo e de animosidades, a decisão eleitoral dos membros da crença.

“O Evangelho de Jesus deveria refletir ações de ética e de justiça social na comunidade, uma política de partilha. Isso não está acontecendo! Os evangélicos fundamentalistas legislam a favor de sua fé, mas só em benefício de sua fé. Com isso, você começa a ter uma série de ações antidemocráticas na cidade. Nós tivemos em BH
perseguição às expressões artísticas e culturais, perseguição ao carnaval, que também está relacionado ao direito à cidade”, denuncia Aredes.

*Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira






audima